As expressões "comunismo" e "socialismo"
recebem significados nem sempre muito precisos. Numa explicação bem resumida,
daria para dizer que, segundo a teoria marxista (veja quadro ao lado), o
socialismo é uma etapa para se chegar ao comunismo. Este, por sua vez, seria um
sistema de organização da sociedade que substituiria o capitalismo, implicando
o desaparecimento das classes sociais e do próprio Estado. "No socialismo,
a sociedade controlaria a produção e a distribuição dos bens em sistema de igualdade
e cooperação. Esse processo culminaria no comunismo, no qual todos os
trabalhadores seriam os proprietários de seu trabalho e dos bens de
produção", diz a historiadora Cristina Meneguello, da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp).
Mas essas duas expressões
também pode assumir outros significados. "Pode-se entender o socialismo,
num sentido mais limitado, significando as correntes de pensamento que se opõem
ao comunismo por defenderem a democracia. Em contraposição, o comunismo
serviria de modelo para a construção de regimes autoritários", afirma o
historiador Alexandre Hecker, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em
Assis (SP). Os especialistas são quase unânimes em afirmar que nunca houve um
país comunista de fato. Alguns estudiosos vão mais longe e questionam até mesmo
a existência de nações socialistas. "Os países ditos comunistas, como Cuba
e China, são assim chamados por se inspirarem nas ideias marxistas.Contudo, para seus críticos de esquerda, esses países sequer poderiam ser chamados de socialistas, por terem Estados fortes, nos quais uma burocracia ligada a um partido único exerce o poder em nome dos trabalhadores", diz o sociólogo Marcelo Ridenti, também da Unicamp. Logo após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), formou-se na Europa, sob liderança da União Soviética, um bloco de nações chamadas de comunistas. "Esses países tornaram-se ditaduras, promovendo perseguições contra dissidentes. A sociedade comunista, justa e harmônica, concebida por Marx, não foi alcançada", afirma Cristina.
Obras revolucionárias
Três trabalhos de Karl Marx são a base para entender esses
sistemas políticos.O sociólogo, historiador e economista alemão Karl Heinrich Marx (1818-1883) foi o principal pensador do marxismo, movimento filosófico e político nomeado em sua homenagem. Junto com Friedrich Engels (1820-1895), Marx detalhou sua teoria política e previu o colapso do sistema capitalista (baseado na propriedade privada) em três obras principais:
Manifesto Comunista
Escrito entre 1847 e
1848, esse famoso manifesto defendia a idéia de que a história de todas as
sociedades existentes até então era a história da luta entre as diferentes
classes sociais.
Esboços da Crítica da
Economia Política
Manuscrito preparado
por Marx e Engels, entre 1857 e 1858, que discutia questões como a propriedade
agrária e o mercado mundial.
O Capital
No primeiro volume, lançado em 1867, Marx e Engels analisavam o modo capitalista de produção.
Marx trabalharia até morrer nos dois volumes seguintes, mas eles só seriam
publicados por Engels em 1885 e 1894.
Revista Mundo Estranho Edição 22/ 2003
Nenhum comentário:
Postar um comentário