Na verdade, esses três grupos de vegetais possuem mais
semelhanças que diferenças: todos crescem debaixo da terra e possuem algum
órgão de reserva que se desenvolve e dá origem a saborosos alimentos. A
principal distinção é que o tal órgão aumenta de tamanho em lugares diferentes
em cada um desses grupos. Plantas como a cenoura, a mandioca, o rabanete e a
batata-doce têm uma raiz principal muito mais desenvolvida. Em uma segunda
categoria estão as espécies que acumulam energia em caules modificados.
É o caso de tubérculos como o cará e a batata, em que o
órgão de reserva cresce em saliências do caule e em geral apresenta forma oval,
de rizomas como o gengibre, que se origina de ramificações mais horizontais, e
de bulbos como a cebola e o alho, em que o órgão é cônico e nasce no talo do
caule. "Em qualquer caso, o crescimento do tecido de reserva serve
principalmente para dar energia à planta no começo de sua vida, quando ela
ainda não consegue produzir seu próprio alimento com a fotossíntese", diz
o agrônomo Carlos Alberto Lopes, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa) de Brasília (DF). Esses vegetais são excelentes pedidas em um
cardápio saudável. Com 100 gramas de batata cozida, por exemplo, dá para suprir
7% das necessidades diárias de proteínas, conseguir uma quantidade razoável de
niacina - uma vitamina do complexo B que ajuda na saúde da pele, dos nervos e
do aparelho digestivo - e obter um bom nível de potássio e fósforo.
Confusão embaixo da
terra
Nomes populares
misturam quatro grupos de vegetais, todos eles energéticos e nutritivos.
BATATA (tubérculo)
Nativa dos Andes,
onde é cultivada há 8 mil anos, a batata é o quarto alimento mais consumido no
mundo. No Brasil, seis variedades da espécie Solanum tuberosum dão origem à
batata-inglesa e à batatinha aperitivo. A diferença acontece na hora da
colheita: os tubérculos que cresceram pouco são vendidos como batatinha. Os
maiores, como batata -inglesa.
CARÁ (tubérculo)
No Norte e Nordeste,
as espécies do gênero Dioscorea são conhecidas como inhame, mas no resto do
país recebem o nome de cará (o inhame dessas áreas é o gênero Colocasia, também
conhecido como taro). Bom substituto para a batata e fonte de vitamina B, o
cará é usado em sopas e cozidos.
GENGIBRE (rizoma)
Por ter sabor
picante, o gengibre é usado em pequenas quantidades em tortas, pães, sorvetes,
doces e na culinária oriental. Contém boas quantidades de niacina, uma vitamina
do complexo B que colabora com a pele e ajuda no funcionamento da digestão e do
sistema nervoso
RABANETE (raiz)
Geralmente, esse vegetal é consumido cru em saladas ou
preparado como picles. Possui vitamina C, que aumenta a resistência do
organismo a infecções e previne o escorbuto, doença que se caracteriza por
hemorragias. Além de tudo, é pouco calórico: 100 gramas do produto contêm
apenas 23 calorias.
BATATA-DOCE (raiz)
Ao contrário de sua
"prima salgada", a batata-doce é uma raiz, não um tubérculo.
Levemente doce e consumida em festas juninas, ela pode ter polpa branca, creme
ou amarelada. Esse último tipo é rico em betacaroteno, substância importante no
combate à desnutrição.
CENOURA (raiz)
Essa hortaliça
começou a ser cultivada na Europa e na Ásia há mais de 2 mil anos. Bem adaptada
aos climas frios, a cenoura cresce principalmente nos estados do Sul do país.
Sua importância é a riqueza em vitamina A (que protege dentes, unhas, cabelos e
pele) e sais minerais (que ajudam a combater o envelhecimento).
MANDIOCA (raiz)
Essa planta de origem
brasileira já era cultivada pelos índios quando os portugueses chegaram em
1500. Por ser muito energética (100 gramas de mandioca têm 149 calorias), é
considerada um alimento estratégico contra a fome. A mandioquinha, também
chamada de batata- baroa, é uma raiz saborosa e rica em carboidratos.
CEBOLA (bulbo)
Cultivada desde a
Antiguidade na Ásia Central, a cebola é terceira hortaliça mais plantada no
Brasil, atrás apenas do tomate (1º) e da batata (2º). É um vegetal rico em
minerais, especialmente fósforo, ferro e cálcio, além de possuir quantidades
razoáveis de vitaminas do complexo B.
Revista Mundo Estranho Edição 22/ 2003
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