Não. Essa classe de guerreiros especializada em artes
marciais e na luta com espadas desapareceu nas últimas décadas do século 19. É
justamente essa época que aparece no filme O Último Samurai, em cartaz nos
cinemas brasileiros a partir do dia 16 deste mês. Na verdade, o sumiço desses
combatentes coincide com o fim do feudalismo e a chegada do capitalismo ao
Japão, um processo que começou há apenas 132 anos, com o início da modernização
nipônica. Até então, o país ainda era basicamente agrário e nele pipocavam
conflitos de terra. Nessas brigas, os samurais consolidaram-se como a classe de
guerreiros que defendia os senhores feudais. Essa situação durou até o século
17, quando a família Tokugawa conseguiu concentrar quase todo o poder no campo.
Com isso, as guerras entre os proprietários praticamente acabaram e os samurais
foram perdendo sua função militar. Por sua educação refinada e por serem os
únicos japoneses autorizados a portar armas, eles ainda desfrutavam de grande
prestígio na sociedade.
Sustentados pelos
impostos pagos pelos servos, eles passaram a viver no luxo e no ócio,
dedicando-se à arte e à literatura. A vida boa durou até 1872, quando os
governantes interessados em transformar o Japão em uma potência capaz de
concorrer com o Ocidente tentaram varrer qualquer vestígio do passado feudal.
"Em dezembro daquele ano, o imperador Meiji anunciou a criação de um
exército de 36 mil homens, composto por jovens japoneses de 20 anos de idade.
Na prática, isso acabou com os privilégios dos samurais como classe guerreira
do país", afirma a historiadora Célia Sakurai, do Museu Histórico da
Imigração Japonesa no Brasil, em São Paulo. Apesar das reformas, o prestígio
desses brigões permaneceu em alta por muitas décadas. "Até o fim da
Segunda Guerra Mundial, em 1945, a classe dirigente do Japão ainda era
predominantemente preenchida pelos descendentes das famílias dos antigos
samurais", diz Célia.
O fim da pancadaria oriental
Decadência dos
guerreiros nipônicos coincide com a modernização do país, no século 19.
1854- Depois de mais
de dois séculos de isolamento, o Japão abre dois portos ao comércio
internacional. Dirigentes nipônicos passam a defender a modernização do país
para enfrentar a força das potências ocidentais.
1868- O jovem
Matsuhito, de 14 anos, é coroado com o nome de imperador Meiji e recupera os
poderes imperiais tradicionais. O governante estabelece reformas para
modernizar o Japão entre elas, o fim da
casta de guerreiros samurais.
1872- O imperador
Meiji cria uma nova força militar com jovens recrutados entre a população.
Guerreiros descontentes lideram rebeliões, mas são rapidamente derrotados. Nos
anos seguintes, a profissão de samurai desaparece.
Revista Mundo Estranho Edição 23/ 2004
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