Nelson Bacic Olic
Esses acontecimentos representam importantes conquistas para um país cuja economia chegou à beira do colapso em meados da década de 1980, como conseqüência das guerras sofridas (a da Indochina, contra a França e a do Vietnã contra os norte-americanos) e, posteriormente, da mal sucedida gestão comunista. Se no campo a coletivização arrasou a produção agrícola, provocando fome em massa, nos grandes centros a obsessão pela indústria pesada bloqueou o desenvolvimento das indústrias de bens de consumo.
As reformas capitalistas que governo implantou a partir de 1986 recuperaram alguns setores importantes da economia como a agricultura, a indústria leve e a mineração. Essa “abertura econômica”, chamada doi-moi (renovação) permitiu o Vietnã se transformar no maior exportador de arroz, num grande produtor mundial de café e de pescado e ainda contribuiu para um grande incremento da produção de chá e banana.
Na mineração, o aumento na produção de carvão e petróleo sustentou a expansão da indústria, com destaque para a produção têxtil e de calçados, especialmente na antiga capital do ex-Vietnã do Sul, Saigon, que desde 1976 passou a se chamar Ho Chi Min, em homenagem ao herói da independência contra os franceses e da guerra contra os norte-americanos. Já a indústria pesada continua concentrada no norte do país, na cidade de Hanói, a capital do antigo Vietnã do Norte.
O Vietnã tem registrado o segundo maior ritmo de crescimento do PIB (próximo de 8%) na Ásia, superado apenas pelo da China. As exportações estão crescendo cerca de 30% e aproximadamente ¾ do comércio exterior do país é feito com alguns de seus vizinhos asiáticos como Japão, Cingapura, Taiwan e Coréia do Sul.
O “novo” Vietnã possui fortes ingredientes para atrair os investidores estrangeiros: uma grande população jovem e salários mais baixos àqueles praticados na China. No momento em que alguns de seus vizinhos, como a Tailândia e a Indonésia passam por instabilidades sociais, o Vietnã tem a vantagem da estabilidade política, pois o regime é controlado pelo Partido Comunista que, semelhantemente ao que acontece na China, é a única agremiação político-partidária com existência legal no país.
Todavia, a infra-estrutura, viária, portuária e energética é ainda insuficiente para fazer frente ao aumento das exportações. Além disso, o Vietnã continua um país subdesenvolvido, com renda per capita baixa (metade da chinesa e cerca de 1/3 da brasileira) e altos índices de pobreza apesar da redução drástica ocorrida nas últimas décadas. Por fim, o país ainda depende muito dos resultados da agricultura, onde se concentra cerca de 60% da população ativa.
Em função de tudo isso, os líderes vietnamitas atuais fazem questão de frisar que o Vietnã, afinal, deixou de ser simplesmente o nome de uma guerra.
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