domingo, 28 de julho de 2013

Como são feitas as bolas de tênis?

O grande segredo do processo é uma explosão: quando as duas metades da bolinha são coladas, uma pastilha de nitrogênio estoura lá dentro, enchendo a bola de gás e fazendo ela quicar na quadra. Depois dessa técnica detonante, basta colar a camada de feltro - aqueles pelinhos amarelos que revestem a bola - e mandá-la para o controle de qualidade. Nessa parte do processo, os fabricantes eliminam as bolinhas que não quicam perfeitamente ou que perdem pressão muito rápido. Hoje em dia, a produção das bolinhas de alta performance está espalhada pelo mundo. "Nossas bolas são produzidas em uma só fábrica, nas Filipinas, mas a borracha é da Malásia e o feltro é fabricado nos Estados Unidos e na Inglaterra, com lã da Nova Zelândia", afirma o comerciante Alex Silva, que distribui no Brasil duas das principais marcas do mercado mundial. Para dar uma mãozinha às raquetadas dos tenistas, os fabricantes buscam inovar em detalhes. Existem, por exemplo, bolinhas específicas para o piso de saibro, recobertas por um feltro com maior volume de náilon para amortecer o quique da bola. Além disso, as multinacionais capricham na divulgação, acabando com as chances de competição das pequenas fábricas nacionais.

Cheias de gás
Redondinhas ganham pressão depois que uma pastilha de nitrogênio explode em seu interior.

1. O ingrediente básico das bolinhas de tênis é a borracha. No primeiro passo, a borracha é prensada em moldes de ferro e ganha o formato de uma concha. Para nós, brasileiros, o detalhe irônico é que toda a borracha usada na indústria do tênis vem da Malásia, país que iniciou a produção de látex com sementes de seringueira contrabandeadas da Amazônia...
2. Na fase seguinte, uma pastilha de nitrogênio é colocada no meio de duas conchas de borracha, que são unidas por uma cola especial. Para reforçar a junção, as duas metades são fundidas em uma prensa a 200 ºC, durante uma etapa conhecida como vulcanização. Com o calor, a pastilha de nitrogênio explode, liberando o gás que enche a bolinha.

3. Com a bolinha cheia, falta revestir sua parte externa com o feltro, um tecido formado por náilon e lã amarela. Primeiro, dois pedaços de feltro são cortados e colados com uma massinha branca. Depois, a bolinha passa por nova vulcanização para grudar melhor o feltro e a massinha à bola.
4. No passo final, as bolinhas são embaladas em tubos de plástico selados a vácuo, para evitar qualquer perda de pressão antes da chegada às quadras. Em torneios profissionais, uma bolinha não é usada por mais que 9 pontos. Basta esse curto período para que surjam pequenas deformações na superfície da bolinha, prejudicando o jogo dos melhores do mundo.

Revista Mundo Estranho Edição 33/ 2004

O que mudou nas regras do futsal nos últimos 20 anos?

Artur Lopes

Praticamente tudo. Antes das mudanças, a bola era bem menor e mais pesada, existiam bandeirinhas, cobrava-se lateral com as mãos, o juiz dava acréscimo ao tempo de jogo e por aí em diante. Tudo era muito parecido com as regras do futebol de campo, que imperaram desde o início do bate-bola nas quadras (na década de 30) até 1989, quando a Fifa assumiu a modalidade. Naquele ano, o futebol de salão, popular na América do Sul, e o futebol cinco, praticado na Europa, foram fundidos e ganharam o nome de futsal. E a revolução nas regras começou: a área ficou maior, os bandeirinhas foram banidos, o goleiro passou a jogar com os pés, liberou-se o gol dentro da área, acabou o limite de cinco substituições, surgiu o tiro livre após a quinta falta coletiva... Boa parte dos especialistas, dos fãs e dos craques aprovou o troca-troca. "O jogo ganhou dinamismo e criatividade, deixando o futsal mais atrativo. Só não gostei muito da mudança do lateral: acho que a reposição com as mãos dava mais emoção", afirma o craque brasileiro Manoel Tobias, considerado o "Pelé das quadras". Hoje, o esporte é um dos que mais crescem no mundo - em 96, apenas 46 países disputaram as eliminatórias para o campeonato mundial. Atualmente, a Fifa já tem 130 afiliados. O próximo desafio é transformar o futsal em esporte olímpico. O passo decisivo pode ser o 8º Campeonato Mundial, que acontece a partir do dia 21 deste mês em Taiwan. A competição será transmitida para o mundo todo e promete ser a mais equilibrada da história. Os brasileiros, pentacampeões, eram praticamente imbatíveis até 2000, quando perderam o título para a Espanha. Além desses dois favoritos, italianos, argentinos e até ucranianos têm times fortes para sonhar com o caneco.
Quanta diferença!

Na última década, o jogo se reinventou para conquistar mais público.
SUBSTITUIÇÃO LIBERADA

Antes das mudanças, cada time só tinha direito a cinco substituições por jogo — assim como no campo, quem saía não podia mais voltar. A partir de 1995, acabou esse limite e nasceu a "troca volante": as substituições acontecem com a bola rolando, o jogador pode entrar quantas vezes o técnico quiser e não precisa mais da autorização do juiz para começar a jogar.
ORA, BOLAS!

Em 1997, a Fifa deixou a bola do jogo maior e mais leve — a circunferência aumentou de 62 para 64 centímetros e o limite de peso baixou de 500 gramas para 440 gramas. As partidas ficaram mais rápidas e dinâmicas: surgiram lances de efeito, como chapéus e voleios, improváveis na era da bola pesada.
ÁREA ALTERADA

Até o início da década de 90, gols dentro da área eram proibidos. Assim que assumiu o futsal, a Fifa acabou com essa proibição e aumentou a área - a distância entre as traves e a linha da área passou de 4 para 6 metros. A marca do pênalti, que ficava a 7 metros do gol, foi colocada na linha da área, 1 metro mais perto.
GOLEIRO-ARTILHEIRO

Antes, o goleiro não podia tocar na bola fora da área nem lançá-la no campo do adversário — a bola tinha que quicar antes no campo de defesa. Pelas novas regras, ele ganhou o direito de lançar a bola além do meio da quadra e de jogar com pés, inclusive fora da área. Com isso, o goleiro virou um curinga, descendo ao ataque e até fazendo gols.
PANCADARIA REPRIMIDA

Para punir a violência, uma regra antiga que existe até hoje manda para o chuveiro quem cometer mais que cinco faltas. Depois da quinta falta coletiva, a cobrança é sem barreira. Em 2000, a Fifa complementou a regra, determinando que as faltas sem barreira fossem cobradas da marca de tiro livre, a 10 metros do gol. É quase um pênalti!
REPOSIÇÃO POLÊMICA

Até 1989, laterais e escanteios eram cobrados com as mãos e geravam muitos gols aéreos — as regras antigas permitiam estufar as redes de cabeça dentro da área. Hoje as saídas de bola são repostas com os pés, uma mudança que causou polêmica: o adversário pode ficar a 3 metros do cobrador, dificultando os lançamentos longos.
CARTÕES MUTANTES

No futsal, o cartão amarelo serve como advertência, igualzinho ao campo. O vermelho também significa expulsão, mas com uma diferença: depois de dois minutos desfalcada, a equipe pode colocar outro jogador. Durante alguns anos, também existiu o cartão azul, que eliminava o infrator, mas permitia que um reserva entrasse no seu lugar imediatamente.
ADEUS AOS BANDEIRINHAS

Desde a década de 30, o futsal herdou do campo os bandeirinhas. Mas pense bem: como não há impedimento, a função deles era só marcar a saída de bola. Os cartolas chegaram a essa mesma conclusão e trocaram o trio de arbitragem por uma dupla de juízes. Cada um apita de um lado da quadra, mas um deles tem a palavra final nas marcações polêmicas.

Revista Mundo Estranho Edição 33/ 2004

Quais são os atores mais bem pagos de Hollywood?

Se considerarmos isoladamente o cachê de cada produção, o mais endinheirado é o brutamontes Arnold Schwarzenegger. Em 2003, o amontoado de músculos que governa a Califórnia recebeu 30 milhões de dólares para estrelar o fraquinho O Exterminador do Futuro 3 - A Rebelião das Máquinas. No quadro abaixo, reunimos outras 12 estrelas de primeira grandeza que nem começam a conversar se o salário for menor que 10 milhões de dólares. Mas Arnold não foi quem mais lucrou com um blockbuster: é que muitos astros, além do pagamento astronômico, costumam fazer contratos em que também recebem uma parte da bilheteria do filme. O americano Bruce Willis, por exemplo faturou 100 milhões de dólares em 1999 para atuar em O Sexto Sentido, incluindo cachê, participação em bilheteria e um adicional pelo lançamento em vídeo e DVD. Espantado com as cifras fabulosas? O fato é que, na indústria cinematográfica americana, os astros são os principais atrativos de um filme e podem fazer toda a diferença na bilheteria. Nos últimos dez anos, essa justificativa foi seguida à risca, turbinando os contracheques hollywoodianos. Só para dar uma idéia, basta lembrar que o galã Leonardo DiCaprio recebeu "apenas" 2,5 milhões para estrelar Titanic, em 1997, mas embolsou oito vezes mais por Prenda-me Se For Capaz, em 2002. A ironia é que os próprios estúdios cinematográficos estimularam essa inflação. Em 1963, a 20th Century Fox queria Elizabeth Taylor no papel-título do filme Cleópatra. Em tom de brincadeira, ela respondeu ao estúdio dizendo que aceitaria o trabalho por 1 milhão de dólares - naqueles tempos, uma quantia exorbitante até mesmo para uma estrela do porte de Liz Taylor. Para a surpresa da atriz, o estúdio concordou e ela se tornou a primeira estrela a ganhar um cachê com seis zeros. "Se alguém é suficientemente tolo para me oferecer 1 milhão de dólares para fazer um filme, não serei tola a ponto de recusar", afirmou Liz na época.

E a grana vai para...
Time seleto tem cachês superiores a 10 milhões de dólares por filme.

25 Milhões
Ator - Tom Hanks

Filme - O Terminal (2004)
Ator - Mel Gibson

Filme - O Patriota (2000)
Ator - Jim Carrey

Filme - Todo Poderoso (2003)
Ator - Julia Roberts

Filme - O Sorriso de Monalisa (2003)
15 milhões

Ator - Meg Ryan
Filme - Prova de Vida (2000)

Ator - Halle Barry
Filme - X-Men 2 (2003)

Ator - Nicole Kidman
Filme - Mulheres Perfeitas (2004)

30 milhões
Ator - Arnold Schwarzenegger

Filme - O Exterminador do Futuro 3 - A Rebelião das Máquinas (2003)
20 milhões

Ator - Cameron Diaz
Filme - As Panteras - Detonando (2003)

Ator - Brad Pitt
Filme - Tróia (2004)

Ator - Will Smith
Filme - Ali (2001)

Ator - Adam Sandler
Filme - A Herança de Mr. Deeds (2002)

12 milhões
Ator - Jennifer Lopez

Filme - Contato de Risco (2003)
Revista Mundo Estranho Edição 33/ 2004

Quais foram as maiores loucuras dos astros do rock?

Cíntia Cristina da Silva

Tem bizarrice para todo gosto: cantor que escreveu uma carta com sangue, baixista que misturou drogas com água da privada, rei do rock que voou milhares de quilômetros só para comer um sanduba especial... Roqueiros são figuras muito loucas, mas boa parte de suas lendas não passa de... lendas. Uma das cascatas mais famosas é que o músico Frank Zappa teria comido cocô num show, o que ele negou até a morte. Outra mentira popular é que o roqueiro Alice Cooper teria arrancado a cabeça de uma galinha no palco - a bichinha foi pro beleléu, sim, mas depenada pela platéia. De qualquer forma, a lista de maluquices verdadeiras vai longe e nestas páginas reunimos as dez que consideramos as melhores. Tem outras histórias imperdíveis, como a orgia que os músicos do Led Zeppelin fizeram com um peixe e a clássica decapitação de um morcego a dentadas, estrelada por um chapadíssimo Ozzy Osbourne. Essas duas maluquices e outras que não entraram na lista você encontra no livro Rock, da Coleção 100 Respostas de Mundo Estranho.
Sexo, drogas &......Cocô na platéia, baterias explodidas, cartas escritas com sangue.

Nick Cave
QUANDO: anos 80

O QUE APRONTOU: escreveu uma carta com o próprio sangue.
Conhecido pelas letras sobre amor, morte, religião e violência, o australiano líder das bandas Birthday Party e Bad Seeds afundou no consumo de heroína em meados da década de 80. Em um de seus piores momentos, Cave foi visto no metrô de Londres, magérrimo, escrevendo uma carta e usando como caneta uma seringa cheia de sangue.

Ozzy Osbourne
QUANDO: 1982

O QUE APRONTOU: encheu a cara vestido de mulher.
Nos anos 80, o ex-vocalista do Black Sabbath perambulava movido a drogas e álcool. Em 1982, Ozzy estava tão manguaçado que sua mulher, Sharon, escondeu suas roupas e o deixou peladão para impedi-lo de sair de casa para beber. Sofrendo com a abstinência, o roqueiro não pensou duas vezes: pegou um vestido da mulher e foi dar uma "calibrada".

Wendy o Willians
QUANDO: décadas de 70 e 80

O QUE APRONTOU: masturbou-se em cima do palco.
Durante os shows, a vocalista da banda Plasmatics gostava de destruir instrumentos ou qualquer outra coisa que estivesse a seu alcance. Mas o público ia mesmo ao delírio quando ela se masturbava no meio das músicas. Longe dos palcos, Wendy atuou no filme pornô Candy Goes to Hollywood (1979) e se matou em 1998.

Bruce Springsteen
QUANDO: 1976

O QUE APRONTOU: atrasou um show para jantar com um fã.
Antes de uma apresentação em Rhode Island, Estados Unidos, o roqueiro foi reconhecido na rua por um fã e resolveu jantar com o rapaz. Atrasado, ele ligou para o local do show, contou por telefone à platéia que estava batendo um rango e ia demorar. Para compensar o atraso de duas horas, Bruce fez um memorável show de três horas e meia.

Brian Wilson
QUANDO: 1966

O QUE APRONTOU: ficou seis meses produzindo uma única música.
A loucura do líder dos Beach Boys é a mais lúcida da lista. Em 1966, ele chegou ao extremo do perfeccionismo ao passar seis meses gravando, editando e mixando uma única canção: "Good Vibrations". Sua obsessão custou mais de 50 mil dólares, mas a canção atingiu o topo das paradas e é considerada um clássico da música pop.

Sid Vicious
QUANDO: 1976

O QUE APRONTOU: injetou heroína com água de privada.
Numa festa, o infame baixista dos Sex Pistols queria provar que podia ser mais hardcore que seu ídolo Dee Dee Ramone, que consumia álcool e drogas como quem toma limonada. Depois que o Ramone injetou heroína no braço, Vicious pegou a seringa, foi até o banheiro, misturou a droga com o conteúdo da privada e mandou ver. Três anos depois, ele morreu de overdose.

Elvis Presley
QUANDO: 1976

O QUE APRONTOU: viajou 4 mil km para comer um sanduba.
Em sua mansão no Tennessee, o rei do rock comentou com um grupo de amigos sobre um inesquecível sanduíche de creme de amendoim em Denver, no Colorado. Um dos rapazes disse que seria ótimo se pudessem comer os tais sandubas naquela hora. Elvis não teve dúvida: chamou a galera para seu jatinho particular e voou para fazer uma boquinha atravessando parte do país.

Beatles
QUANDO: 1966

O QUE APRONTARAM: acenderam um baseado no palácio de Buckingham.
Antes de receberem da rainha da Inglaterra a medalha da Ordem do Império Britânico — uma honra destinada apenas a cientistas, aristocratas, militares — os quatro fabulosos de Liverpool resolveram ir ao banheiro fumar um cigarro de maconha para relaxar. Anos mais tarde, George Harrison negou o episódio, mas o baterista Ringo Starr afirmou que não se lembrava de muita coisa porque estava doidão...

Keith Moon
QUANDO: década de 70

O QUE APRONTOU: detonou a própria bateria.
O baterista da banda inglesa The Who vivia chapado, adorava se vestir de nazista e destruía privadas usando bombas. Durante um show, o doidão explodiu sua bateria, causando danos permanentes à audição de Pete Townshend, seu companheiro de banda. Em 1978, Moon teve uma overdose e foi explodir buscapés em outra dimensão.

G. G. Allin
QUANDO: décadas de 1980 e 90

O QUE APRONTOU: atirou cocô nos fãs.
Apelidado de "sociopata do rock", esse metaleiro underground foi preso 52 vezes por suas performances no palco. Não era para menos: Allin, morto de overdose em 1993, costumava cantar com os "documentos" de fora, socava o próprio rosto com o microfone, defecava no palco, jogava cocô na platéia e se auto-sodomizava com o microfone! É loucura para ninguém botar defeito.

Revista Mundo Estranho Edição 33/ 2004

Como se tornar um guarda-florestal?

Helena Arnoni

Passar todos os dias em contato com a natureza parece perfeito, mas essa profissão também tem seus perigos. "A extração ilegal de palmito é uma modalidade de crime organizado. Já teve funcionário morto por essa gente", diz o guarda-florestal Eduardo Lourenço da Silva, responsável pelo Parque Estadual Xixová-Japui, no litoral de São Paulo. É bom não confundir esse trabalho com o da polícia florestal - braço da polícia militar. Os guardas-florestais são funcionários civis, ligados às secretarias estaduais ou municipais do meio ambiente.
FORMAÇÃO

Graduação e pós-graduação: um curso superior não é obrigatório, mas é recomendável que se façam cursos específicos da área.
Outros cursos: para ser um guarda-florestal só é preciso ter o ensino fundamental completo e passar em concurso público. Mas quem quer se aprofundar pode fazer cursos técnicos oferecidos por entidades como o Senac (www.senac.br/guiadeprofissoes).

O que se aprende: esses cursos especializados dão noções sobre primeiros socorros, legislação ambiental, técnicas policiais e de resgate, explicações sobre ecossistemas...
TRABALHO

Área de atuação: os guardas-florestais são funcionários públicos que trabalham na divisão das florestas e dos parques estaduais, fiscalizando essas áreas.
Dia-a-dia: não existe uma rotina fixa. Num dia você pode servir como monitor para grupos que visitam o parque. No outro, pode estar coibindo a caça, a pesca predatória e o desmatamento no local, tendo que inclusive enfrentar criminosos ambientais. A parte burocrática da coisa é a necessidade de fazer relatórios sobre todas as atividades diárias que você executa.

Situação do mercado: faltam profissionais em alguns estados, como São Paulo. O problema é que os concursos públicos para preencher essas vagas não são feitos com frequência.
O que vale mais a pena: a oportunidade de trabalhar ao ar livre, em contato com a natureza, e saber que sua atividade ajuda a preservar o meio ambiente.

Por que pensar duas vezes: nem sempre é muito fácil conscientizar as pessoas sobre o papel de cada um na conservação ambiental.
REMUNERAÇÃO

Salário inicial: por volta de 500 reais
Salário possível após dez anos: pode chegar a 3 mil reais se você mudar de cargo, como para técnico em segurança florestal.

Revista Mundo Estranho Edição 33/ 2004

Como foi a fundação de Israel?

Ela foi oficialmente anunciada em 14 de maio de 1948. A criação de Israel se baseou numa resolução aprovada um ano antes na Organização das Nações Unidas (ONU) e que previa a divisão do então território da Palestina em dois estados: um árabe e um judeu. Na época, a Palestina estava sob administração britânica e era habitada por uma maioria árabe. Por isso, a resolução da ONU, que foi aceita por líderes judeus, acabou sendo recusada pelos governantes dos países árabes vizinhos da Palestina. As discussões diplomáticas ainda estavam quentes quando líderes judeus se apressaram para decretar a independência de Israel em maio de 1948. A resposta árabe foi imediata: no dia seguinte à declaração de independência, Egito, Síria, Líbano e Iraque atacaram o novo país. Cerca de 750 mil árabes que viviam na região foram obrigados a fugir por causa do conflito. Por outro lado, 800 mil judeus residentes em países como Síria, Iraque, Tunísia, Líbia e Iêmen deixaram às pressas seus lares, a maioria tornando-se imediatamente cidadãos de Israel. A vitória israelense viria no ano seguinte, em 1949, garantindo a sobrevivência do novo país. Mas, longe de tranqüilizar as coisas, o resultado do conflito só semeou mais violência na região. Violência que dura até hoje.

Independência sangrenta
Região permanece em estado de guerra há quase 60 anos.

1897
O primeiro Congresso Sionista, na Basiléia, na Suíça, marca o início do movimento que reivindica um estado para os judeus na Palestina. Essa região no Oriente Médio não é escolhida ao acaso: os judeus defendem que viviam lá até serem expulsos pelo Império Romano no século 1.

1939
Com o início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os nazistas alemães passam a perseguir judeus por toda a Europa. Estima-se que 6 milhões tenham morrido em campos de concentração e extermínio, acontecimento conhecido como Holocausto.

1946
Ao final da guerra, com milhões de judeus perseguidos sem ter para onde ir, o sionismo ganha força. Os britânicos, que dominavam a Palestina, tentam evitar a imigração de judeus para a região — mais de 50 mil refugiados são detidos na ilha de Chipre.

1947
Em 29 de novembro de 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprova a divisão da Palestina em dois estados: um judeu e outro árabe. Líderes judeus aceitam a resolução da ONU, mas os países árabes não - na época, viviam na região 1,3 milhão de árabes e 600 mil judeus.

1948
Enquanto as tropas britânicas deixam a Palestina, grupos sionistas agem para organizar logo o Estado judeu. Em 14 de maio, o presidente da Agência Judia para a Palestina, David Ben-Gurion, anuncia a formação de Israel.

1948/49

Os países árabes vizinhos não reconhecem o novo país e tem início a Guerra de Independência de Israel, a primeira de uma série de conflitos entre árabes e israelenses. A guerra termina em 1949. Israel não só vence, como consegue a ampliação do Estado judeu.
Revista Mundo Estranho Edição 33/ 2004

Quais as 13 maldições de O Exorcista?

Carlos Primati

Vai atrair mau agouro assim lá no inferno! A saga de quatro filmes de terror iniciada em 1973 com o clássico O Exorcista coleciona uma impressionante lista de tragédias e acidentes inexplicados. O recém-lançado Exorcista: o Início segue a mesma tradição, numa produção conturbada que envolveu troca de diretores e até a refilmagem de praticamente todo o material.
exorcista

MUNDO ESTRANHO bravamente investigou 13 evidências de "presença diabólica" nos quatro filmes da série. Verdade? Mito? Pelo sim, pelo não, já encomendamos um exorcismo aqui na redação!
O Exorcista (1973)

1. A primeira morte
No filme de estreia da saga, o ator Jack MacGowran é o primeiro a morrer na história, despencando de uma tenebrosa escadaria. Uma semana após terminar de gravar MacGowran morreu mesmo. Dizem que vítima de pneumonia. Será?

2. Azar contagiante
Muitas "tragédias" ocorreram com o "amigo do amigo do amigo". O ator Max von Sydow, o padre Merrin, mal começou a gravar quando soube que seu irmão havia morrrido. A esposa grávida de um assistente de câmera perdeu o bebê. E por aí vai...

3. Equipe dos diabos
A equipe técnica sofreu horrores durante a produção. O homem que refrigerava o quarto onde aconteceu as cenas de possessão morreu de maneira inexplicável. Um vigia noturno que cuidava dos cenários foi morto a tiros durante uma madrugada. Um carpinteiro cortou o polegar fora. Outro serrou o dedão do pé. Imprudência no trabalho? Não, culpa do diabo!

4. Puxada infernal
A atriz Ellen Burstyn, que fazia a mãe da garotinha endiabrada, sofreu uma grave lesão na cena em que é atirada para longe pela filha. A culpa é tanto do demônio quanto do diretor Willian Friedkin, que instruiu o técnico responsável por puxá-la com a corda e "dar tudo de si".

5. Dublagem maldita
A atriz Mercedes McCambrige ingeriu ovos crus, fumou igual uma chaminé e fez o diabo pra ficar com a voz rouca e demoníaca da menina possuída. Mas os produtores "esqueceram" de colocar o nome dela nos letreiros do filme. A atriz processou o estúdio - só para saberem que não se brinca com o demo!

6. Vingança musical
O argentino Lalo Schifrin compôs uma trilha sinistra para O Exorcista, mas o diretor Friedkin achou o trabalho muito... chinfrim. Preferiu então usar o tema de piano já pronto ("Tubular Bells"). Schifrin vendeu a trilha rejeitada para o filme A Casa do horror (1979). Resultado: recebeu indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro, coisa rara para um filme de terror!

O Exorcista II: O Herege (1977)
7. Antes nunca do que tarde

John Boorman foi a primeira escolha para dirigir O Exorcista, mas recusou a oferta. Anos depois, assumiu as rédias de O Exorcista II - o Herege. Durante as filmagens, contraiu uma infecção respiratória e passou mais de um mês de cama. Quando tentou pular fora da roubada, foi ameaçado de processo judicial pelo estúdio e concluiu o filme contrariado.
8. Papel de peso

A menininha meiga do primeiro filme virou uma mocinha rechonchuda em O Exorcista II. Se alguém desconfiava que a jovem atriz Linda Blair era talentosa, ela fez questão de pulverizar essas suspeitas. O filme marca o início de sua decadência rumo ao ostracismo e a um corpo em forma... de pêra!
9. Xô, imitações

Se você acha O Exorcista II ruim (e ninguém aqui afirma o contrário!), precisa ver as imitações bisonhas que surgiram em toda parte do mundo. Aliás, precisa não. É melhor evitar. Coisas como Abby (a versão "black power" de O Exorcista), Seytan (a imitação cena a cena feita na Turquia) e Jadu Tona (produção hindu com muito canto e dança). Devem irritar até o próprio capeta!
O Exorcista III (1990)

10. Sem pé nem cabeça
O Exorcista III não é uma sequência dos anteriores. Ou melhor, não era para ser. O filme se baseia no livro O Espírito do Mal, de William Peter Blatty, autor do primeiro O Exorcista, que aqui também brinca de diretor. Foi ideia dos produtores trocar o título e inserir referências ao clássico de 1973. O enredo se inspirou num serial killer verdadeiro, confundindo ainda mais as coisas.

O Exorcista: O Início (2004)
11. Convite macabro

John Frankenheimer (Operação França II, Ronin) era um direitor respeitado em Hollywood. Isso até esnobar o convite para dirigir Exorcista: o Início. Respondeu um sonoro "não" aos executivos do estúdio e acabou fulminado por um derrame apenas um mês depois.
12. Fim de carreira

A carreia de Paul Schrader ia mal quando ele teve a boa chance de dirigir Exorcista: o Início. Mas sua abordagem mais psicológica não fez a cabeça dos produtores. Ele foi demitido e deu lugar a Renny Harlin, que, precavido, já disse acreditar na maldição da saga.

13. Marcha fúnebre
Michael Kamen (Máquina Mortífera, X-Men) foi o primeiro compositor cogitado para cuidar da trilha sonora do novo filme, antes de Christopher Yung assumir o posto. Kamen sofreu um ataque cardíaco fulminante em 2003. O músico, porém, já flertava com o perigo: em 1999, gravou com a banda Metallica, aquela que estourou nas paradas de sucesso após vender a alma ao diabo...

Revista Mundo Estranho Edição 33/ 2004

Quais são os dez exércitos mais poderosos do mundo?

Rankings de poderio bélico são polêmicos, mas, em qualquer lista desse tipo, quem aparece no topo é o exército dos Estados Unidos (só para simplificar, usamos "exército" na nossa pergunta como sinônimo popular de Forças Armadas, incluindo aí Exército, Marinha e Aeronáutica). Além de armas arrasadoras, os americanos têm um efetivo de 1,4 milhão de soldados (só perdem para os chineses nesse quesito) e torram uma fortuna com os militares: por ano, são 329 bilhões de dólares, o que dá 1 138 dólares por habitante, um dos maiores gastos do mundo. Eleger o senhor dos exércitos foi fácil, mas descobrir o resto do ranking foi uma guerra. Encaramos a batalha e montamos uma primeira versão da lista com base nas informações do Instituto Internacional para Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês), a mais conceituada organização independente que monitora a situação dos exércitos de todo o mundo. Das estatísticas do IISS, tiramos três dados comparativos: o efetivo de cada exército, os gastos militares totais e per capita. Mas, como a tecnologia e o poder dos armamentos também contam valiosos pontos, decidimos avaliar o arsenal de cada nação recorrendo à análise de Ricardo Bonalume Neto, jornalista da Folha de S.Paulo especializado em assuntos militares - são dele os comentários nos quadros ao lado. Além dos dez mais, Bonalume chama a atenção para outros dois países fortes: Japão e Alemanha. "Os japoneses têm navios, tanques e canhões que não devem nada em termos de tecnologia aos americanos. Os alemães também contam com um exército bem equipado. O destaque é o tanque Leopard 2, um dos melhores de todos os tempos."

Guerra de gigantes
Países fortes conjugam batalhões numerosos, altos orçamentos e armas de última geração.

1. Estados Unidos
Efetivo: 1 414 000 soldados

Gasto militar anual: 329 bilhões de dólares (1 138 dólares por habitante)

Armas nucleares: sim
Única superpotência militar depois do colapso soviético, os Estados Unidos são donos da mais poderosa esquadra do globo, que tem uma dúzia de porta-aviões gigantes, a maioria de propulsão nuclear. O país conta ainda com o maior arsenal nuclear e modernos armamentos operados por computadores e guiados por satélites.

2. Rússia
Efetivo: 988 100 soldados

Gasto militar anual: 48 bilhões de dólares (333 dólares por habitante)
Armas nucleares: sim

O maior herdeiro da ex-URSS possui exército numeroso e pesquisa militar de ponta, mas tem poucos recursos para comprar equipamentos. A vocação por números astronômicos diminuiu: durante a Guerra Fria, a URSS chegou a ter 5,3 milhões de soldados — um recorde — e produziu mais de 70 mil tanques das séries T-54/T-55/T-62. Eles eram inferiores aos modelos ocidentais, mas podiam levar a melhor pela quantidade.
3. China

Efetivo: 2 270 000 soldados
Gasto militar anual: 48 bilhões de dólares (37 dólares por habitante)

Armas nucleares: sim
O país mais populoso da Terra conta com bom número de armas nucleares e sempre teve Forças Armadas numerosas, mas o nível pouco sofisticado de sua indústria não permitia equipar as tropas com armas de última geração. Isso mudou recentemente: o salto econômico e a relativa abertura política das últimas duas décadas levaram a China a investir na modernização do arsenal.

4. França
Efetivo: 260 400 soldados

Gasto militar anual: 38 bilhões de dólares (636 dólares por habitante)
Armas nucleares: sim

Para se proteger da ameaça comunista na Guerra Fria, os franceses criaram uma força nuclear própria com os três meios clássicos de lançar armas atômicas: mísseis em terra, em submarinos e em aviões. A indústria de defesa é uma das principais da Europa, produzindo tanques de ótima qualidade, como o Leclerc, e aviões clássicos como os das séries Mirage.
5. Reino Unido

Efetivo: 210 400 soldados
Gasto militar anual: 35 bilhões de dólares (590 dólares por habitante)

Armas nucleares: sim
Até a Segunda Guerra (1939-1945), a Grã-Bretanha era a maior potência naval da Terra. Depois do conflito, a Marinha Real encolheu, mas ainda é uma das principais do mundo. O Exército sempre foi pequeno, mas é um dos mais profissionais do planeta, bem equipado com tanques, blindados de transporte de pessoal e uma parafernália de mísseis.

6. Coréia do Norte
Efetivo: 1 082 000 soldados

Gasto militar anual: 4,7 bilhões de dólares (214 dólares por habitante)
Armas nucleares: sim

Assolado pela pobreza e pela fome, este país sustenta um dos estados mais militarizados do planeta. Envolvidos em disputas de território com a Coréia do Sul desde a década de 40, os comunistas do Norte contam com tropas numerosas com muito armamento convencional. Nas últimas décadas, o país desenvolveu tecnologia para produzir armas nucleares.
7. Índia

Efetivo: 1 298 000 soldados
Gasto militar anual: 13 bilhões de dólares (13 dólares por habitante)

Armas nucleares: sim
O segundo país mais populoso do planeta sempre esteve em briga com seus vizinhos muçulmanos. Hoje, o maior rival é o Paquistão, com quem disputa terras na região da Caxemira. As aguerridas tropas indianas estão entre as mais bem equipadas do Terceiro Mundo. Além de muitos soldados, a Índia tem armas nucleares e mísseis para transportá-las.

8. Paquistão
Efetivo: 620 000 soldados

Gasto militar anual: 2,5 bilhões de dólares (17 dólares por habitante)
Armas nucleares: sim

A maior potência militar muçulmana tem economia e população inferiores às da rival Índia, mas, para criar um "equilíbrio de terror" no sul da Ásia, o Paquistão também investiu em armas nucleares. Pouco se conhece sobre as armas atômicas ou sobre o tamanho do arsenal do país. Mas a existência da bomba dos dois lados da fronteira tem forçado Índia e Paquistão a uma convivência tensa — e "pacífica", na medida do possível.
9. Coréia do Sul

Efetivo: 686 000 soldados
Gasto militar anual: 12 bilhões de dólares (266 dólares por habitante)

Armas nucleares: não
Graças à proteção dos Estados Unidos, o país atingiu níveis econômicos, científicos e tecnológicos muito superiores aos do vizinho do norte. Por causa da crise com os comunistas, a Coréia do Sul mantém Forças Armadas poderosas em prontidão na fronteira, embora não tenha armas atômicas. O equipamento é de alta qualidade, comprado dos americanos ou desenvolvido localmente com ajuda ianque.

10. Israel
Efetivo: 161 500 soldados

Gasto militar anual: 9,4 bilhões de dólares (1 499 dólares por habitante)
Armas nucleares: sim

Pequeno e pouco populoso, Israel se envolveu em conflitos com os vizinhos árabes e resolveu se armar até os dentes. Para compensar a inferioridade numérica, os israelenses optaram por qualidade: suas tropas estão entre as mais bem treinadas da Terra, a Força Aérea dispõe de tecnologia de ponta e a experiência em combate fez o país desenvolver algumas das melhores armas disponíveis, como o tanque Merkava.
* Números referentes a 2002, ano mais recente em que as estatísticas foram compiladas. Fonte: anuário do Instituto Internacional para Estudos Estratégicos (International Institute for Strategic Studies - IISS)

Impávido colosso
Brasil é o mais bem armado da América do Sul, mas não fica entre os 10 mais do mundo.

Efetivo: 287 600 soldados
Gasto militar anual: 9,6 bilhões de dólares (55 dólares por habitante)

Armas nucleares: não
Não dá para cravar uma posição para o Brasil no ranking mundial de exércitos — a única certeza é que não chegaríamos ao Top 10 —, mas dá para fazer algumas comparações. Numericamente, nossas tropas são as maiores da América do Sul. Tecnologicamente, somos semelhantes aos vizinhos. Com fronteiras bem definidas, não há grandes rivalidades regionais. Por isso, o país não tem o mesmo "estímulo" para investir em armas que outros países brigões do Terceiro Mundo. Ainda bem.

Revista Mundo Estranho Edição 33/ 2004

Carro elétrico e solar, uma forcinha a mais do Sol

Construído pela empresa japonesa Kyocera, o SCV-O é um carro elétrico movido a bateria, mas que conta com um painel de células fotovoltaicas sobre o capô, que transformam luz do sol em eletricidade e podem carregar as baterias do carro.

Um típico veículo para circular pelos congestionamentos das cidades grandes é o SCV-0, construído pela japonesa Kyocera. É um carro elétrico movido a bateria, mas que conta com um painel de células fotovoltaicas sobre o capô. Elas transformam luz do Sol em eletricidade e podem recarregar as baterias do carro enquanto ele anda, se o dia estiver ensolarado. Sua autonomia, nesse caso, chega a 160 quilômetros.
A  velocidade máxima que o SCV-0 desenvolve é 65 quilômetros por hora, adequada para um pequeno carro de uso urbano que tem lugar somente para duas pessoas. Esse protótipo custa 70 000 dólares, mas os engenheiros que os construíram pretendem encarar o desafio de, em cinco anos, lançá-lo comercialmente pelo competitivo preço de 14 000 dólares.

Revista Super Interessante n° 040

Imagens do corpo made in Brazil

Instituto de Física e Química da USP, campus de São Carlos, está construindo o primeiro tomógrafo nacional.

Capazes de fornecer imagens detalhadíssimas do corpo humano em diversos ângulos, os aparelhos de ressonância magnética já se tornaram indispensáveis no diagnóstico de tumores e alterações metabólicas do organismo. Mas, apesar de caros, os hospitais brasileiros costumam importá-los, por falta de opção. Agora, o Instituto de Física e Química da Universidade de São Paulo, campus de São Carlos, estão construindo o primeiro tomógrafo nacional, que será inaugurado em setembro desse ano no Hospital Universitário. Estamos usando um campo magnético mais alto do que o dos tomógrafos comuns para a realização dos exames” informa o físico Horácio Panepucci, coordenador da equipe construtora do aparelho. Por isso, será possível obter imagens com melhor definição do que a dos aparelhos importados.” O físico explica que o equipamento brasileiro permitirá a realização de exames de espectroscopia localizada e assim será possível a identificação de alterações químicas nos tecidos. Segundo ele afirma, trata-se de uma das mais modernas técnicas de diagnóstico, ainda em fase de estudos. Nosso trabalho é similar àqueles que estão sendo desenvolvidos nos grandes centros de pesquisa de outros países.
Revista Super Interessante n° 040

Acelerado pela luz captadas por células voltaicas

Protótipo americano está equipado com um painel de células fotovoltaicas que geram energia para os dois motores elétricos do carro.

Carros solares com formas esquisitas são história perto do Solectria Lightspeed, criado pela americana Solectria Corporation. Ele tem não só o jeito, mas o desempenho de um carro esportivo convencional – vai de 0 a 100 quilômetros por hora em 8,5 segundos, enquanto o mais rápido carro brasileiro, o Gol GTi, vai em 10 segundos. No teto do Lightspeed está um painel de células fotovoltaicas, que geram energia para os dois motores elétricos do carro. Ele também está equipado com baterias que conservam energia suficiente para garantir 240 quilômetros de viagem à noite ou sob tempo nublado. O fabricante pretende colocar esse esportivo solar no mercado dentro de dois anos, ao preço de cerca de 15 000 dólares, assim que conseguir resolver problemas como a resistência do carro a colisões.
Revista Super Interessante n° 040

Carros: informações nos olhos

Protótipo da Citroen francesa apresenta imagens do painel no próprio pára-brisa do carro.

O protótipo Activa 2, da francesa Citroën, traz uma inovação recente da indústria automobilística para pôr fim à ginástica ocular que o motorista faz enquanto dirige, tendo de olhar para a frente e para o painel quase ao mesmo tempo. Pois o Activa 2 apresenta imagens virtuais no próprio pára-brisa do carro, por um método parecido com o oferecido aos pilotos dos aviões de caça para observarem os velozes alvos que perseguem. Essa imagem, cuja altura pode ser regulada pelo motorista, dá informações como velocidade, quantidade de litros de combustível disponível ou temperatura externa. Como num carro comum, se alguma função vital do veículo apresenta alterações  por exemplo, a pressão do óleo ou a temperatura da água – uma imagem real é projetada também no pára-brisa, avisando imediatamente o motorista do problema.
Revista Super Interessante n° 040

Como as naves espaciais e satélites conseguem fazer curvas no espaço, onde não existe ar?

Wilson Bento dos Anjos

No espaço não existe a diferença de pressão do ar que dá origem às forças que viabilizam manobras dentro da atmosfera. Para compensar a ausência de ar, as naves e satélites possuem foguetes de propulsão com motores que armazenam combustível líquido. “Quando acionados, os motores provocam uma reação química, transformando o combustível em gases quentes. Esses gases, ao saírem, produzem uma força que possibilita a realização de manobras”, explica o engenheiro elétrico Aydano Carleial, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, de São José dos Campos, SP.
Revista Super Interessante n° 040

Economia no infravermelho


Dr. John F. Ackerman, da General Electric americana, desenvolveu um novo bulbo em lâmpadas halógenas que economiza 60% de energia emitindo radiação infravermelha invisível.
Desenvolvido pelo Dr. John F. Ackerman, da General Electric americana, um novo bulbo usado em lâmpadas halógenas economiza 60% de energia. O filamento de lâmpada, aquecida para produzir a luz, emite radiação infravermelha, invisível. O segredo do novo bulbo produzido pela GE está num revestimento especial que reflete essa radiação, impedindo que ela se disperse. É como se criasse uma espécie de efeito estufa em miniatura, dentro do bulbo. Assim, o filamento recebe um calor extra, além daquele gerado pela eletricidade que o atravessa, e produz a mesma quantidade de luz com menor quantidade de energia.

Revista Super Interessante n° 040

Estacionamento sem motorista

Protótipo desenvolvido pela Volkswagen alemã é capaz de estacionar sozinho em uma vaga.

Acabou-se o drama dos motoristas que tremem ao encontrar vagas apertadinhas para parar o carro, e não levam o menos jeito para manobrar. O Futura, protótipo desenvolvido pela Volkswagen alemã, é capaz de estacionar sozinho. O motorista pára perto de uma vaga e aciona uma tecla. Um computador dentro do carro começa então a acionar seus sensores a laser e raios infravermelhos, instalados a seu redor, e calcula como vai manobrar. Ele informa sua decisão no painel, bastando ao motorista apertar outra tecla para mandá-lo prosseguir. O Futura engata a primeira ou a ré, vira as quatro rodas, encontra o espaço livre e acha uma maneira de ocupá-lo. O motorista pode até sair do carro e assistir ao espetáculo, pois não há a menos chance de ele bater nos carros da frente ou de trás, nem na calçada. Os mesmos sensores que o fazem estacionar informam no painel de cristal líquido se o carro, quando em movimento, está perigosamente próximo do que vai à frente. Quando o motorista cola na traseira de outro carro, o painel alerta com um berrante vermelho.
Revista Super Interessante n° 040

Cassini em expedição: sob o domínio de Saturno


Flávio Dieguez e Márcia Rocha
Milhares de anéis e 18 luas de gelo compõem o universo do segundo maior planeta do sistema solar. A nave americana Cassini irá até lá para conferir toda sua grandeza.

Quando as naves americanas Voyager foram lança-das ao espaço, no início dos anos 70, tinham como missão obter as primeiras imagens detalhadas dos mais distantes planetas, cuja estrutura não pode ser examinada apenas ao telescópio. Mas assim acabaram abrindo um novo capítulo na conquista do sistema solar, pois essa região é ocupada por corpos muito diferentes da Terra e dos seus poucos vizinhos — a Lua, Mercúrio, Vênus, Marte e seus dois satélites, Fobos e Deimos, todos constituídos, basicamente, por rochas e metais. A partir de 1980, em vez disso, os cientistas descortinaram uma grande diversidade de mundos, construídos segundo uma bizarra arquitetura de gelos e de gases. Nessa nova vitrine de criações cósmicas, Saturno, o segundo maior planeta do sistema solar, ocupa um lugar especial. Antes de mais nada, por causa dos anéis — milhões de rochas geladas que flutuam praticamente encostadas à superfície do planeta, as mais próximas a apenas 17 000 quilômetros, 5 por cento da distância entre a Terra e a Lua. Em compensação, espalham-se no espaço como uma finíssima lâmina de 80 000 quilômetros de extensão e 2,5 quilômetros de espessura. O resultado é um inigualável espetáculo de equilíbrio e harmonia, no qual as rochas contrabalançam a imensa gravidade de Saturno girando à velocidade de 50 000 quilômetros por hora.Não menos impressionante, porém, é o cortejo de satélites do planeta, composto por nada menos que dezoito corpos celestes das mais variadas formas e tamanhos. Titã, por exemplo, o maior deles, é um verdadeiro achado cósmico. Por incrível que pareça, embora gelado e sem água, ele pode conter pistas importantes sobre a química da vida. Primeiro, porque possui uma atmosfera parecida à da Terra; é uma das três únicas luas dotadas de ar, junto com Tritão, de Netuno, e Io, de Júpiter. Mas apenas a Terra e Titã contêm ar com uma grande proporção de nitrogênio misturado a um pouco de metano. Em segundo lugar, ambos apresentam substâncias como o ácido cianídrico, o cianogênio e o cianoacetileno, consideradas as precursoras das moléculas orgânicas. Parece significativo que as mesmas substâncias tenham se formado em ambientes tão diferentes, e diversos cientistas, atualmente, debruçam-se sobre essa questão. Entre eles está o físico brasileiro Carlos Vianna Speller, da Universidade Federal de Santa Catarina. De posse dos dados das Voyagers, ele criou um simulacro da atmosfera titaniana em seu laboratório e agora se dedica a bombardeá-la com radiação. Assim, pretende descobrir como se formaram as substâncias que, na Terra, precederam o aparecimento dos seres vivos. "Queremos deslindar os meandros dessa química", conta.Os americanos, por outro lado, pretendem abordar essa questão mais diretamente. Estão se preparando para lançar a sonda automática Cassini, cuja meta é estacionar numa órbita próxima de Saturno e, de lá, enviar uma nave auxiliar à superfície de Titã. Equipada com inúmeros instrumentos científicos e uma câmara de TV, a pequena sonda será lançada até 1996. E quando chegar ao destino, em 2002, vai encontrar um mundo que é quase um planeta. Titã tem um raio de aproximadamente 2 000 quilômetros, não muito menor que o de Mercúrio, que mede 2 500 quilômetros, ou o de Marte, com 3 000 quilômetros. Além disso, é coberto por extensos mares de hidrocarbonetos — parentes químicos da gasolina, de grande importância nos fenômenos estudados por Speller. Esses líquidos poderiam compensar a falta da água, tão necessária às reações químicas.No entanto, ao contrário dos planetas mais conhecidos, metade do corpo de Titã é feito de gelo, pois a água era um material extremamente abundante em todo o sistema solar na época de sua formação. Os planetas e luas mais próximos do Sol, devido ao calor, perderam a maior parte de sua cota. Mas, além da órbita de Marte, a água e outras substâncias geladas condensaram-se na forma de corpos celestes. Nos outros satélites saturnianos, a importância dessa matéria-prima chega a ser maior que em Titã, pois contém de 60 a 70 por cento de gelo. Curiosamente, esses mundos distantes acabam tendo uma vida geológica mais ativa que alguns astros rochosos. É que o gelo é mais fácil de moldar — por exemplo, por meio da energia liberada durante o impacto de meteoros.Esses últimos, efetivamente, produzem mudanças drásticas nos arredores de Saturno, como se vê em Japeto, a segunda lua em tamanho, que tem metade de sua superfície coberta por uma estranha substância escura. A idéia é que se trata de uma espécie de lava, isto é, matéria do interior do satélite que, sob um forte impacto externo, fundiu-se e vazou para a superfície. "Imaginamos que essa pasta contenha amônia, gelo de água e algum outro composto escuro, de natureza incerta" arriscam os planetologistas Laurence Soderblom e Torrence Johnson, ligados à agência americana NASA. Eles afirmam que, antes dos anos 80, já se esperava que os satélites de Saturno, assim como os de Júpiter, apresentassem alto grau de atividade geológica."Mas os resultados foram muito mais amplos que o esperado". acrescentam. Réia, uma lua quase do mesmo tamanho que Japeto (com 1500 quilômetros de raio), exibe os mesmos estranhos vazamentos escuros. Em outros satélites, como Tétis, existem largas rachaduras superficiais, provavelmente devido a fortes tensões em sua crosta gelada. O próprio Saturno é um gigante de gelo, mas nesse caso há um componente adicional: a imensa massa de gases que o circunda. Embora seja 750 vezes maior que a Terra, Saturno é o planeta mais rarefeito de todo o sistema solar — se fosse possível colocá-lo em uma bacia com água, flutuaria.Isso não quer dizer que seja leve, pois é 95 vezes mais pesado que a Terra. No entanto, apenas o seu núcleo, com 5 por cento do volume total, é constituído por gelo e rocha sólida. Acima dessa, existe um mar de hidrogênio líquido e o resto são gases de hidrogênio e hélio, os mais leves da natureza. Isso faz com que a densidade do planeta se torne menor que a da água", ensina o planetologista Oscar Matsuara, da Universidade de São Paulo (USP). Outra conseqüência da massa gasosa é que ela dá a Saturno uma superfície extremamente turbulenta, já que, apesar de todo seu tamanho, ele leva somente 10 horas e 32 minutos para completar uma volta em torno de si mesmo.Como se vê, muito se aprendeu desde o tempo em que Saturno foi descoberto — ele já era conhecido pelos sábios da Babilônia, no século VII a.C. A cerca de 1 bilhão de quilômetros da Terra, era o mais longínquo planeta conhecido pelos antigos. Posteriormente, a descoberta dos anéis maravilhou o mundo. O autor da façanha foi o italiano Galileu Galilei (1564-1642), que, em julho de 1610, observou duas estranhas "orelhas" nas bordas do planeta. Seu telescópio mostrava apenas as extremidades dos anéis, pois apareciam dos lados de Saturno, bem nítidas contra o céu escuro; não permitia ver a pane central, ofuscada pelo astro, ao fundo. Assim, o enigma só foi decifrado em 1656, pelo astrônomo holandês Christiaan Huygens (1629-1695). No século seguinte, um outro engano seria derrubado pela argúcia do físico francês Pierre Simon de Laplace (1749-1827). A história começou com o astrônomo italiano Gian Domenico Cassini (1625-1712), que descobriu a divisão dos anéis em faixas concêntricas.Mesmo depois disso, no entanto, continuou-se a pensar que os anéis eram sólidos e formavam um único bloco — uma teoria absurda, segundo Laplace. Se os anéis formassem um bloco, disse ele, seriam destruídos por sua própria rotação, pois seu aro interno, mais próximo de Saturno, sofreria uma atração gravitacional mais intensa. Como consequência, tenderia a girar mais rapidamente. Já o aro externo, mais distante e menos solicitado pela força, giraria com mais lentidão. Em suma, a diferença de velocidade entre as panes destroçaria o suposto corpo único e íntegro. Por ironia, parece ter sido exatamente assim que os anéis surgiram — pelo menos é o que pensam os defensores da hipótese de que eles são os restos de um antigo satélite.Dessa vez o raciocínio pioneiro coube ao francês Édouard Roche (1820-1883), que, não contente em aceitar a idéia de Laplace, decidiu aplicá-la a um corpo qualquer. Perguntou se, então, o que aconteceria se a Lua se aproximasse cada vez mais da Terra. A resposta, é claro, teria de ser semelhante àquela que se havia obtido com os anéis: o hemisfério mais próximo da Terra seria atraído com mais força e acabaria separando-se do hemisfério mais distante. De acordo com as contas de Roche, a Lua se desintegraria quando estivesse a 15 563 quilômetros do centro da Terra. Hoje, ela está segura, pois encontra-se a 384 000 quilômetros de distância e está se afastando gradualmente. Mas há 350 milhões de anos, a apenas 18 000 quilômetros, passou bem perto da desintegração. A mesma sorte não tiveram os anéis, pois, nesse caso, o raio de Roche é de cerca de 150 000 quilômetros, contados a partir do centro de Saturno — e o mais externo deles está a pouco mais de 136 000 quilômetros de distância. Assim, eles podem ter se originado de um ou vários satélites que passaram o limite e foram destruídos.Até que as imagens das Voyagers chegassem à Terra ninguém foi capaz de antever toda a riqueza de movimentos de que são capazes essas pequenas rochas geladas. Perfiladas em milhares de faixas — e não três, como ainda se supunha dez anos atrás —, elas às vezes se apresentam emboladas, torcidas como urna rosca, ou mesmo alinhadas numa reta, em flagrante desafio à geometria circular das órbitas.Análises recentes revelam que esses fenômenos devem-se à influência gravitacional de miniluas imersas na vasta planície dos anéis. Elas impedem que as pequenas rochas se misturem, e assim criam inúmeras faixas orbitais estreitas. Por isso, recebem o apelido de "pastoras", embora em muitos casos, em vez de guiar, esse tipo de ação sirva para subverter o movimento mais usual das rochas geladas. Os anéis, então, assumem as configurações torcidas, alinhadas ou emboladas. Além desse papel peculiar, as seis miniluas identificadas até agora fazem uma ponte entre as rochas dos anéis e os satélites.Com os seus 250 quilômetros de diâmetro, em média, elas criam uma escala crescente de tamanho que começa com os 50 metros das pequenas rochas e vai até os satélites, com um diâmetro de 1000 quilômetros ou mais. Em vista disso, já não há muito sentido em diferenciar anéis e satélites, pois algumas miniluas são quase tão grandes como alguns dos menores satélites. Também é possível que novas "pastoras" sejam descobertas nos próximos anos: é difícil discerni-las no emaranhado de anéis. Por último, mas não menos interessante, há miniluas que partilham a órbita dos satélites mais próximos.Essa curiosa circunstância, embutida nas leis da gravitação, havia sido prevista em 1772 pelo matemático francês Joseph Louis Lagrange, mas nunca havia sido observada. Com toda a justiça, os corpos nessa situação são chamados de satélites lagrangianos. Fatos como esse denunciam a acanhada perspectiva que se tinha do sistema solar, até época recente. Ao mesmo tempo, revelam que os planetas têm uma dinâmica de riqueza aparentemente inexaurível. Galileu chocou os seus contemporâneos quando mostrou que os mundos distantes não eram diferentes da Terra. Reconhecer essa semelhança foi um grande avanço, naqueles tempos. Hoje, esses mundos que, mesmo entre iguais, pode haver um universo de diferenças.
Os primeiros passos da vida nos desertos gelados de Titã

Com uma temperatura de 150 graus negativos e praticamente nenhuma água em estado líquido, Titã não parece ser um bom local para o desenvolvimento da vida. Apesar disso, contém ácido cianídrico, cianogênio e cianoacetileno - substâncias que na cálida e úmida Terra, há 4 bilhões de anos, foram decisivas para o surgimento dos seres vivos. Mas como puderam formar-se nas adversas paisagens titanianas? Essa é a pergunta que o físico Carlos Vianna Speller procura responder — mesmo sem sair de seu laboratório, em Florianópolis, SC. Para isso, reproduziu a receita da atmosfera de Titã numa câmara fechada, do tamanho de uma caixa de fósforo, e bombardeia essa mistura de gases com radiação. Agora espera que a energia radioativa force as reações químicas entre os gases: isso pode ter acontecido em Titã, pois no espaço também há radiação.Parecida com o ar da Terra primitiva — antes que as bactérias começassem a fabricar oxigênio —, a atmosfera titaniana contém 95 por cento de nitrogênio, 5 por cento de metano e menor quantidade de argônio. A diferença é que é muito rarefeita e fria. Essas condições extremas, copiadas por Speller sugerem uma analogia curiosa. "É como se a Terra tivesse sido colocada no congelador." O físico não espera provar, logo de saída, que os gases são a matéria-prima das substâncias orgânicas Mas já confirmou que, sob a blitz radioativa, eles tornam-se eletricamente carregados e formam grupos. Seria o primeiro passo para a união dos gases simples em uma arquitetura química maior e mais complicada.
Revista Super Interessante n° 040

Constelação de Sagitário aponta para o coração da Via Láctea

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão

A constelação do Sagitário, situada no alto da abóbada celeste, nesta época, é um dos marcos mais importantes do céu. N sua direção, embora bem mais distante, encontra-se o centro da Via Láctea, caracterizado por uma incrível concentração de estrelas. Para se ter uma idéia, basta ver que, num raio de 40 trilhões de quilômetros em torno do Sol, há uma única estrela – o próprio Sol. No centro da Via Láctea, porém, um volume equivalente abriga nada menos que 1 milhão de estrelas. Ou seja, se a Terra estivesse nesse lugar, estaria cercada por 35 sóis e em sua superfície nunca seria noite. Não admira, portanto, a desconfiança dos cientistas de que nesse núcleo ocorram fenômenos extraordinários.
Acredita-se, especialmente, que ele seja dominado por um imenso buraco negro – um astro desproporcionalmente denso, que pode ser 1 milhão de vezes mais pesado que o Sol. Infelizmente, não é possível checar diretamente essa hipótese, pois a região central da Via Láctea está sempre encoberta por nuvens de gás e poeira interestelar. Mesmo a olho nu, pode-se ver que em torno do Sagitário há grandes massas de estrelas e extensas nuvens reluzentes. Em janeiro, a constelação aparece junto ao horizonte, bem acima do ponto em que o Sol se põe, e, por volta das 21 h, se localiza a meia altura no céu, na direção nordeste. Os mais bonitos objetos desse quadrante celeste são as nuvens de gás, como a Nebulosa da Lagoa, uma das cinco ou seis visíveis em Sagitário. Igualmente interessantes são os aglomerados globulares, que são grupos de milhares de estrelas, com Messier 22 (em alguns casos, as nebulosas e os aglomerados são facilmente visíveis sem instrumentos, mas é sempre melhor usar uma pequena luneta, para ver mais detalhes).
Sobre esse fundo reluzente destacam-se as estrelas da constelação, especialmente Kaus Australis, que está entre as trinta mais brilhantes do céu. Mas os objetos reunidos em grande profusão nas vizinhanças do Sagitário não estão todos próximos entre si. Kaus Australis, por exemplo, está a uma distância de 85 anos-luz (cada ano-luz mede cerca de 10 trilhões de quilômetros). Sua estrela mais distante, Arkab, encontra-se a 218 anos-luz. Mesmo a Nebulosa da Lagoa, situada a 5 000 anos-luz, está relativamente próxima. Já o núcleo da Via Láctea, embora nessa mesma direção, esconde-se a mais de 30 000 anos-luz. Composto por estrelas gigantes, até 100 vezes mais pesadas que o Sol, ele forma uma esfera de 1500 anos-luz de raio, cujo volume é 1 milhão de vezes menor que o da Via Láctea. Apesar disso, engloba 10 bilhões de estrelas, um décimo de todos os astros da galáxia.
O núcleo pode ser estudado porque, além de luz, emite também ondas de rádio, para as quais a matéria interestelar é mais ou menos transparente. As informações mais recentes indicam que exatamente em seu coração existe uma poderosa fonte de força gravitacional, quase certamente um buraco negro. Próximo do centro galático, a matéria torna-se cada vez mais densa e mais agitada. A região que os instrumentos conseguem discernir já é bem menor que Sistema Solar, que mede desprezíveis 3,5 horas-luz. Mesmo assim, ainda não foi possível localizar a fonte da força. Portanto, apesar de imensa, essa última deve ter origem em um corpo muito pequeno, em comparação com sua intensidade. A matéria atraída pelo hipotético buraco negro é formada principalmente por poeira e gases, mas já existe evidência de que as estrelas inteiras estão sendo esfaceladas e tragadas por ele. Particularmente sugestiva é a imagem da estrela supergigante IRS-7, localizada bem perto do vórtice. De seu corpo deformado, sai um espesso filete de matéria, arrastado por uma força descomunal. A partir de observações como essa, avalia-se que o objeto oculto tem uma massa até 5 milhões de vezes maior que a do Sol.

Revista Super Interessante n° 040

Pega-pega nas estradas

Polícias dos EUA e Canadá estão usando um aparelho capaz de detectar detectores de radar, proibido nas estradas.

Um verdadeiro jogo de gato e rato acontece sempre pelas estradas americanas e canadenses, protagonizado por policiais rodoviários e pilotos diletantes. Munidos de radares, os policiais tentam capturar quem ultrapassa os limites de velocidade permitidos. Os apressados contra-atacam equipando seus carros com detectores de radar. Assim, quando se aproximam dos policiais, diminuem a velocidade e escapam da multa. Em alguns Estados americanos e no Canadá, porém, o uso desse detector é proibido. Agora, a polícia treplica com um aparelho capaz de detectar detectores de radar, o VG-2, inventado pela indústria canadense Techsonic. O VG-2 funciona captando as microondas emitidas pelos detectores de radar. Quando registra a presença dessas ondas, o aparelho emite um alarme sonoro. O policial atento para o aumento do som, até que chegue ao auge e diminua de repente, uma indicação de que o portador do detector de radar acabou de passar. É possível, então, identificá-lo e aplicar-lhe a lei. Nesse jogo de esconde-esconde, quem está ganhando por enquanto é a polícia.
Revista Super Interessante n° 040

Vida fora da Terra: o planeta dentro de uma redoma

Encerrados em uma perfeita réplica do planeta, quatro homens e quatro mulheres preparam-se para viver dois anos isolados do mundo.

O sonho de colonizar os planetas geralmente evoca uma vida de desconforto e monotonia num ambiente frio e artificial. Se depender da empresa americana Space Biospheres Ventures (SBV), no entanto, os pioneiros do cosmo mal sentirão a ausência de casa. E, para provar isso, ela construiu o que imagina ser um modelo da futuras colônias em Marte ou em outros mundos. Trata-se de uma requintada réplica da Terra, reduzida às proporções de um quarteirão e selada dentro de uma redoma de vidro e aço tão alta quanto um prédio de oito andares. Denominada Biosfera II, para diferenciá-la da Biosfera I æ a própria Terra æ , é difícil lembrar de alguma coisa que os projetistas tenham esquecido de instalar no seu interior. A começar pelos seres humanos, já que neste início de ano oito corajosos cientistas, quatro mulheres e quatro homens, devem trancafiar-se nesse planeta modelo para tentar viver dois anos desconectados do mundo.
Seria uma lúgubre perspectiva, se aí não encontrassem a riqueza paisagística e a vida dos principais habitats terrestres. Entre outras coisas, podem banhar-se em um pequeno oceano, chacoalhado por ondas artificiais e recortado por um recife de coral. Como alternativa, a poucos metros da praia, contam com a sombra de uma minifloresta tropical. Inspirada na Amazônia e muito úmida, ela situa-se em posição oposta a um terceiro ambiente, um deserto, necessariamente seco e quente. Entre esses dois pólos, além do mar, há ainda um pântano e uma savana. "A Biosfera é uma ponte entre a ciência espacial e a ecologia", aposta um dos diretores da SBV, Mark Nelson. No total povoam a redoma 3 800 espécies de animais e plantas com as mais variadas aptidões. Algumas delas servem para recortar os ambientes, como uma cortina de bambus tolerantes ao sal, providencialmente disposta entre o mar e a floresta. As plantas do deserto também têm um papel prático, pois florescem no inverno, quando as outras espécies vegetais estão em fase de dormência. Assim, a vegetação do deserto assume a tarefa essencial de absorver o gás carbônico, constantemente expirado pelos animais, e reemitir oxigênio. Essa reciclagem é tão importante, que impôs limites ao tipo e tamanho dos animais que podiam ser enclausurados.
Outro fator limitante, relacionado com esse, são as necessidades calóricas: animais que comem muito ficam de fora. Em vista disso, a maior parte dos bichos é composta por peixes, répteis e anfíbios, cujo organismo é mais lento e apresenta menor demanda energética. Os maiores mamíferos presentes, de fato, não passam de três gálagos, macacos quenianos de apenas 20 centímetros de comprimento. Isso, é claro, sem contar os humanos e suas presas, isto é, os animais domésticos incluídos como fonte de alimento. Mesmo nesse caso, porém, houve o cuidado de selecionar espécies pequenas, como um miniporco vietnamita, responsável pelo suprimento de carne, uma minicabra africana produtora de leite e minigalinhas japonesas, boas poedeiras.
Além disso, a contribuição desses animais para o cardápio restringe-se à variedade, ou um complemento à dieta básica. Da mesma forma, espera-se que pelo menos uma refeição por semana contenha frutos do mar, tais como ostras, mariscos, caranguejos e polvos. Mas nenhum desses itens compete em quantidade com as tilápias: elas fornecem o grosso das proteínas consumidas. Em seguida, vêm cinqüenta tipos de plantas cultivadas, como arroz, milho e legumes. Entre os vegetais, a variedade virá das frutas: até 85 por cento das espécies florestais são frutíferas e não haverá um único dia sem que pelo menos uma planta esteja frutificando."Os biosferianos terão a melhor dieta do mundo", opina o médico-chefe do projeto, Roy Walford, que vai ainda mais longe. Ele espera aumentar a expectativa de vida dos candidatos a colonizadores do espaço. Para isso, conta com uma fórmula que reduz o número de calorias e amplia a qualidade nutritiva das refeições. "Ratos submetidos a essa receita têm vida bem mais longa que a média da espécie", argumenta. Pode ser. Mas os verdadeiros desafios do projeto são outros. Aparentemente triviais, são muito difíceis de resolver.
Basta pensar na respiração. Ninguém se preocupa com o gás carbônico que exala ao respirar, porque as plantas o reconvertem continuamente em oxigênio. Num ambiente fechado, porém, o volume de gás carbônico cresce, em detrimento do de oxigênio, e mais cedo ou mais tarde acaba sufocando as pessoas e os animais presentes. O problema é tão sério, que na prática inviabiliza os vôos espaciais de longa duração. Os americanos, por exemplo, não podem ficar mais que dez dias em órbita, porque têm de levar consigo uma grande quantidade de oxigênio. Os cálculos mostram que cada astronauta precisa de pelo menos 5 quilos diários de alimentos, água e ar. Apenas em ar, o consumo alcança 3 quilos por dia, 60 por cento do peso total da mochila básica (os alimentos pesam 750 gramas e a água, 850 gramas).
Para que os astronautas não sufoquem, todos os dias é preciso recolher o gás carbônico gerado pela respiração e injetar nova cota de oxigênio nas cabines. Tudo isso, é claro, ocupa grande espaço no Shuttle, o principal veículo americano para operações em órbita, e custa caro — cada quilo de suprimentos sai pela pequena fortuna de 10 000 dólares. Diante desses números, fica fácil imaginar as dificuldades da grande estação orbital que os americanos planejam estacionar no espaço, em futuro próximo. Num projeto dessa envergadura, é preciso pensar em suprimentos para quatro ou cinco pessoas, em média, e durante um prazo de dois ou três anos. Nesse caso, a carga de provisões pode chegar a 20 toneladas, analisam os especialistas da NASA, a agência espacial americana.
Portanto, há razão de sobra para se pensar numa instalação auto-suficiente, isto é, que não exija novos suprimentos da Terra. É exatamente isso que se pretende com a Biosfera: estudar um meio ambiente fechado capaz de viver de si mesmo, como a Terra. Como é extremamente bem selada, tanto pode servir de suporte à vida no espaço, flutuando em órbita, como no solo hostil de um planeta vizinho. A redoma montada pela firma SBV, de fato, é capaz de reter o mesmo volume de ar, sem perdas significativas para o exterior, durante nada menos que 100 anos. Ao longo desse período, pelo menos em princípio, o oxigênio consumido seria reposto pelas plantas, em um sistema contínuo de reciclagem. Por outro lado, as fezes e a urina dos animais e do homem, seriam usadas para realimentar o solo e manter a produção vegetal em bom nível.
Algo semelhante já foi feito na União Soviética, no Instituto de Biofísica de Krasnoyarsk, onde três cientistas sobreviveram seis meses apenas com o ar reciclado por plantas. Também obtinham uma parte pequena de sua alimentação em hortas cultivadas. Apesar disso, os próprios soviéticos ainda encaram esse tipo de sistema como simples experiência e não o empregam em sua estação orbital Mir. Quando ela está ocupada, às vezes durante quase um ano, os astronautas têm que receber novas provisões regularmente. O fato é que não é brincadeira criar um sistema fechado, explica o biólogo Joe Hanson, do Laboratório de Jatopropulsão da NASA.Ele próprio imaginou uma experiência singular, mais pretensiosa do que simplesmente repor o ar com ajuda das plantas. Para isso, fabricou um globo de vidro, do tamanho de um melão, cheio de água e hermeticamente fechado, no qual encerrou um conjunto de bactérias, algas e camarões. Os camarões alimentavam-se de algas, respiravam oxigênio dissolvido na água e exalavam gás carbônico. Os seus dejetos, degradados pelas bactérias, serviam de alimento para as algas que, durante a fotossíntese, ao absorver gás carbônico, devolviam oxigênio à água. De maneira geral, o mecanismo funcionou, mas Hanson percebeu rateios perigosos em sua marcha. A reciclagem dos resíduos gasosos, por exemplo, não era constante, de modo que seu volume, em certos momentos, aumentava muito acima da média.
Essas flutuações não liquidaram os camarões porque eles toleram bem o excesso de gás carbônico. Mas os riscos aumentam muito quando se trabalha com organismos mais exigentes, afirma o cientista. "Ainda não foi possível manter vivo um vertebrado, como um peixe, por mais de dois meses." O projeto da Biosfera surgiu como uma ousada alternativa a esses resultados. Os seus autores argumentam que, quando se fala em reciclagem, talvez seja um erro tentar simplificar. Num ambiente onde vivem apenas camarões, algas e bactérias, perde-se a visão global e a grande variedade dos sistema reais. O ideal, segundo esse raciocínio, é montar habitats diversificados, como a própria Terra, e monitorá-los com precisão. Assim, os porões da Biosfera contêm um avantajado computador — o "sistema nervoso" do mundo artificial.
Ligado a 3 500 sensores espalhados pela redoma, ele é capaz de registrar dezenas de dados essenciais ao desempenho da experiência. Os sensores podem avaliar não apenas a quantidade de gases presentes na atmosfera, mas também o seu volume, já que o ar pode expandir-se ou contrair-se de acordo com a temperatura. A temperatura, por sua vez, também pode elevar-se devido ao excesso de gás carbônico, o qual retém calor por meio do temido efeito estufa. A umidade do ar é outro fator decisivo no desenvolvimento dos vegetais — uma das ousadias da Biosfera foi reunir, sob o mesmo teto, ambientes tão diferentes quanto um deserto e uma floresta tropical. O computador está preparado para ativar um sem - número de válvulas, ventiladores e bombas hidráulicas. Esse equipamento será responsável pelo controle de fenômenos como a chuva e o regime dos ventos, e também para corrigir falhas eventuais no curso dos acontecimentos. Certamente, é impossível prever o destino de um ambiente tão complexo. O oceano serve de ilustração, pois, por ser pequeno, rapidamente acumula resíduos orgânicos que absorvem oxigênio e ameaçam os corais e outros habitantes marinhos. Para que isso não aconteça, a água flui constantemente entre a superfície e o subsolo da redoma, onde passa por uma limpeza em regra. A operação, inteiramente automatizada, é feita por mais de trinta espécies de algas, que, em tanques especiais, devoram os resíduos orgânicos.
Na verdade, não há sequer garantia de que as plantas cultivadas vão sobreviver, ou se sua produção será suficiente para alimentar os humanos. Também não se sabe se os animais selvagens se adaptarão às novas circunstâncias. A maioria, num total de 45 espécies, é composta por insetos e foi escolhida por ser útil. Alguns deles revolvem o solo, outros servem de alimento para animais maiores e outros, enfim, contribuem para a reprodução das plantas, pois espalham as sementes e fazem a polinização. Resta saber se vão concretizar as expectativas.Mas as incertezas não preocupam os criadores da Biosfera. Para eles, mesmo se a reciclagem falhar, valerá a pena, pois será possível aprender com os defeitos. "A idéia é justamente essa", avalia o botânico inglês GhIllean Prance, consultor do projeto. "Preferimos reunir um grande número de espécies e observar quais delas se saem melhor. Estou preparado até para ver algumas sucumbirem à extinção." Confortavelmente instalados em apartamentos privados, os pesquisadores encerrados na Biosfera terão a tarefa de observar, em primeira mão, o desenvolvimento de seu micromundo.
Além de uma reunião informal para distribuir tarefas, realizada todos os dias, eles pretendem dedicar as manhãs à agricultura, deixando os trabalhos de pesquisa para a parte da tarde. Entre uma coisa e outra, podem ver televisão, ouvir música, ou mesmo fazer música, como é o caso do engenheiro eletrônico Taber MacCallum, autorizado a levar uma bateria para a Biosfera. A única exigência é que ele toque num quarto à prova de som, para não perturbar o trabalho — ou mesmo o descanso — dos outros. Talvez a principal diversão da equipe seja simplesmente passear em seu paraíso. Alguns dos escolhidos já haviam passado por experiência semelhante, em redomas menores construídas pela própria SBV, e estão agora encantados com o espaço disponível. É o caso da ecologista Linda Leigh, que viveu vinte dias em um módulo 300 vezes menor que a Biosfera. "Só o fato de poder me mover em três dimensões, me dá grande sensação de liberdade."Essa declaração revela uma perspectiva otimista que nem os mais ferozes críticos da experiência querem desabonar. Muitos cientistas duvidam da eficácia do projeto, em parte devido ao seu elevado preço — 180 milhões de dólares, financiados por um excêntrico bilionário americano, Edward Bass. Além disso, acredita-se que ele é complexo demais para ser monitorado, ou para, algum dia, ser enviado ao espaço. Mas a comunidade científica sempre simpatiza com a ousadia. É o que pensa, por exemplo, o especialista Arthur Galston, da Universidade Yale, para quem as perspectivas científicas são frágeis, na Biosfera. "Mesmo assim, ela abre caminho para uma região que nunca havia sido explorada antes."

Revista Super Interessante n° 040