Sérgio Miranda
Como os artistas o
pintaram ao longo da história.
Quando o imperador Constantino concedeu liberdade de culto
aos cristãos, em 313, ele impulsionou uma tradição na história da arte
ocidental que permaneceu até o Iluminismo: a produção de imagens baseadas no
cristianismo. Embora as páginas da Bíblia não digam nada sobre o aspecto físico
de Jesus, seu rosto é um dos mais conhecidos da cultura ocidental.
Século 4 - O Bom Pastor
Os primeiros cristãos se apropriavam de figuras pagãs para
representar Jesus. Era comum os fiéis
recorrerem a imagens de pastores jovens e sem barba – que aqui aparece em meio
aos animais – para associarem-na a ele.
540 - A Transfiguração
Constantino concedeu liberdade de culto aos cristãos e
incentivou a construção de igrejas. O sentimento de vitória do cristianismo era
representado por grandes mosaicos bizantinos – este é da igreja Santa Catarina,
no monte Sinai.
1100 - Pantocrátor da Igreja da Virgem
O Pantocrátor (aquele que tudo rege) foi a primeira imagem a
ser usada quase como um padrão para representar Jesus por muito tempo: ele é
criador, juiz e redentor. Este mosaico foi feito no mosteiro de Dafne.
1304/06 - Lamentação do Cristo Morto
Até então, os artistas não se preocupavam em imprimir sua
marca nas obras – o que acontece a partir do italiano Giotto. Aqui, ele
abandonou a rigidez bizantina e deu volume e emoção à figura de Jesus.
1494/97 - A Última Ceia
Jesus da Renascença chega impregnado pelos conceitos de
beleza ocidentais – proporção, harmonia e simetria, por exemplo. O italiano
Leonardo da Vinci criou uma obra-prima no perfeito exemplo renascentista.`
1534/41 - O Juízo Final
Sob a influência da arte helenística, inspirada sobretudo
nas imagens de Apolo e Orfeu, a figura de Jesus sem barba persistiu durante
muito tempo – foi usada até pelo italiano Michelângelo na Capela Sistina.
1601 - Ceia em Emaús
A utilização da iluminação lateral dotou a arte barroca de
seu principal recurso, o contraste. Embora já fosse usado por outros artistas,
foi o italiano Caravaggio que melhor conseguiu representar Jesus com essa
característica.
1889 - O Cristo Amarelo
No século 18, com o pensamento iluminista voltado mais às coisas
da Terra, os artistas abandonaram a figura de Jesus. No fim do século seguinte,
o francês Paul Gauguin, pós-impressionista, voltou a retratar a crucificação.
1938 - Crucificação Branca
As obras do bielo-russo Marc Chagall foram consideradas uma
afronta à estética nazista quando Hitler chegou ao poder, em 1933. O artista,
judeu, reagiu ao Holocausto pintando Jesus morto, como metáfora da dor.
1954 - Contemporâneo
O surrealismo do espanhol Salvador Dalí mostra um Jesus fora
do seu tempo e cenário histórico. Apoiado na cruz tridimensional, não está
ferido, não está pregado, mas parece preso. E seu rosto não pode ser visto.
Aventuras na História n° 040
Nenhum comentário:
Postar um comentário