Porque na época em que esse apelido surgiu ela era
considerada algo fora de moda - assim como o samba-canção, um estilo popular
que teve o seu auge na década de 1940 e depois decaiu. Essa modalidade lenta e
romântica de samba, acompanhada por violão, viola e pandeiro, ganhara o Rio de
Janeiro nos anos 20. Mas no final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, o
samba-canção perdeu força e começou a ser visto como um ritmo ultrapassado. Na
mesma época, a moda masculina passava por uma revolução: aos poucos, o jeans
substituiu as tradicionais calças de tecido.
Quem perdeu com isso
foram as antigas cuecas longas, feitas com tecido que vinham quase até o
joelho. "Usar esse tipo de roupa íntima com jeans era um verdadeiro
tormento, porque a cueca enrolava coxa acima", diz o etimologista e
escritor Deonísio da Silva, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar).
Para resolver o problema, foi criada a sunga, que se adaptava melhor ao novo
modo de se vestir. "Como a palavra cueca passou a designar essa nova peça,
surgiu a necessidade de se criar um apelido que identificasse a antiga roupa
íntima. Ela foi rebatizada de samba-canção como símbolo de um tempo que
passou", afirma outro etimologista, Cláudio Moreno, colunista de Mundo
Estranho. Hoje, as sambas- canções voltaram para o guarda-roupa dos homens.
Agora, porém, elas têm formato mais confortável e são confeccionadas em seda ou
tecido mole, para se ajustar a qualquer roupa.
Revista Mundo Estranho Edição 22/ 2003
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