segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Perspectivas de Crescimento da Economia Mundial

Nelson Bacic Olic  
Recentemente o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou as projeções da economia mundial para o biênio 2005-2006. As estimativas indicam que a economia global crescerá 4,3% em 2005 e terá um incremento de 4,4% no próximo ano, mesmo com as atuais cotações dos preços do barril de petróleo.
Os países denominados “em desenvolvimento” têm uma evolução prevista de 6,3% e 6,0% para os anos citados. O Fundo constatou também que entre os países avançados, os Estados Unidos têm crescido num ritmo superior às expectativas enquanto o Japão e os países da Zona do Euro devem apresentar um desempenho mais fraco. Tanto em 2005, como em 2006, os Estados Unidos devem crescer em torno de 3,6%, estimulados pela grande confiança demonstrada por empresas e consumidores. As conseqüências econômicas geradas pelos atentados de 11 de setembro de 2001, aparentemente, foram superadas.
Enquanto isso, os europeus e o Japão terão uma expansão inferior comparada aos números estimados para os EUA. Nos países da Zona do Euro, a recuperação iniciada em 2003 perdeu força em 2004. Se França, Espanha e Reino Unido tiveram um crescimento aceitável, a Alemanha, Itália e Holanda, cresceram menos que o previsto. Em 2005 prevê-se para a região uma expansão modesta, na casa dos 1,6%. A economia dos países da área continua muito dependente dos rumos da economia global.
Em relação ao Japão, nos últimos anos ocorreram importantes avanços nos fundamentos econômicos do país ao mesmo tempo em que houve um incremento expressivo das exportações para seus vizinhos, especialmente a China. Todavia, a fraca demanda global por produtos japoneses ligados à tecnologia de informação, tem repercutido negativamente sobre suas exportações. Por isso, a previsão de crescimento do PIB japonês para 2005 é de apenas 0,8% e as perspectivas da economia em curto prazo já estão sendo afetadas pela contínua alta do  petróleo, matéria-prima da qual o país é muito dependente. Assim, para 2006, espera-se um crescimento que, nas hipóteses mais otimistas, não chegará a 2,0%.
Em termos regionais, a expressiva expansão da maioria dos países asiáticos vai ocorrer mais uma vez sobre a liderança da China, cujo crescimento previsto em 2005 será de 8,5%, índice pouco superior aos 8,0% esperados para 2006. Não é descartada a hipótese que o PIB chinês supere as previsões e estimule a atividade de outras economias da região como a Coréia do Sul, Cingapura e Taiwan.
Na Índia, outro gigante asiático, o crescimento previsto tanto para 2005 quanto para o próximo ano é de cerca de 6,5%, confirmando o país como a mais nova estrela do crescimento econômico da Ásia. Já no Oriente Médio, especialmente por conta do incremento de receitas decorrentes da alta dos preços do petróleo, o crescimento estimado da região é de 5% em 2005. Como sempre, as constantes incertezas geopolíticas regionais podem afetar essa previsão.

Os países da Europa Central, assim como os da Comunidade de Estados Independentes (CEI) têm projeções que indicam um forte crescimento em 2005. A Rússia, em especial, deve ter este ano uma ampliação de seu PIB em torno de 6,5%, expansão puxada pelos elevados preços das commodities, especialmente petróleo, gás e metais.
No que se refere à África, o relatório do FMI é otimista mostrando que, em 2005, a previsão de crescimento da região subsaariana, a mais pobre do continente, deverá ser de 5,2%, com possibilidade de atingir 5,6% em 2006. Embora partindo de um patamar muito baixo, esse crescimento, que há muito não se verificava na região, esteve ligado a uma combinação de fatores favoráveis dentre os quais a recuperação da economia global, o aumento de preços de muitas matérias-primas, o fortalecimento das políticas macroeconômicas e também por conta do término de vários conflitos prolongados que afetaram vários países dessa parte do continente africano.
A expansão tem sido mais expressiva em países que ampliaram sua produção de petróleo como Angola e Chade. Todavia, apesar dos avanços recentes, eles ainda não foram suficientes para que se alcancem as Metas do Milênio no que se refere à redução da pobreza e melhoria das condições de vida.
A América Latina, cuja taxa de crescimento de 5,7% em 2004 foi a mais elevada das últimas duas décadas, deverá continuar apresentando um crescimento acima das expectativas. Isso se explica, principalmente, pelo alto preço das commodities, do aumento da confiança dos investidores e dos progressos nos ajustes estruturais da economia. A expansão foi especialmente forte na Venezuela, Argentina e Chile, sendo que os dois primeiros atravessaram recentemente crises econômicas profundas. As previsões de crescimento para esses três países em 2005: são de 6,1% para o Chile, 6,0% para a Argentina e 4,6% para a Venezuela.
O desempenho da economia brasileira, apesar de muito elogiado pelo FMI, tem estado aquém dos índices médios registrados na América Latina e em parte dos países do mundo. Em 2005, a economia do Brasil deverá crescer em torno de 3,7%, índice que deverá ser muito próximo daqueles estimados para 2006. Enquanto isso, a maioria dos países emergentes, especialmente os asiáticos e muitos de nossos vizinhos como Argentina e Chile terão um incremento bem maior. Se compararmos nossa economia com os demais países integrantes do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), o desempenho econômico brasileiro é ainda mais destoante.

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