sexta-feira, 25 de maio de 2012

Cruzadas: guerra santa

Cláudia de Castro Lima

Cruzada polemiza a disputa entre cristãos e muçulmanos por Jerusalém.
Durante dois séculos, a Idade Média foi marcada por sangrentas batalhas travadas por nações européias cristãs contra muçulmanos. O objetivo: conquistar Jerusalém e outros locais por onde Jesus teria passado, então sob domínio islâmico. Os motivos, porém, não se limitavam à esfera religiosa – alcançavam ideais comerciais e de unificação dos cristãos. As várias investidas militares organizadas entre 1095 e 1291 pelas potências européias receberam o nome de Cruzadas – referência à cruz bordada na roupa dos cavaleiros.
É esse o momento histórico em que se situa o épico Cruzada, novo filme do badalado diretor Ridley Scott (o mesmo de Gladiador). Definido como uma “ficção histórica”, Cruzada já começou a despertar polêmica quando ainda estava sendo rodado. O diário americano The New York Times obteve cópias do roteiro e enviou para cinco historiadores. Alguns chiaram – ele conseguiu a façanha de desagradar tanto cristãos quanto muçulmanos. “É total e completo nonsense”, disse Jonathan Riley-Smith, da Universidade de Cambridge.
O filme começa em 1184. O ferreiro francês Balian (Orlando Bloom) vai parar no meio da guerra santa depois de seguir até Jerusalém para tentar se livrar da culpa pelo suicídio da mulher. A cidade era governada pelo rei católico Balduíno IV, que sofre de lepra – e sua política de uma coexistência até certo ponto pacífica entre judeus, cristãos e muçulmanos é ameaçada por seu cunhado, Guy De Lusignan (Marton Csokas).
“Balian representa a virtude da tolerância e o desejo de paz”, afirma a historiadora americana Cathy Schultz, da Universidade de Saint Francis e criadora do site History in the Movies. “O católico Guy é mais sedento por sangue, quer matar muçulmanos. Embora os personagens sejam reais, a vida deles tem um pouco de ficção.” O ponto máximo de Cruzada é a Batalha de Hattin, conflito entre os soldados de Guy e o exército do príncipe muçulmano Saladino (Ghassam Massoud), mostrado como um homem corajoso, cheio de virtudes.
Ridley Scott não se importa com as polêmicas. Aliás, até as alimenta. “Tudo o que fizemos foi contar a verdade”, disse à revista Time. “Os piores fundamentalistas foram os cristãos.” Riley-Smith contra-atacou: “É a versão da história do ponto de vista de Osama Bin Laden”.

 Aventuras na História n° 021

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