Por Maria Fernanda Almeida
Cientistas da Universidade de Bristol, na Inglaterra, detectaram resíduos de leite não humano em pratos de cerâmica localizados no norte da Grã-Bretanha. Datados de 6 mil anos atrás, essa é a primeira evidência de que os homens consumiam leite animal no início do período neolítico, conhecido como Idade da Pedra Polida.
Esse é um momento particularmente importante para o desenvolvimento do homem, quando ele deixa de se alimentar daquilo que encontrava na natureza e passa a cultivar seus próprios alimentos. “A principal novidade é que ao ordenhar um animal ele passa a ter uma fonte de alimentos muito mais sustentável do que ao abatê-lo”, diz Richard Evershed, da Universidade de Bristol, responsável pela pesquisa. “Além disso, para obter o leite, ele teve que domesticar os animais, tornando-os mais mansos e obedientes, o que possibilitou sua utilização como força de tração e transporte”, diz Evershed.
Além de alterar os hábitos alimentares, a criação de animais pode ter modificado a estrutura social dos grupos humanos primitivos, já que aumentou o número de pessoas que podiam se sustentar juntas. Afinal, a carne de uma vaca pode alimentar algumas pessoas por uma semana, já o animal domesticado garante comida por muito mais tempo. Evershed vê aí um novo modo de vida para o homem pré-histórico em que as relações familiares e sociais tornam-se mais complexas e se desenvolve a noção de propriedade.
Evershed está agora em busca de vestígios ainda mais antigos numa região conhecida como a Crescente Fértil, entre o norte da África e a Mesopotâmia, considerada o berço da Revolução Agrícola, de onde o hábito de consumir leite teria se alastrado para o Oriente Médio e a Europa.
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