Nelson Bacic Olic
EDITORIAL
Algumas vezes, as nações passam por processos de transformações súbitas, profundas
E radicais. Quem, no começo de novembro de 1989, poderia dizer que no
Dia 9 cairia o Muro de Berlim, ou que em menos de dois anos (setembro de 1991) a
União Soviética deixaria de existir?
Mas essas transformações não são gratuitas, nem resultado do acaso. Elas acontecem
Quando a vida não pode mais continuar como sempre foi. Em momentos
assim, ou as coisas dão certo, e tudo muda, ou os representantes do passado
conseguem preservar o poder.
Em Pequim, por exemplo, os burocratas do Partido Comunista chinês ordenaram,
Em 4 de junho de 1989, o massacre de 2 mil jovens que exigiam a democratização
Do país. Foi o fim do sonho de uma geração.
No Brasil, os protestos estudantis contra o presidente Fernando Collor são outro
Exemplo de um movimento que pretende liquidar um passado insuportável.
Como na URSS, Alemanha Oriental e China, o Estado brasileiro tornara-se ninho
De corrupção e abuso de poder.
Democratizar esse Estado, a começar pela punição dos corruptos, tornou-se
Tarefa tão importante quanto foi, para os alemães, derrubar o Muro de Berlim, ou
para os soviéticos, liquidar a URSS.
Em Moscou, Berlim,Pequim e São Paulo, os jovens mostraram que, qualquer
Que seja a ideologia, a democracia é uma condição indispensável à vida. Mais do
Que isso: todos esses movimentos foram, essencialmente, alegres e por que não?
coloridos. No fim, das contas, estava certo Gilberto Gil: a alegria é a “prova dos
9”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário