Não. "As medições mais recentes indicam níveis de
radiação compatíveis com os de outras cidades. Não há mais riscos à
saúde", afirma a física Emico Okuno, da USP, especialista no assunto. Como
os solos não estão mais contaminados, já dá para consumir sem medo os alimentos
ali cultivados. É claro que isso não apaga o horror das bombas. Pelo menos um
quarto da população das duas cidades morreu nas explosões, em agosto de 1945,
no final da Segunda Guerra Mundial. Nas décadas seguintes, uma pesquisa feita
pelo instituto nipo-americano Radiation Effects Research Foundation (Fundação
de Pesquisa dos Efeitos da Radiação) revelou que a radiação fez aumentar a
incidência de câncer entre os sobreviventes. Dos 50 mil sobreviventes estudados
entre 1950 e 1990, 176 morreram de leucemia. Desses casos, 89 (51%) foram
causados pela radiação. Entre as pessoas que estavam a menos de 1 quilômetro do
centro das explosões, as bombas foram responsáveis por 100% das mortes por
leucemia.
O estudo ainda
apontou a ocorrência, em menor grau, de outros tipos de câncer, como de
estômago, pulmão, mama e fígado. No total, estima-se que 9% das mortes por
câncer entre os sobreviventes tenha sido causada pela bomba. A boa notícia é
que não houve indícios de alteração genética nos fetos expostos à bomba.
"Mas as pesquisas continuam. Ainda restam muitas dúvidas sobre os efeitos
da radiação", diz Emico.
Cogumelos letais Número de mortos pelas bombas
Cidade - Hiroshima
População Estimada -
310 000
Número de mortos* -
60 000 a 80 000
Cidade - Nagasáki
População Estimada -
250 000
Número de mortos* -
90 000 a 140 000
* Inclui mortes
ocorridas até quatro meses depois dos bombardeios
Revista Mundo
Estranho Edição 7/ 2002
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