Por incrível que pareça, eles gostam de permanecer assim
para economizar energia na hora de decolar para um vôo. "Essa forma de
dormir tem sido muito útil para os morcegos. Voar gasta muita energia e um dos
momentos em que mais se despende energia é durante a decolagem. Estando de
cabeça para baixo, alçar vôo torna-se muito mais fácil porque utiliza-se a
força da gravidade como impulso", afirma a bióloga Caroline Cotrim Aires,
da Universidade de São Paulo (USP). Se essa posição é tão vantajosa, por que os
pássaros não ficam pendurados como os morcegos? A resposta pode estar na
evolução de cada grupo desses animais. "Morcegos têm como ancestrais mais
próximos os quadrúpedes, enquanto as aves são mais próximas de bípedes, no caso
os dinossauros. No processo de adoção do vôo, os quadrúpedes desenvolveram os
membros superiores, enquanto os inferiores foram regredindo. Já os bípedes
mantiveram os membros inferiores funcionais e firmes para correr quando fossem
alçar vôo", diz Caroline.
Embora a grande
maioria dos morcegos repouse de cabeça para baixo, indivíduos de algumas
espécies dormem deitados, apoiando o ventre em lugares apertados como vãos de
telhas e buracos.
Impulso fácil
Nessa estranha
posição, a gravidade ajuda no início do voo.
1 - Os morcegos não ficam cansados de permanecer de
ponta-cabeça pois têm um eficiente sistema de travas nos tendões dos pés que
ameniza o peso do animal. A torção de 180º na posição dos pés em relação ao
corpo também facilita a permanência de cabeça para baixo.
2 - Graças à força da
gravidade, quando o morcego se solta ele ganha impulso para iniciar o vôo sem
gastar energia. É uma vantagem em relação a aves que precisam de uma pequena
corrida para decolar ou mesmo de um salto inicial antes do vôo e se desgastam
muito mais.
Revista Mundo Estranho Edição 14/ 2003
Nenhum comentário:
Postar um comentário