A constituição de blocos econômicos supranacionais encontra a sua expressão
Mais avançada na Comunidade Européia. Em 1986, o Ato Único Europeu definiu o final de
1992 como data limite para a supressão de todas as barreiras que limitam o movimento
de mercadorias, capitais, serviços e pessoas entre os doze países envolvidos.
O Tratado de Maastrich, assinado na Holanda em 1991, prevê a adoção de uma
Moeda corrente única e a definição de políticas externas e de defesa comuns até
O fim da década. A Europa quer dar o salto da unificação econômica para a unidade
Política e diplomática.
O bloco econômico liderado pelo Japão não tem estruturas institucionais oficiais.
Apóia-se na rede de fluxos de capitais emanada da poderosa economia do arquipélago,
Que começa a transformar a Bacia do Pacífico numa zona econômica mais importante que o Atlântico Norte.
A multipolaridade de poder que começa a se desenhar na “nova ordem” mundial não representa o fim da hegemonia americana. O poder das armas ainda conta e a herança da Guerra Fria continua viva.
Os EUA, apoiados pela Grã-Bretanha, insistem na manutenção da OTAN (Organização
Do Tratado do Atlântico Norte, formada em 1949), mesmo após o desaparecimento
Do Pacto de Varsóvia (1955). Mas o esfacelamento do seu querido inimigo – a URSS da
Guerra Fria – suprime as principais fontes do poder geopolítico da superpotência americana.
A “nova ordem” mundial está muito distante da “pax americana”.
A Guerra Fria consistiu numa etapa especial da história da humanidade, na qual o
Sistema internacional organizou-se em torno de dois pólos de poder de âmbito planetário.
De certa forma, o conflito foi também uma forma de cooperação: os contendores
Respeitam escrupulosamente as linhas demarcatórias das respectivas esferas de influência.
Irmãos-inimigos, os Estados Unidos e a União Soviética conflitaram cooperando.
A bipolaridade da Guerra Fria apoiou-se sobre uma inédita acumulação e aperfeiçoamento
de meios de destruição em massa.
Os arsenais nucleares, formados por ogivas e lançadores, tinham por finalidade não a
Preparação da guerra, mas a sua prevenção.
No tempo em que o embate militar prometia a devastação mútua, excluindo a hipótese
Da vitória, a cumulação de arsenais sempre maiores transformou-se num fim em si
mesmo. Esses arsenais visavam não a alteração mas a manutenção do equilíbrio de
poder existente. Nessas condições, força militar tornou-se no principal sinônimo de
poder, secundarizando outras referências tradicionais do poderio dos Estados, como
principalmente – a produtividade e eficiência da economia nacional. Países como a
Alemanha e o Japão – potências econômicas excluídas politicamente do clube nuclear
permaneceram à margem dos centros fundamentais de poder e decisão do sistema
internacional.
O fim da Guerra Fria e a subseqüente desaparição da URSS embaralharam todas
as cartas do jogo geopolítico mundial. Em princípio, a bipolaridade cede lugar a uma
distribuição unipolar do poder: a nova “pax romana”, isto é, o império sem contraste dos
EUA (a “pax americana”). Essa forma de encarar a geometria do sistema internacional
Surgido do fim da Guerra Fria originou a expressão “Nova Ordem Mundial”, cunhada
Pelo presidente George Bush à vésperas da desintegração da URSS. Entretanto, mais que
Uma análise das realidades emergentes, ela refletia a vontade de Washington e a sua pressa
Em comemorar a “vitória” na Guerra Fria.
Uma abordagem mais atenta revela que as coisas não são assim tão simples.
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