quinta-feira, 31 de maio de 2012

Junho na História

Maria Carolina Cristianini

1989- Tropas e tanques do Exército Popular de Libertação chinês, sob ordem do líder Deng Xiaoping, dão início à batalha de rua conhecida como “Massacre da Praça da Paz Celestial”. Em abril, manifestações pediam abertura política e protestavam contra a inflação, a corrupção e o nepotismo – mais de um milhão de chineses foram às ruas. Com a visita de Mikhail Gorbachev – visto como herói pelos manifestantes –, os protestos se tornaram diários. O governo decreta em maio uma lei para colocar fim ao movimento, mas a medida culmina no massacre. Não se sabe o número exato de mortes, que varia de centenas a milhares. Dia 4, em Pequim.
 Eu me lembro
"Era correspondente na China e acompanhava todos os dias as manifestações. Minhas filhas estudavam em universidades de Pequim e eram minhas ‘informantes’. Estive na praça no dia do massacre e lembro das barricadas humanas tentando impedir a passagem dos tanques e carros blindados. Hoje, após 16 anos, acredito que os chineses já absorveram o acontecido. Muitas reivindicações acabaram atendidas pelo atual processo de abertura do país."
Jayme Martins, jornalista, morou na China por mais de 20 anos

510 a. C.- Como consequência das lutas entre patrícios e plebeus, a república romana substitui a monarquia e os aristocratas recuperam o poder perdido com a intervenção dos reis etruscos. Com o passar dos séculos, a plebe conquistou mais participação, democratizando a república, que ficou semelhante à de Atenas. Dia 14, em Roma.
455- Após formar o Reino Vândalo no Império Romano do Ocidente, construir uma poderosa frota e ocupar Córsega e Sardenha, Genserico, o rei dos Vândalos, conquista Roma. A cidade é saqueada por 14 dias e a imperatriz e suas filhas são capturadas. Dia 12, em Roma.

1094- D. Rodrigo Diaz de Vivar, conhecido como El Cid Campeador, entra em Valência, na Espanha, após 17 meses e meio de sítio ordenado pelos mouros. Ele rende os muçulmanos e toma posse do governo da cidade, prometendo a todos – em particular aos árabes – que ninguém seria escravizado. A presença de El Cid traz para o Mediterrâneo a língua castelhana, considerada interiorana. Dia 15, em Valência.
1519- Depois da publicação das 95 teses de Martinho Lutero, em Wittemberg, ocorre desse dia até 16 de julho uma discussão teológica na Alemanha, entre o doutor católico Johann Eck e o protestante Carlstadt. Lutero cavalgou cerca de 60 quilômetros para chegar à cidade e participar do debate. Dia 27, em Leipzig.

 1633- De joelhos, com a mão sobre a Bíblia, Galileu Galilei recita, perante o Tribunal da Santa Inquisição – que o havia condenado –, sua renúncia à crença de Copérnico de que a Terra gira em torno do Sol. Galileu foi submetido ainda à prisão domiciliar perpétua e obrigado a repetir por três anos salmos penitenciais. Após a renúncia, murmurou: “E no entanto, ela (a Terra) se move”. Dia 22, em Roma.
Eu me lembro
"Por ter sido ordenado, por este Conselho, a abandonar completamente a falsa opinião que mantém que o Sol é o centro e é imóvel, e proibido de (...) ensinar a referida falsa doutrina (...), com sinceridade de coração e fé genuína, eu abjuro, maldigo e rejeito os referidos erros e heresias, e, de modo geral, todos os outros erros e seitas contrários à referida Santa Igreja."
Galileu Galileu, trecho da declaração de renúncia, lida no Tribunal da Inquisição

1968- Acontece no centro da capital carioca a “Passeata dos 100 Mil”, uma das mais expressivas manifestações contra o regime militar. Com permissão do governo estadual, que decretou ponto facultativo na cidade, o protesto dos estudantes levou também para as ruas artistas, intelectuais e trabalhadores – o movimento estudantil foi a principal forma de oposição à ditadura. Dia 26, no Rio de Janeiro.
Eu me lembro
"Tinha 18 anos e havia acabado de chegar ao Rio de Janeiro para cursar Direito. Logo participava da dissidência comunista. No dia da passeata, fui incumbido de fazer a segurança do líder estudantil Vladimir Palmeira. Cheguei atrasado e a multidão me impediu de cumprir a missão. Mas participei da passeata, pois sabia que não haveria repressão. Foi um momento feliz, em que pensávamos ter conseguido dar um grande passo contra a ditadura. Não imaginava o terror que seria o AI-5."
Augusto Nunes, colunista do Jornal do Brasil

Aventuras na História n° 022

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