Por muito tempo se acreditou que essa incrível habilidade
estivesse ligada à existência de microventosas na pata da lagartixa. Essa
hipótese foi descartada porque se percebeu que elas também eram capazes da
mesma proeza em superfícies muito lisas e molhadas, onde, supostamente, as
microventosas não teriam aderência. O mistério começou a ser desvendado em
1960, quando o cientista alemão Uwe Hiller sugeriu a existência de um tipo de
força atrativa entre as moléculas da parede e as da pata da lagartixa. Tal força
é conhecida na física como força intermolecular de Van der Waals, em homenagem
ao físico que a descobriu, o alemão Joahannes Diederik van der Waals.
No final do século 20, uma equipe de cientistas, liderada
pelo biólogo americano Kellar Autumn, provou que a aderência da lagartixa à
parede era mesmo resultado das forças intermoleculares. A pesquisa saiu na
revista científica Nature, onde Autumn escreveu: "Se todos os pêlos
microscópicos das patas, chamados de setae, aderissem simultaneamente e em sua
força máxima à parede, duas patas de uma lagartixa poderiam produzir uma força
capaz de suspender até uma criança de 20 quilos."Aderência molecular
Pêlos microscópicos seguram o animal em qualquer superfície.
1. Capa pata de uma lagartixa tem cerca de 500 mil pêlos de queratina, também chamados de setae. Eles medem de 30 a 130 micrômetros (milionésima parte do metro), o equivalente a um décimo do diâmetro de um fio de cabelo humano.
2. Cada um dos setae contém centenas de terminações pontiagudas com 0,2 a 0,5 micrômetros de espessura.
3. Essas terminações provocam um deslocamento de elétrons entre seus próprios átomos e os da superfície, criando uma poderosa força de atração intermolecular que mantém a lagartixa grudada na parede.
Revista Mundo Estranho Edição 16/ 2003
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