Existem formas diferentes de catalogação, mas a mais
utilizada é a Classificação Decimal de Dewey - CDD, para os íntimos - comum na
maioria das bibliotecas em 135 países. Ela divide o conhecimento humano em dez
grandes classes e atribui um número para cada uma. Depois, define números para
as subclasses, sub- subclasses e assim por diante. Para entender o significado
dessas sequências, é preciso recorrer à enorme lista de convenções mantida e
frequentemente renovada pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos. Por
exemplo, se precisamos de um livro sobre religião, teremos de buscá-lo na
classe 200, que é a das obras sobre religião. Se queremos uma Bíblia,
encontraremos todas que houver no acervo, catalogadas na subclasse 220.
Religiões não- cristãs e comparativas aparecem no 290, depois da Bíblia.
"Os livros são
dispostos na estante obedecendo a essa ordem numérica crescente", diz a
biblioteconomista Silvia Braga, da Universidade Bandeirante, em São Bernardo do
Campo. Na segunda linha do código vêm as informações sobre o autor e o título
da obra. Na terceira é possível saber se o livro está dividido em mais de um
volume; e, na quarta linha, se há mais de um mesmo exemplar na biblioteca. Foi
o americano Melvil Dewey (1851-1931) quem inventou esse sistema. Ele achava um
absurdo os livros serem numerados de acordo com seu lugar na estante e não de
acordo com o seu conteúdo. Isso exigia atualizações frequentes, pois os acervos
são dinâmicos, e fazia com que as bibliotecas tivessem formas diferentes de
catalogar seus volumes.Linguagem paralela Decifrando o código dos livros.
1. assunto
A centena 500 significa que o livro é da classe de ciências puras e a dezena 30 que o assunto é física.
2. autor e obra
"W" é a primeira letra do sobrenome do autor e 378 é o número que o identifica. O "f" é a primeira letra do título da obra.
3. disponibilidade
É o primeiro volume - o que pressupõe a existência de outros no acervo.
Qual foi a biblioteca
mais importante que existiu?
Para começar, "importância" é um critério bem
subjetivo. Não dá para dizer, por exemplo, que a biblioteca mais importante é a
maior. Se fosse assim, a campeã seria a biblioteca do Congresso Americano, em
Washington, nos Estados Unidos. É lá que está o maior acervo do mundo:
atualmente, são 119 milhões de livros espalhados em mais de 850 quilômetros de
prateleiras! Claro que é um centro importante, mas nada que se compare àquela
que muitos historiadores consideram a "mãe" das bibliotecas modernas,
que reunia os maiores cérebros do mundo. Isso numa época em que quase ninguém
sabia ler ou escrever, e que o conhecimento humano sobrevivia basicamente por
relatos orais. Estamos falando da biblioteca de Alexandria. Erguida no século 3
a.C., a biblioteca almejava "abrigar todo o conhecimento produzido pelo
homem". Quase chegou lá: o lugar chegou a ter 700 mil textos, uma
enormidade para a época. No infográfico ao lado, a gente recriou um dia comum
no período de glória da biblioteca, no século 2 a.C. Essa grandiosidade ruiu a
partir do século 3, quando o imperador romano Aureliano invadiu Alexandria e,
acredita-se, destruiu o lugar. Na época, os nobres egípcios salvaram boa parte
dos textos. Mas no ano de 642, o general árabe Amr ibn al-As conquistou a
cidade e perguntou a seu soberano, o califa Omar, o que fazer com os livros. O
califa disse que o único livro indispensável era o livro de Alá - o Alcorão,
obra sagrada dos muçulmanos. Amr, então, distribuiu os livros pelas 4 mil casas
de banho de Alexandria para que eles fossem usados como combustível das
caldeiras.Relíquia egípcia Biblioteca de Alexandria reunia o supra- sumo do saber na Antiguidade.
O CATALOGADOR
A tarefa de ordenar os papiros de Alexandria por temas coube ao poeta grego Calímaco (300-240 a.C.). Usando ordem alfabética para classificar os textos — uma novidade para a época —, Calímaco organizou as obras em oito assuntos: teatro, oratória, poesia lírica, legislação, medicina, história, filosofia e miscelânea.
O PÚBLICO
Apenas filósofos, matemáticos e nobres estrangeiros que recebessem a permissão do rei do Egito podiam frequentar a biblioteca. A situação só mudou quando os romanos conquistaram o país, em 30 a.C. A partir daí, a biblioteca virou instituição pública, aberta a todos.
OS PAPIROS
Os "livros" da biblioteca eram os papiros, espécie de papel enrolado em que se escrevia. Cada um deles media 25 centímetros de largura e até 11 metros de comprimento. Calcula-se que a biblioteca começou com 200 papiros. No século 2 a.C., esse número pode ter aumentado para um total de 700 mil papiros.
O LUGAR
Provavelmente, a biblioteca ocupava uma área grande no Museu Real de Alexandria — não dá para ter certeza porque o espaço foi destruído no século 3. Também há poucos detalhes sobre a decoração. Alguns relatos falam sobre uma placa pendurada na entrada do local. Nela estaria escrito "lugar de cura da alma".
OS BIBLIOTECÁRIOS
Além de classificar rolos de papiros, os bibliotecários organizavam textos antigos. Os poemas clássicos Ilíada e Odisséia, atribuídos ao grego Homero e feitos entre os séculos 9 e 8 a.C., foram estruturados na biblioteca nos capítulos que se conhece hoje pelo grego Zenódoto de Êfeso, no século 3 a.C.
AS ESTANTES
Em sua origem grega, um dos significados da palavra biblioteca é "estante". Em Alexandria, as estantes ficavam num longo corredor, em reentrâncias próximas à parede. Em algumas recriações, as prateleiras aparecem em forma de X, o que facilitava o armazenamento e o manuseio dos papiros.
OS ESCRIBAS
A profissão deles era copiar manuscritos. Em Alexandria, os escribas tiveram trabalho de sobra. Durante o reinado de Ptolomeu III (246-221 a.C.), um decreto mandava confiscar livros encontrados com estrangeiros. Os escribas reproduziam os manuscritos e só então devolviam os textos a seus donos.
O IDEALIZADOR
A biblioteca foi erguida no século 3 a.C. por ordem do general macedônio Ptolomeu I, a quem Alexandre, o Grande, entregou a administração de Alexandria após a conquista do Egito. Sob a dinastia ptolemaica, que durou até o ano 30, a biblioteca tornou-se a maior de toda a Antiguidade.
Qual o livro mais
caro do mundo?
Por enquanto, o recorde vai para o Codex Hammer
("Códice de Leicester", em português), um manuscrito do inventor
italiano Leonardo da Vinci leiloado por nada menos que 30,8 milhões de dólares
em 1994. O feliz proprietário desse tesouro renascentista é o bilionário Bill
Gates, dono de uma fortuna de 40,7 bilhões de dólares. Considerado o homem mais
rico do mundo, o dono da Microsoft abriu o bolso para adquirir esse "bloco
de notas" de Da Vinci, um livrinho de 18 páginas duplas em que o gênio
italiano relatou suas observações sobre geografia, astronomia e meteorologia.
No pódio das obras que custam os olhos da cara, as medalhas de prata e de
bronze também vão para outros dois manuscritos: The Gospels of Henry the Lion
(em português, algo como "Os Evangelhos de Henrique, o Leão"), uma
obra do século 12 arrematada por 14,6 milhões de dólares em 1983, e o livro de
preces do século 16 The Rothschild Prayer Book, vendido por 13,4 milhões em
1999. "Os manuscritos são caros porque são únicos. Além do texto, alguns
deles são ilustrados com verdadeiras obras de arte", diz o bibliófilo José
Mindlin, dono de uma biblioteca particular de 30 mil volumes em São Paulo.
Depois do trio de manuscritos, aparece a obra impressa mais valiosa, a Bíblia
produzida pelo alemão Johannes Gutenberg, o inventor da imprensa. "A
Bíblia de Gutenberg foi o primeiro livro impresso com tipos móveis, em 1455. O
último exemplar a ser vendido, há cerca de dois anos, custou 12 milhões de
dólares", diz Mindlin. A obra histórica, porém, não consta das listas
oficiais dos livros mais caros por não ter sido vendida nas badaladas casas de
leilão inglesas, como as famosas Christie’s e Sotheby’s. Mas isso nem de longe
arranha a importância desse livro pioneiro. Impressa em dois volumes, num total
de 1 282 páginas, a Bíblia de Gutenberg teve 180 exemplares produzidos. Desse
total, apenas 48 resistem até hoje, guardados em bibliotecas e universidades
pelo mundo.Quer pagar quanto? Conheça as cinco obras mais valiosas já vendidas em casas de leilões.
Livro - 1- Codex Hammer¹ (Códice de Leicester)
Autor - Leonardo da Vinci
Data estimada - entre 1506 e 1510
Preço* - 30,8 milhões
Livro - 2- The Gospels of Henry the Lion²
Autor - Henrique, o Leão
Data estimada - 1173 ou 1175
Preço* - 14,6 milhões
Livro - 3- The Rothschild Prayer Book¹
Autor - vários
Data estimada - por volta de 1505
Preço* - 13,4 milhões
Livro - 4- The Birds of America¹
Autor - John James Audubon
Data estimada - entre 1827 e 1838
Preço* - 8,8 milhões
Livro - 5- The Canterbury Tales¹ (Contos de Cantuária)
Autor - Geoffrey Chaucer
Data estimada - 1476 ou 1477
Preço* - 7,5 milhões
Livros vendidos na casa de leilões Christie’s, na Inglaterra
Livros vendidos na casa de leilões Sotheby’s, na Inglaterra
* Preços em dólares. Os livros da Sotheby’s estavam originalmente em libras. A conversão para dólares foi feita com base na cotação da moeda em 10 de março de 2004, sem correção inflacionária.
Revista Mundo Estranho Edição 5/ 2002
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