Nelson Bacic Olic
Situado, entre Israel e a Jordânia, o Mar Morto é famoso por estar localizado na maior depressão continental do mundo e por seu alto índice de salinidade. No último século, perdeu cerca de 300 km2 de superfície e seu nível continua baixando por conta do uso da água dos rios que nele deságuam (especialmente o Jordão) e pela acentuada evaporação.
Para evitar que o mar desapareça as partes interessadas - a Autoridade Palestina, Israel e Jordânia, assinaram um acordo para “salvar” o mar. A idéia é a de levar água do mar Vermelho para o mar Morto, por um canal de 80 km. Essa água compensaria as perdas por evaporação e permitiria a manutenção da tradicional atividade turística.
Já o mar Cáspio localiza-se na Ásia Central e é dividido em três partes. Na parte norte, ele se assenta sobre uma depressão absoluta, cuja altitude média é de –28 m. As porções central e sul possuem profundidades bem maiores. Por conta do menor volume, profundidade e por estar junto a áreas continentais baixas, a porção norte é a mais vulnerável às variações de nível. É lá que deságua o Volga, o rio mais importante que chega ao Cáspio. Tudo o que acontece ao longo dessa bacia, onde estão as maiores concentrações urbano-industriais da Rússia, repercute sobre o mar.
Entre 1930 e 1978 houve diminuição constante do nível das águas do Cáspio. Acreditou-se que essa era uma tendência irreversível e assim foram feitos planos que consideraram a contínua baixa do seu nível. Após 1978, o nível se elevou mais de três metros, inundando dezenas de quilômetros de terras. Nas áreas da costa norte os danos foram maiores já que um pequeno aumento do nível do mar significa grandes perdas de terras por inundação.
Ao longo do século XX a soberania sobre o Cáspio foi compartilhada entre a URSS e o Irã. Com o fim da URSS (1991), o Cáspio passou a banhar o litoral do Irã, da Rússia, do Cazaquistão, do Turcomenistão e do Azerbaijão. A descoberta de petróleo e gás e o crescente interesse sobre esses recursos, estão tornando mais complexo o quadro geopolítico. Em 1940, tratados definiram que a URSS teria o controle sobre 87% do Cáspio e o restante ficaria com o Irã. O acordo, que só tratava das águas superficiais, teve como critério a extensão da linha de costa.
Hoje, há interesses conflitantes entre os cinco países no que se refere à definição jurídica a ser aplicada, especialmente em relação à exploração dos recursos da rica plataforma continental. O novo contexto geopolítico que emergiu após o fim da URSS, a falta de um estatuto jurídico e o interesse na exploração de recursos vem “azedando” as relações entre os países da área.
Mar de Aral: uma catástrofe anunciada
Situado no coração Ásia Central, o Mar de Aral se estende sobre as terras áridas das antigas repúblicas soviéticas do Cazaquistão e do Usbequistão. Esse mar é “hidrograficamente” abastecido” pelos rios Amu Daria e Sir Daria.
A partir da década de 1960, as autoridades da antiga URSS puseram em prática uma política de irrigação utilizando as águas dos rios, especialmente o Amu Daria, que visava consagrar milhões de hectares para o cultivo do algodão. Em poucos anos, o Usbequistão se transformou num dos maiores produtores e exportadores do “ouro branco”. Desde então, este projeto vem provocando um dos maiores desastres ambientais de que se tem notícia.
Gradativamente, o fluxo de água do Amu Daria foi sendo reduzido e desde a segunda metade da década de 1990, nenhuma gota de água do rio tem chegado ao mar. A interrupção do fluxo de água combinada com a forte evaporação reduziu a área ocupada pelo mar em 65%.
O recuo do mar deixou em seu leito seco milhares de hectares de terras desérticas, recobertas por sais tóxicos, que os ventos dispersam por uma vasta região. A água residual do mar teve seu teor de sal aumentado assim como a carga de resíduos químicos, fruto da utilização abusiva de adubos, pesticidas e outros produtos. Mais de um milhão de pessoas já estão expostas à poluição e contaminação química que afetam principalmente mulheres e crianças.
Programas de assistência desenvolvidos por organizações internacionais, têm surtido pouco efeito. Contudo, eles têm possibilitado alertar a opinião pública para a situação dramática vivida por populações que foram vítimas de políticas econômicas absurdas postas em prática por governos autoritários.
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