Dennis Barbosa
Revelação de 3 200
telefonemas do ex-secretário de Estado Henry Kissinger mostra o lado prático e
enérgico do imperialismo americano.
Enquanto o Brasil se debate na polêmica sobre a liberação de
documentos da ditadura militar, os americanos devassam a atuação de figuras
ainda vivas, como Henry Kissinger. Assessor e secretário de Estado dos
presidentes americanos Richard Nixon (1969-1974) e Gerald Ford (1974-1977), ele
endossou a instalação de ditaduras no Terceiro Mundo e operações como a invasão
do Timor Leste pela Indonésia. Graças à Lei de Liberdade de Informação dos
Estados Unidos, 3200 de suas conversas telefônicas estão sendo reveladas. Elas
mostram o caráter pragmático que rende ao ex-secretário, prêmio Nobel de 1973,
acusações de crime contra a humanidade. Para combater o comunismo pelo mundo,
ele usou expressões parecidas, como “vocês devem agir rápido”, tanto a governos
asiáticos como a latino-americanos. Hoje com 81 anos, Kissinger deve sofrer
ainda mais com o que disse. Outras 1900 conversas estão à espera de liberação
para cair nas mãos dos historiadores.
Seu desejo era uma ordem.
Kissinger mandava.E a gente obedecia.
"É importante que, seja lá o que for fazer, que o faça
rapidamente".
Ao ditador indonésio Suharto, em dezembro de 1975, dando luz
verde para que ele invadisse o Timor Leste, então colônia portuguesa. Durante a
ocupação, que teria início no dia seguinte e seria realizada com armamentos
americanos, cerca de 200 mil pessoas foram assassinadas.
"Se há coisas que precisam ser feitas, voc6es devem
fazê-las rapidamente"
Ao chanceler da ditadura militar argentina, almirante
Guzzetti, em 1976. Naquele ano, começou a “guerra suja” contra a esquerda do
país. Pelo menos 10 mil pessoas foram mortas ou sumiram.
"Não vejo por que temos que ficar parados e assistir a
um país virar comunista por causa da irresponsabilidade se seu povo".
Comentário feito em 1970, quando o socialista Salvador
Allende venceu a eleição presidencial do Chile. Três anos depois, Allende seria
derrubado, com apoio de Kissinger, pelo general Pinochet.
"Ele quer uma campanha massiva no Camboja. É uma ordem,
é para ser cumprida. Tudo o que voa sobre tudo que se move".
Repetindo ao general Alexander Haig, em dezembro de 1970, o
desejo do presidente Nixon de intensificar os bombardeios secretos no Camboja,
que estaria abrigando guerrilheiros vietnamitas.
"É um ato de insanidade e humilhação nacional ter uma
lei que príba o presidente de ordenar um assassinato".
Em uma reunião do Conselho Nacional de Segurança
norte-americano, em 1975.
Os níveis de segredo
Todos os documentos classificados como secretos pelos
Estados Unidos são reavaliados depois de 25 anos. Ano a ano, os órgãos estatais
americanos classificaram 7 milhões de documentos, nos seguintes nívei:
Top secret
No mais alto grau de segredo estão documentos que podem
provocar “graves danos à segurança nacional”, como o projeto de armas e
projetos nucleares. São 10% do total.
Secret
Cerca de 65% dos papéis podem causar “danos sérios à
segurança nacional”, como conversas entre diplomatas e membros do Executivo e
dados da segurança presidencial.
Confidential
No mais baixo grau de segredo, está cerca de um quarto dos
papéis classificados. Trata-se normalmente de documentos e correspondências
trocadas entre militares.
Aventuras na História n° 018
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