quarta-feira, 25 de abril de 2012

Kissinger, o arquiteto da Guerra Fria


Dennis Barbosa
Revelação de 3 200 telefonemas do ex-secretário de Estado Henry Kissinger mostra o lado prático e enérgico do imperialismo americano.

Enquanto o Brasil se debate na polêmica sobre a liberação de documentos da ditadura militar, os americanos devassam a atuação de figuras ainda vivas, como Henry Kissinger. Assessor e secretário de Estado dos presidentes americanos Richard Nixon (1969-1974) e Gerald Ford (1974-1977), ele endossou a instalação de ditaduras no Terceiro Mundo e operações como a invasão do Timor Leste pela Indonésia. Graças à Lei de Liberdade de Informação dos Estados Unidos, 3200 de suas conversas telefônicas estão sendo reveladas. Elas mostram o caráter pragmático que rende ao ex-secretário, prêmio Nobel de 1973, acusações de crime contra a humanidade. Para combater o comunismo pelo mundo, ele usou expressões parecidas, como “vocês devem agir rápido”, tanto a governos asiáticos como a latino-americanos. Hoje com 81 anos, Kissinger deve sofrer ainda mais com o que disse. Outras 1900 conversas estão à espera de liberação para cair nas mãos dos historiadores.
Seu desejo era uma ordem.

Kissinger mandava.E a gente obedecia.
"É importante que, seja lá o que for fazer, que o faça rapidamente".

Ao ditador indonésio Suharto, em dezembro de 1975, dando luz verde para que ele invadisse o Timor Leste, então colônia portuguesa. Durante a ocupação, que teria início no dia seguinte e seria realizada com armamentos americanos, cerca de 200 mil pessoas foram assassinadas.
"Se há coisas que precisam ser feitas, voc6es devem fazê-las rapidamente"

Ao chanceler da ditadura militar argentina, almirante Guzzetti, em 1976. Naquele ano, começou a “guerra suja” contra a esquerda do país. Pelo menos 10 mil pessoas foram mortas ou sumiram.
"Não vejo por que temos que ficar parados e assistir a um país virar comunista por causa da irresponsabilidade se seu povo".

Comentário feito em 1970, quando o socialista Salvador Allende venceu a eleição presidencial do Chile. Três anos depois, Allende seria derrubado, com apoio de Kissinger, pelo general Pinochet.
"Ele quer uma campanha massiva no Camboja. É uma ordem, é para ser cumprida. Tudo o que voa sobre tudo que se move".

Repetindo ao general Alexander Haig, em dezembro de 1970, o desejo do presidente Nixon de intensificar os bombardeios secretos no Camboja, que estaria abrigando guerrilheiros vietnamitas.
"É um ato de insanidade e humilhação nacional ter uma lei que príba o presidente de ordenar um assassinato".

Em uma reunião do Conselho Nacional de Segurança norte-americano, em 1975.
Os níveis de segredo

Todos os documentos classificados como secretos pelos Estados Unidos são reavaliados depois de 25 anos. Ano a ano, os órgãos estatais americanos classificaram 7 milhões de documentos, nos seguintes nívei:
Top secret

No mais alto grau de segredo estão documentos que podem provocar “graves danos à segurança nacional”, como o projeto de armas e projetos nucleares. São 10% do total.
Secret

Cerca de 65% dos papéis podem causar “danos sérios à segurança nacional”, como conversas entre diplomatas e membros do Executivo e dados da segurança presidencial.
Confidential

No mais baixo grau de segredo, está cerca de um quarto dos papéis classificados. Trata-se normalmente de documentos e correspondências trocadas entre militares.

Aventuras na História n° 018

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