Dentro de uma fazenda de 2,4 mil km2, no estado de Nova
York, nos Estados Unidos, aconteceu o Woodstock, o maior festival de música já
realizado. Entre os dias 15 e 18 de agosto de 1969, cerca de 450 mil pessoas
reuniram-se para ouvir música e celebrar a paz. Àquela altura, os Estados
Unidos já haviam mandado mais de meio milhão de soldados para a Guerra do
Vietnã. Crescia entre a juventude americana um movimento de oposição ao
conflito e de resistência às convocações militares. Os ideais da contracultura
– que incluíam consumo de drogas, amor livre, desapego a bens materiais e vida
em comunidades hippies – também ganhavam cada vez mais adeptos. “Nosso estilo
de vida – ácido, cabelos compridos, roupas esquisitas, maconha, rock e sexo – é
a revolução. A antiga ordem está morrendo”, afirmou, à época, Jerry Rubin,
líder do Youth International Party (Yippie), espécie de organização não- governamental
que ajudou na promoção do festival.
O Woodstock representou a catarse daquele momento. E as
condições ao mesmo tempo idílicas e caóticas em que ele ocorreu – a platéia foi
dez vezes maior do que o esperado e teve de compartilhar barracas, comida e
água – perpetuaram o festival como sinônimo de hedonismo, juventude e
contestação. “O Woodstock refletiu a atitude antiautoritária do fim dos anos
60. Parecia ser o anúncio de uma nova era”, afirma David Szatmary, no livro
Rockin’ Time: a Social History of Rock-and-roll (“Rockin’ Time: uma história social
do rock”, inédito em português).
Sexo, drogas e rock and roll
Enquanto 32 cantores e bandas se revezavam no palco do
festival pacifista...
1. Hora do rush
As estradas de acesso à fazenda ficaram bloqueadas por
engarrafamentos de até 30 quilômetros no primeiro dia do festival. Muita gente
abandonou os carros pelo caminho e seguiu a pé para os shows. Algumas bandas só
chegaram ao local em helicópteros. Já no segundo dia, helicópteros também foram
usados pelos organizadores para jogar frutas, comida enlatada e sanduíches para
a platéia.
2. Nós vamos invadir
O Woodstock não era gratuito. O ingresso custava 8 dólares
para cada um dos dias. Mas, logo no primeiro, as cercas começaram a ser
derrubadas pelo público. O festival acabou dando prejuízo aos organizadores
(John Roberts, Joel Rosenman, Artie Kornfeld e Michael Lang, todos com menos de
27 anos). Custou 2,4 milhões de dólares – só 1,1 milhão foi arrecadado com a
venda de ingressos.
3. Fila para tudo
A estrutura foi preparada para 50 mil pessoas, quase dez
vezes menos do que o público que compareceu. Por isso, não havia espaço para
acampar, banheiros, telefones, comida ou água suficientes. As filas nos 60
orelhões disponíveis duravam duas horas. As dos 600 banheiros, quase meia hora.
Bem no espírito hippie, a galera resolveu tomar banho nua em uma lagoa próxima
ao palco.
4. Tá tudo liberado
A fazenda virou território livre para o consumo de drogas. O
número de usuários era tamanho que a polícia simplesmente desistiu de fazer
apreensões. As mais usadas eram maconha, mescalina e ácido. Entre um show e
outro, um hippie pegou o microfone para dar um aviso: o ácido marrom à venda
estava causando alucinações indesejadas. Seu conselho: “Tomem apenas a metade”.
5. Paz e amor
Apesar da precariedade da organização, foi uma festa tranquila,
com participação até de crianças. Dois nascimentos foram registrados na
fazenda. E três mortes, mas nenhuma relacionada à violência: uma overdose de
heroína, uma apendicite e um atropelamento por trator. Os hippies não eram bem
vistos, mas o bom comportamento deles deixou os moradores das redondezas
impressionados.
Bombardeio no hino
Guitarra de Hendrix criticou a guerra.Escalado para fechar a festa, Jimi Hendrix protagonizou um dos momentos mais memoráveis do festival. Entrou no palco por volta das 9h de segunda-feira, dia 18 de agosto. Naquela hora, havia apenas cerca de 40 mil pessoas na platéia. Os privilegiados assistiram boquiabertos à versão que Hendrix improvisou de “The Star Spangled Banner” – o hino dos Estados Unidos. Com sua guitarra, reproduziu sons de bombas e de helicópteros em meio ao hino numa clara crítica à ação americana no Vietnã. Exatos 11 meses depois, Jimi seria encontrado morto na Inglaterra sufocado pelo próprio vômito, após uma overdose de tranquilizantes.
Astros e estrelas
1º dia:
Richie Havens, Sweetwater, Ravi Shankar, Joan Baez.
2º dia:
Santana, Grateful Dead, Creedence Clearwater Revival, Janis Joplin, Sly and The Family Stone, The Who, Jefferson Airplane.
3º e 4º dias:
Joe Cocker, Ten Years After, The Band, Crosby, Stills, Nash & Young, Jimi Hendrix.
Aventuras
na História n° 031
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