Nelson Bacic Olic
Segundo maior rio da Europa, logo depois do Volga, o Danúbio nasce na Floresta Negra (Alemanha), próximo às fronteiras deste país com às da Suíça e França e, ao longo de seu curso, que tem a direção geral leste-oeste, atravessa ou margeia territórios da Alemanha, Áustria, Eslováquia, Hungria, Sérvia, Romênia, Bulgária e Rússia. Nesse longo percurso, o Danúbio banha quatro capitais - Viena, Bratislava, Budapeste e Belgrado e deságua num enorme delta junto ao mar Negro.
Com uma bacia hidrográfica que cobre uma superfície de mais de 800 mil km2, possui afluentes que cruzam regiões da Eslovênia, Croácia, Bósnia e Moldova, além dos territórios dos oito países já citados. Os rios que formam a bacia são originários tanto dos Alpes (rios Sava e Drava, por exemplo), quanto dos Cárpatos (Tizsa e Prut) e dos Balcãs (Morava).
Além de ter suas águas aproveitadas para a produção de energia hidrelétrica, o Danúbio é intensamente navegável, constituindo-se numa das principais artérias comerciais da Europa, fato que se acentuou ainda mais com a entrada em operação em 1992 da interligação Danúbio-Reno-Meno. Com 171 km, esse canal permite ligar Roterdã no mar do Norte (Holanda) ao porto romeno de Constança, no mar Negro, num total de 3500 km de vias fluviais navegáveis. Por ser um rio que cruza territórios de muitos países, desde o Tratado de Paris (1856), o Danúbio tem sua navegação liberada para embarcações de qualquer origem.
A região da bacia do Danúbio corresponde a uma das áreas da Europa mais afetadas pelas transformações políticas que se verificaram no continente ao longo do século XX. Até pouco antes da Primeira Guerra Mundial, grande parte das áreas da bacia estava sob o domínio de quatro impérios: o alemão, o austro-húngaro, o otomano e o russo.
O fim do conflito trouxe a primeira grande modificação na estrutura geopolítica da área, na medida em que os impérios que sobre ela exerciam o domínio se desintegraram, dando origem a uma série de novos Estados, como foram os casos da Hungria, da Áustria, da antiga Tchecoslováquia e do Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos (Iugoslávia).
A segunda grande transformação foi mais efêmera e correspondeu ao domínio nazista sobre toda a região danubiana durante grande parte da Segunda Guerra Mundial. Com a derrota nazista, amplas áreas da bacia do Danúbio que haviam sido libertadas pelo exército da URSS, passaram a integrar o chamado bloco soviético. Essa nova e importante transformação ao fim da Segunda Guerra manteve o estatus político da região inalterado por mais de quatro décadas.
A última grande transformação ocorreu no final dos anos 80 quando do fim dos regimes de socialismo real na região, fato que levou à desintegração de alguns Estados danubianos como a Iugoslávia, Tchecoslováquia e URSS. A antiga Iugoslávia deu origem a cinco novos países, sendo que com exceção da Macedônia, todos têm terras na bacia do Danúbio. A ex-Tchecoslováquia deu origem a dois novos Estados, sendo que apenas a Eslováquia possui territórios danubianos. A desintegração da URSS fez com que duas das quinze novas repúblicas surgidas com o fim do Estado soviético tivessem terras na bacia: a Rússia e a Moldova.
Nos vários conflitos que ocorreram na região durante o século XX, um elemento sempre esteve presente em maior ou menor grau: a existência de minorias étnico-nacionais que, muitas vezes, funcionaram como estopim de confrontos entre Estados e no interior deles.
Ainda hoje o problema das minorias tem persistido e dentre eles podem ser destacados os que ocorreram no território da antiga Iugoslávia, na Croácia, Bósnia, Kosovo e Macedônia, os que envolveram o governo da Bulgária e a minoria de origem turca (cerca de 10% da população búlgara) que habita o país e os representados pela presença de minorias húngaras na Sérvia (região da Voivódina), no sul da Eslováquia e principalmente no interior da Romênia (região da Transilvânia).
Cada um desses problemas encerra um significativo potencial de conflitos que, de certa forma, indicam que o futuro da região do Danúbio pode não ser tão azul quanto aquele expresso na famosa valsa composta po Strauss.
legal esse texto bem explicativo bem informativo bem logico. bem tudo
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