O ideal, claro, é evitar o confronto corpo a corpo. "Se
encontrar um cachorro bravo, jamais olhe-o nos olhos, porque ele interpretará
isso como um desafio", afirma o médico-veterinário Mauro Lantzman,
professor de Psicobiologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Segundo a Secretaria de Saúde de São Paulo, são notificados, no Estado, cerca
de 130 mil acidentes com animais por ano - e os cães são, disparado, os
principais agressores, responsáveis por 85% dos ataques. Além dos ferimentos
provocados pelas mordidas - que podem ser fatais -, existe o risco de
transmissão da raiva, doença que, se não for tratada a tempo, também pode levar
à morte. Algumas cidades brasileiras já seguiram o exemplo de países como a
Inglaterra, criando leis que obrigam raças mais perigosas a usar focinheira em
lugares públicos. Em Curitiba, a medida vale para pastor alemão, fila,
rotweiller, doberman, mastim napolitano, american staffordshire, pitbull e bull
terrier - e qualquer outro cão com mais de 20 quilos. Em Belo Horizonte, a
obrigatoriedade é só para o pitbull. Mas o que pode provocar um ataque desses?
"Existem vários motivos: instinto de liderança, treinamento, medo,
predação, sofrimento, brincadeira, defesa da prole ou mesmo de objetos",
diz Mauro. Crianças, e profissionais como carteiros, lixeiros, leituristas de
consumo elétrico, água e gás, costumam ser as vítimas preferenciais. Mas o
próprio dono ou qualquer pedestre que estiver passando por perto também podem
ser atacados.
Como reconhecer um
cão suspeito 1) O animal mostra os dentes e pode rosnar ou latir nervosamente.
2) Os pêlos da nuca e do dorso ficam eriçados.
3) As orelhas ficam erguidas ou voltadas para a frente.
4) A postura é rígida, os membros se mantêm afastados e o dorso permanece encurvado.
Para tentar evitar o ataque
1) Ao perceber que o cachorro está lhe observando, pare e
abaixe a cabeça. Não olhe diretamente nos olhos do animal, pois essa atitude é
como um desafio.2) Não faça movimentos bruscos. Ande devagar para trás, sem dar as costas para o cão.
3) Quando estiver a pelo menos 2 metros de distância, tente subir numa árvore, num carro ou no muro de uma casa.
Se o ataque for inevitável
Fique em posição fetal, usando mãos e braços para proteger a
cabeça e o pescoço. O cão pode considerar isso um sinal de submissão e reduzir
a intensidade das mordidas. Permaneça imóvel até chegar ajuda.Como agir após a mordida
1) Cuide imediatamente do ferimento, lavando-o com água e sabão e aplicando anti-sépticos.
2) Procure um serviço médico para avaliação dos ferimentos.
3) Tente descobrir se o cachorro tem dono e qual é o seu endereço.
4) Mantenha o animal controlado para observação clínica por dez dias, a contar da data do acidente.
Os mais perigosos
Seis raças a serem evitadas de longe:Fila brasileiro- É uma mistura dos pastores das raças mastiff, bulldog e bloodhound, trazido ao Brasil pelos colonizadores portugueses. Tem uma aversão natural a pessoas estranhas.
Rotweiller- São considerados cães de um dono só e raramente mostram simpatia para com estranhos. Já eram usados pelas legiões romanas para vigiar rebanhos e puxar carroças.
Pastor alemão- Ágil e muito inteligente, é considerado o cão mais popular do mundo. Na Primeira Guerra Mundial, era usado pelos alemães para descobrir esconderijos inimigos.
Doberman- Criados especialmente para proteger o dono e atacar estranhos, podem ser muito agressivos. É perigoso tanto pela rapidez com que ataca quanto pela força da mordida.
Pitbull- Seu espírito briguento e sua tremenda força física o tornam um dos mais amedrontadores. Não é para menos: sua origem são os antigos cães de guerra e de briga da era romana.
Bull terrier- Cruzamento das raças bulldog, old english terrier e spanish pointer, criado para participar de rinhas de luta. Pode ficar horas com o oponente preso em suas mandíbulas.
Revista Mundo Estranho Edição 7/ 2002
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