segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O Fim da Guerra Fria e a Desaparição da União Soviética embalharam as cartas do jogo Geopolítico Mundial


O fim da Guerra Fria não se limitou a modificar a distribuição do poder, mas essencialmente
alterou a própria natureza do poder geopolítico. Durante as décadas da Guerra Fria, armas e poder tornaram-se quase sinônimos.
O encerramento da Guerra Fria desmancha essa identidade, desvinculando (ao
menos parcialmente) o poder geopolítico dos arsenais militares. Outras dimensões
de poder, quase esquecidas, reaparecem no centro da cena.
A força do dinheiro, em especial, lança um cone de sombra na direção da força
das armas. Por isso, os EUA, que conhecem uma lenta dissolução da sua tradicional
hegemonia econômica, também A redefinição dos significados do poder, num mundo onde se dissolve o confronto ideológico bipolar, assinala a emergência das potências derrotadas na 2º Guerra Mundial. O Japão e a Alemanha – cujo peso econômico não tinha correspondência
política ou militar durante a Guerra Fria – lentamente começam a participar com
voz própria da diplomacia internacional.
A fragmentação da URSS, no final de 1991, foi o estopim para a deflagração de
guerras abertas na periferia do antigo império vermelho. Os conflitos latentes entre
povos, etnias e nacionalidades que compunham o Estado soviético degeneraram
em conflitos militares que incendeiam as zonas periféricas da Comunidade
de Estados Independentes (CEI).
Na região do Cáucaso – espaço de entrelaçamento de etnias, culturas e religiões diferentes
os atritos entre a Armênia e o Azerbaijão transformaram-se numa guerra sem perspectivas de solução a curto prazo.
Os armênios, cristãos ortodoxos, querem a reincorporação do território do Karabah
à sua república. O território é povoado por uma maioria Armênia mas foi entregue
para o Azerbaijão mulçumano pelo ditador soviético Josef Stalin na década de 30. Na
vizinha Geórgia, o governo do antigo colaborador de Gorbatchov, Eduard Shevardnaze,
enviou tropas contra os separatistas da Ossétia do Sul e Abkhazia.
Outra região-problema é a Ásia Central, onde as antigas repúblicas mulçumanas do Casaquistão, Turcomenistão, Uzbequistão, Tadjiquistão e Quirquistão tornaram-se Estados independentes. Culturalmente influenciados pelo Islã, esses novos Estados conhecem conflitos mais ou menos graves entre as autoridades políticas e os movimentos de oposição religiosa. No Tadjiquistão, um golpe afastou o antigo governo e instalou um poder com participação mulçumana.
Foi concluído, em agosto, o tratado que estabelece o mercado comum da América do Norte (NAFTA, North América Free Trade Association). A zona de livre comércio entrará em vigor paulatinamente, com a progressiva eliminação de taxas e tarifas alfandegárias que regulamentam os fluxos comerciais entre os Estados Unidos, Canadá e México.
O novo mercado comum representa a resposta americana ao processo de unificação
européia. Reunindo uma população de cerca de 370 milhões de habitantes e somando um PIB superior a 6 trilhões de dólares, o NAFTA tende a dinamizar as trocas de mercadorias e serviços entre os três parceiros norte-americanos.
Tendo como vértice a economia dos EUA, o mercado comum cria dois vetores diferentes.
O Canadá, antigo parceiro econômico dos EUA, apresenta economia desenvolvida e diversificada, baixo crescimento vegetativo e elevados níveis de vida.
O México, ao contrário, apresenta profundos desníveis sociais, forte crescimento
vegetativo e intensos movimentos migratórios.
A urbanização crescente amplia as tensões sociais e os fluxos de migrantes ilegais
geram uma fronteira de atritos na linha do Rio Grande, que o separa dos EUA.

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