Na verdade, as duas são bombas atômicas. A diferença é que
cada uma delas realiza um processo diferente com os átomos para obter energia.
A bomba nuclear mais simples, que costuma ser chamada só de
"atômica", arrebenta núcleos de urânio, transformando-os em átomos
mais leves. Mas romper núcleos atômicos não é o mesmo que quebrar uma pedra,
por exemplo. Se você martelar uma rocha, juntar os cacos e botar numa balança,
vai ver que o peso de todos os fragmentos somados é igual ao da pedrona
original. Já na "martelada" que a bomba dá nos átomos de urânio, o
peso somado dos "cacos" vai ser um pouco menor que o original, porque
o urânio perde um pouco de sua massa. Onde ela vai parar? Quem mata a charada é
o físico Albert Einstein: em sua teoria da relatividade, ele ensina que
qualquer tiquinho de matéria é formado por uma quantidade mastodôntica de
energia. Ou seja, o urânio que some se transforma em energia pura, liberando
uma força brutal.
Para dar uma idéia, a
quebra de menos de 1 quilo de matéria foi o suficiente para arrasar a cidade
japonesa de Hiroshima no final da Segunda Guerra Mundial, com uma força
equivalente a 15 mil toneladas de dinamite. Achou muito? Pois saiba que as
chamadas bombas H, de hidrogênio, são milhares de vezes mais poderosas que
isso. O segredo é que, em vez de quebrar átomos, elas fundem os núcleos,
juntando dois átomos de hidrogênio para formar um de hélio. Nesse processo, um
pouco da massa do hidrogênio se perde e, de novo, se transforma em energia. A
diferença é que a fusão arranca mais energia do bolo de átomos. Só para dar uma
noção do drama, basta lembrar que a explosão recorde entre as bombas de
hidrogênio foi simplesmente 5 mil vezes maior que a de Hiroshima.Os ambientalistas não se cansam de alertar que esses explosivos podem transformar a Terra em um projeto de asteróide. "Vimos que a pequena guerra nuclear de 1945, que destruiu duas cidades, foi o suficiente. Mas o problema continua", diz o físico Philip Morrison, um dos cientistas que criou a bomba de Hiroshima e hoje trabalha no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos.
Escolha nuclear
Armas arrebentam ou
unem átomos para gerar energia.BOMBA ATÔMICA
1. A bomba atômica que você vê ao lado é a Little Boy ("Garotinho"), que arrasou a cidade de Hiroshima, em 1945. O funcionamento da arma começa quando uma carga de explosivo convencional, como dinamite, é acionada à distância e explode.
2. O choque da explosão impulsiona uma bala de urânio-235 sobre uma esfera feita do mesmo material. Esse impacto dá origem às reações de fissão, a quebra dos núcleos dos átomos que vão liberar energia.
3. Com a trombada, os instáveis e pesados átomos de urânio-235 arrebentam, liberando energia e nêutrons que dão continuidade à reação. Cada átomo que se rompe solta novos nêutrons que quebram mais núcleos, num efeito em cadeia que desprende cada vez mais energia.
BOMBA DE HIDROGÊNIO
1. Na bomba de
hidrogênio, a espoleta utilizada não é um explosivo convencional, mas uma bomba
atômica como a de Hiroshima. Novamente, o momento do estouro dessa carga é
determinado por meio de um controle remoto.2. Essa explosão atinge um compartimento cheio de composto de lítio, transformando essa substância em deutério e trítio. Os átomos desses elementos são isótopos, ou seja, "parentes diretos" do hidrogênio — daí vem o nome da bomba. Todos possuem apenas um próton, mas com quantidades diferentes de nêutrons.
3. Por serem bem leves e estarem submetidos a altíssima temperatura, os átomos de deutério e trítio tendem a se unir, criando um átomo de hélio mais leve que os dois anteriores somados. A massa que sobra dá origem à energia da bomba.
Revista Mundo Estranho Edição 23/ 2004
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