Com vocês, o professor Freud

Rodrigo Cavalcante

Em Cinco Lições de Psicanálise, ele explica sua teoria de forma direta e sem blablablá.

Já pensou se você fosse um dos convidados vips para assistir a cinco aulas sobre psicanálise proferidas, ao vivo, pelo próprio Sigmund Freud? Pois é. Essa é a sensação de quem lê Cinco Lições de Psicanálise (Imago), o conjunto de palestras que o próprio Freud deu ao cruzar o Atlântico para visitar os Estados Unidos em 1909, quando ainda era pouco conhecido no resto do mundo.

As palestras do austríaco Freud foram concedidas entre os dias 6 e 10 de setembro de 1909, como parte das comemorações dos 20 anos da Universidade de Clark, na cidade de Worcester, Massachusetts. O pensador austríaco teria posto suas aulas no papel a contragosto, dias depois da viagem, após seu retorno a Viena. Segundo os participantes do encontro, Freud não seguira um roteiro prévio para as palestras. As aulas teriam sido pronunciadas de improviso, como a maioria de suas apresentações.
Talvez por isso mesmo Cinco Lições de Psicanálise seja uma das mais acessíveis e agradáveis obras de Freud. Como suas idéias eram pouco conhecidas nos Estados Unidos, ele teve que explicar todos os passos que deu para chegar à sua nova terapia com extrema paciência e clareza.
Logo na abertura do texto, Freud dá o tom humilde de sua palestra ao se apresentar: “Senhoras e senhores. Constitui para mim sensação nova e embaraçosa apresentar-me como conferencista ante um auditório de estudiosos do Novo Mundo”. Logo depois, continua: “Vim a saber, aliás com satisfação, que a maioria de meus ouvintes não pertence à classe médica. Não cuidem, porém, que seja necessária uma especial cultura médica para acompanhar minha exposição”.
E não era preciso de fato. No decorrer da obra, Freud explica, literalmente, como a psicanálise nasceu em meio ao tratamento de uma jovem paciente de 21 anos que sofria de uma série de “perturbações físicas e psíquicas mais ou menos graves”, chamadas na época de histeria. Desde então, o estudo da mente – e do próprio Ocidente – jamais seria o mesmo.

Aventuras na História n° 040