Dennis Barbosa
Em 1917, antes do fim da Primeira Guerra Mundial, o governo
britânico decidiu criar um museu para exibir as histórias e o material relativo
ao conflito. O Imperial War Museum foi inaugurado em 1920 pelo rei George V,
dentro do Crystal Palace, edifício construído para a Exposição Universal de 1851.
Em 1936, após mudar duas vezes de endereço, ele finalmente foi instalado em seu
prédio atual, um antigo hospício concluído em 1815.
Hoje, com o acervo expandido de acordo com as guerras do
século 20, o museu conta com uma coleção ímpar de equipamentos militares
sobretudo da Segunda Guerra, e até um acervo de obras de arte sobre o tema. A
área de visitação é dividida cronologicamente, mas há salões específicos sobre
o Holocausto e a prática da espionagem. O visitante pode ainda participar de
simulações que recriam um bombardeio nazista sobre Londres e uma trincheira
britânica da Primeira Guerra.O Museu Imperial da Guerra organiza mostras especiais temáticas e disponibiliza ao público arquivos com 14 mil documentos, 100 mil livros, 10 mil horas de filmes e 36 mil horas de gravações sonoras. Tem também uma das maiores coleções especializadas de fotografias do mundo: são mais de 6 milhões de imagens de guerra.
Brinquedos assassinos
Os artefatos que decidiram à força o rumo do século 20.
1. Trincheiras- cidades
Para não se confundirem entre as vielas das trincheiras
durante os intermináveis combates, os soldados da Primeira Guerra nomeavam os
locais como se fossem ruas de cidades. Dezenas dessas placas estão no museu,
mostrando a dose de ironia dos soldados: algumas ruas têm nomes como “Esquina
do Suicídio” e “Vale da Morte”.
2 Águia da Reichskanzlerei
Esta águia de bronze foi arrancada pelos soviéticos da
chancelaria de Adolf Hitler durante a tomada de Berlim. Os buracos de bala são
vestígios da batalha final que as tropas de Stálin travaram para subjugar
definitivamente a capital alemã, em 1945. Um oficial da URSS presenteou a peça
aos ingleses em 1946.
3. Farda de Brejnev
Dentre as mais de 30 fardas expostas, esta é a que pertenceu
ao mais importante personagem histórico. Trata-se do uniforme de marechal
soviético usado por Leonid Brejnev, líder da URSS entre 1964 e 1982. Ele foi
comprado de um ex- serviçal doméstico do mandatário, em 1995, e doado ao museu
meses depois.
4. O temido T34/85
O T34 foi o principal modelo de tanque usado pelos
soviéticos durante a Segunda Guerra para conter os Panzer alemães. Tinha motor
a diesel – e assim uma autonomia maior que a dos tanques alemães – e uma
blindagem inclinada, que o deixava bem mais resistente que os adversários. A
URSS produziu quase 40 mil tanques T34 durante a guerra. O modelo se mostrou
tão eficiente que continuou sendo usado até a década de 60.
5. V2, o primeiro foguete espacial
O foguete alemão V2 foi o primeiro objeto construído pelo
homem que conseguiu alcançar o espaço. Para sorte dos Aliados, este precursor
das viagens espaciais, que alcançava até 160 quilômetros de altitude, estreou
somente no fim da Segunda Guerra, em setembro de 1944, contra a Paris libertada
dos nazistas. Demonstrada sua eficiência, os alemães despejaram mais mil V2
sobre a Grã-Bretanha e outros 1800 sobre a Bélgica.
6. Mark V, o tanque pioneiro
A dificuldade em ultrapassar trincheiras e barreiras de
arame farpado estimulou o aperfeiçoamento dos tanques durante a Primeira
Guerra. Os primeiros modelos não tinham mecânica confiável e sua ação durante
essa guerra acabou sendo limitada. O modelo britânico Mark V foi introduzido em
1918, já com novidades como um novo sistema de transmissão e freios que
permitiam que fosse pilotado por apenas um condutor.
7. Avião do vice nazista
Em maio de 1941, o vice de Adolf Hitler, Rudolf Hess, pegou
escondido um avião Messerschmitt BF-110 e saltou sobre o Reino Unido para
tentar negociar a paz com políticos locais. Enfurecido com a traição, o Führer
declarou Hess louco. Condenado à prisão perpétua, o vice cumpriu a pena em
Berlim, onde morreu em 1987. O museu guarda o motor e parte da carcaça do avião
usado na fracassada missão.
8. Menino mau
Esta cápsula da bomba atômica Little Boy é idêntica à usada
sobre Hiroshima em 6 de agosto de 1945. O modelo ainda não havia sido testado,
mas se provou eficiente, destruindo 68 mil das 90 mil construções da cidade
japonesa. Estima-se que a explosão tenha matado 70 mil pessoas, deixando outras
70 mil feridas.
9. Codificadora Geheimschreiber
Durante a Segunda Guerra Mundial, os alemães desenvolveram
diferentes máquinas de comunicação em código. Além da clássica Enigma, foi empregada esta Geheimschreiber, da
Siemens & Halske, mais avançada e usada principalmente em
quartéis-generais. A complexidade de seus códigos era tal que os britânicos
tiveram de desenvolver uma espécie de computador primitivo para decifrá-los.
10. Caça a jato He162
No fim da Segunda Guerra, numa desesperada tentativa de
conter o avanço aliado, os nazistas abriram concorrência para compra de um
modelo de caça a jato que pudesse ser desenvolvido em 90 dias. A Heinkel, que
em 1939 criara o primeiro caça a jato da história, venceu a disputa com o
HE162. Trezentos deles chegaram a ser fabricados, mas, com a rendição alemã,
nunca entraram em combate.
Site: www.iwm.org.uk
Aventuras na História n° 018
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