Deficientes mentais podem ter filhos saudáveis?

Depende do tipo de deficiência mental que eles tiverem, pois há mais de mil diagnósticos diferentes para esse tipo de problema. Todas as doenças mentais não genéticas - lesões adquiridas antes, durante ou depois do parto - permitem que a pessoa gere filhos saudáveis. Já as doenças herdadas geneticamente precisam ser analisadas caso a caso. Certas deficiências mentais podem tornar os homens estéreis, como a síndrome de Down (mongolismo), enquanto outras, como a síndrome do cromossomo X, afetam mais as mulheres que querem ter filhos saudáveis. Além dos problemas fisiológicos, ainda é preciso lembrar o preconceito que envolve essa questão. "Mesmo que o deficiente mental tenha possibilidade, ele raramente procria por causa dos fatores sociais", diz o geneticista Marco Antonio de Paula Ramos, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). No box ao lado, são analisadas as implicações da tentativa de ter filhos em três dos mais comuns tipos de deficiência mental que existem.
Uma resposta para cada caso
Riscos dependem do tipo de doença apresentada.
Síndrome do Cromossomo X
O que é: Doença ligada ao cromossomo X, que ajuda a definir o sexo do embrião.
Problema: O homem com essa deficiência tem filhos normais, mas gera filhas com a mutação (que pode não se manifestar). Mulheres têm 50% de chance de ter meninos afetados e 50% de chance de ter meninas com a mutação.
Síndrome de Down
O que é: Doença ligada a uma alteração no número de cromossomos herdado pelo embrião.
Problema: Os homens com síndrome de Down geralmente são estéreis. Os poucos relatos na literatura médica sobre mulheres com Down que tiveram filhos mostram que elas têm cerca de 50% de chance de ter bebês saudáveis.
Fenilcetonúria
O que é: Doença metabólica detectada pelo famoso exame do pezinho feito em recém-nascidos.
Problema: Deficientes de ambos os sexos podem ter filhos normais se decidirem procriar. Os pais de um deficiente com essa doença têm 25% de chance de ter um outro filho afetado pelo problema.

Revista Mundo Estranho Edição 14/ 2003