Euclides da Cunha lançou Os Sertões (Ateliê Editorial) em
1902, para gritar aos quatro ventos contra a guerra de Canudos, arraial baiano
fundado por Antônio Conselheiro e dizimado pela República. Depois de
testemunhar o conflito como jornalista de O Estado de S. Paulo, ele se empenhou
para demonstrar que o sertanejo constituía um tipo racial originalmente
brasileiro, e não um inimigo republicano.
O jornalista dividiu
o livro em três partes: “A Terra”, “O Homem” e “A Luta”. Revelava, assim, sua
predileção pelo historiador francês Hippolyte Taine (1828-1893), que julgava o
meio, a raça e o momento histórico como formadores de um povo. A terceira é a
parte histórica da obra, em que se narra a morte de milhares de inocentes.Diz-se que, com a famosa frase “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”, o autor quis inverter as teorias raciais de que o homem tropical não passaria de um ambulante degenerado. Essa leitura, porém, não se sustenta. Para Euclides, o sertanejo era forte apenas porque, sendo geneticamente inferior, vivia em harmonia com o sertão, um ambiente também inferior. Por isso, o mais importante da obra continua sendo seu estilo, meio científico e meio literário, que consolidou o ensaio como gênero de “descoberta do Brasil”, e que teria como sucessores Gilberto Freyre, Sérgio Buarque e Darcy Ribeiro.
Aventuras na História n° 019
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