Plínio Rocha
Para começar, o Brasil não teria esperado até 1950 para
sediar sua primeira Copa do Mundo. Estava definido, desde 1940, que a edição de
1942 seria aqui – embora, na ocasião, o país não tivesse o Maracanã, cuja
construção começou em 1949. A certeza sobre a sede, porém, não existia para a
competição em 1946. A tendência era que a Copa voltasse para a Europa, para que
fosse respeitado o rodízio de continentes imposto pela Fifa, a Federação
Internacional de Futebol (mesmo que ele tenha sido quebrado quando a França
sediou o Mundial de 1938, depois de ele ter ocorrido na Itália).Palcos definidos, a competição tinha tudo para ser um fiasco. Era grande a possibilidade de países envolvidos com a Segunda Guerra Mundial não enviarem suas seleções. Motivos não faltavam: com as verbas direcionadas à indústria bélica, o esporte tinha pouco incentivo. “Além disso, muitos atletas eram militares, estavam alistados e foram convocados para a batalha”, afirma o historiador Roberto Assaf, professor de Jornalismo Esportivo das Faculdades Integradas Hélio Alonso, no Rio de Janeiro. E, após a guerra, havia o problema relacionado às relações políticas entre os países vencedores e os derrotados.
Numa Copa num cenário de guerra, os países sul-americanos levariam vantagem, já que não estavam diretamente ligados ao embate. “Países aliados nunca jogariam em um país que formasse o Eixo, e vice-versa. Italianos e alemães jamais jogariam na Inglaterra. E, em 1946, nenhum país fascista estaria numa Copa. Mas a América Latina não teria esse problema”, diz Andrei Markovits, cientista político da Universidade de Michigan (EUA) e autor de Offside, Soccer & American Exceptionalism (“Impedimento, futebol e excepcionalismo americano”, inédito em português).
A taça do mundo seria nossa
As Copas seriam ótimos cenários para ações terroristas.
Copa no Brasil
Em 1942, disputando a Copa em casa, o Brasil seria o
vencedor pela primeira vez. Sem o Maracanã, a final poderia ser no Pacaembu, em
São Paulo. O estádio era o maior na época – tinha capacidade para 45 mil
pessoas.
Terror no gramado
Países envolvidos na guerra não liberariam suas seleções
para não estar cara a cara com inimigos. Para Ana Paula Torres, cientista
política da Universidade de São Paulo, atentados terroristas poderiam acontecer
no período de retaliações.
Meio soldado, meio craque
Se seleções de países envolvidos na guerra participassem,
viriam desfalcadas. Muitos jogadores haviam sido convocados para os esforços de
guerra. Chefes de governo, como Adolf Hitler, exigiriam vitórias de seus
atletas para a afirmação das raças.
Aventuras na História n° 034
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