domingo, 26 de dezembro de 2010

Na Bósnia, Muçulmanos, Sérvios e Croatas revivem Ódios Antigos

Como reflexo da guerra entre eslovenos e croatas, a situação política da Bósnia começou
a se deteriorar. As três comunidades da Bósnia passaram a ter opiniões diferentes quanto
ao futuro da região. Os sérvios, temendo uma dominação mulçumano-croata, queriam
algum tipo de união com a Sérvia. Mulçumanos e croatas receavam ser engolidos pelo
projeto expansionista da Grande Sérvia (que incluiria a Sérvia e as áreas habitadas por
sérvios na Croácia e Bósnia).
A partir desses fatos, as três comunidades se armaram. Em fevereiro de 1992, um plebiscito
que visava definir o futuro da região, boicotado pelos sérvios, decidiu pela independência
da Bósnia. Foi o sinal para a guerra.
As milícias sérvias, apoiadas não oficialmente por forças da Sérvia, passaram a controlar
parcelas cada vez maiores do território da Bósnia, chegando a ter sob seu controle cerca de
70% da região.
A estratégia posta em prática pelos sérvios nas áreas conquistadas consistia em retirar
as populações não-sérvias, através de expedientes que iam de simples eliminação à deportação de milhares de pessoas. Era a chamada “purificação étnica”.
Essa prática não é uma “novidade”. Ao contrário, constitui uma das marcas registradas
de regimes totalitários, como o de Josef Stalin na União Soviética dos anos 30 e 40, e na
Alemanha de Adolf Hitler.
Os croatas criaram uma área autônoma no sul da Bósnia que, eventualmente, se uniria
ao território da Croácia. Os mulçumanos quase ficaram sem representação territorial.
O futuro da região é incerto e sombrio. Em qualquer hipótese, a premissa de uma Bósnia
realmente independente é o respeito aos direitos de todas as etnias.
Meus pais nasceram em duas cidades distintas de uma pequena ilha do Adriático chamada
Korcula. Meu pai chegou ao Brasil, já moço, na década de 30. Minha mãe, ainda
criança, alguns anos antes. Eles só se conheceram no Brasil, onde se casaram e tiveram
três filhos. A primeira impressão de que eu era um pouco “diferente” aconteceu na escola,
quando percebi que meu sobrenome era “esquisito”. Aliás muitos iugoslavos têm
seu sobrenome terminado em “ic”.
Na convivência familiar, meus pais sempre me transmitiam amor por sua terra natal.
Não pela Croácia (eles se referiam muito à Dalmácia, região costeira da Croácia), mas
sim, pela Iugoslávia. Aos poucos, cresceu em mim o orgulho de ser filho de iugoslavos.
Como todo ser humano minimamente sensível, só posso ficar horrorizado em face do que
vem ocorrendo na terra de meus parentes.

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