por Giba Stam
No século 1, prosperidade econômica, liberdade religiosa e uma profusão de opções de lazer e diversão faziam de Pompéia um dos locais mais agradáveis para se morar em todo o Império Romano. Suas terras férteis e clima temperado eram perfeitos para o plantio da uva, que movimentava a fabricação do vinho. A indústria de lã também era poderosa.
O porto às margens no Mediterrâneo estava sempre cheio: cargueiros partiam com trigo, vinho e objetos de bronze e prata e pesqueiros chegavam carregados. Nos mercados e no comércio de rua podia-se encontrar utensílios domésticos, espelhos, louças, roupas e perfumes. Havia também profissionais disponíveis no que se chama hoje de setor de serviços: médicos, pintores, condutores de mula, músicos e professores. No total, quase 12 mil homens e mulheres livres e 8 mil escravos estavam envolvidos em alguma atividade econômica. Com tanta gente ganhando e gastando dinheiro, não podiam faltar os banqueiros, as figuras mais ricas e poderosas da cidade.
Para os momentos de folga, o esporte era uma das atividades preferidas. Na cidade havia dois ginásios onde era praticado lançamento de disco, salto a distância e luta livre. Depois da malhação, homens e mulheres se revezavam nos salões de banhos: a seção completa dava direito a água aquecida, sauna a vapor e duchas frias. Limpinhos e relaxados, eles seguiam para seções de depilação (prática comum também entre os homens jovens) e massagem.
Pompéia possuía uma vida cultural e tanto. Os mais pobres freqüentavam o teatro a céu aberto, onde eram muito populares as sátiras, comédias e tragédias. Preferido pela aristocracia, o ambiente fechado do odeon abrigava shows de música e recitais de poesia. Mas nada atraía tanta gente quanto os combates dos gladiadores, que lotavam o anfiteatro, com capacidade para receber toda a população da cidade. Era uma paixão perigosa. Em um dos jogos, em 59 a.C., uma briga entre os hooligans locais e os visitantes de Nucéria, uma cidade das redondezas, fez o senado proibir os jogos em Pompéia por uma década.
Com tantas opções para a satisfação carnal, era necessário cuidar da alma. Em Pompéia predominava o sincretismo religioso e havia templos dedicados a deuses romanos, gregos e egípcios. Vênus, deusa do amor, era a mais homenageada, mas Mercúrio, deus do comércio, também estava presente em lojas e pousadas, muitas vezes ao lado da inscrição lucrus gaudium, que em latim quer dizer: lucro é alegria. Mesmo na hora de cultuar os deuses, os habitantes de Pompéia não deixavam de lado seus principais valores: amor, trabalho e boa vida.
O PERIGO MORA AO LADO
Erguendo-se 1277 metros acima do Golfo de Nápoles: o Vesúvio era um vizinho sempre visível no horizonte
RECURSOS HUMANOS
O setor de serviços era um dos mais movimentados da economia: de médicos a massagistas, todos tinham mercado
PÃO QUENTE A TODA HORA
A indústria de pão era uma das bases da economia de Pompéia e empregava um grande contingente de trabalhadores livres e escravos
Das cinzas para a eternidade
A dolce vita de Pompéia acabou em 24 de agosto de 79. O Monte Vesúvio explodiu lançando lava e nuvens de gases sobre a cidade. Os habitantes morreram em poucas horas, mas a erupção, que durou três dias, soterrou tudo e todos sob 6 metros de rochas. As ruínas da tragédia foram encontradas no século 16, mas só foram escavadas em 1748. O que foi encontrado tornou-se o maior museu a céu aberto da antiguidade. A poeira penetrou em todos os espaços e ajudou a preservar intactos objetos, pinturas e inscrições nas paredes, que permitiram uma reconstrução inédita e detalhada da vida cotidiana da cidade e de seus moradores.
A poeira solidificada em volta dos corpos criaram moldes perfeitos para as mórbidas estátuas de gesso.
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