A batalha de Austerlitz costuma ser vista como o ponto alto
da carreira de Napoleão Bonaparte. Em novembro de 1805, durante seu avanço
sobre a Europa central, o imperador francês havia tomado a cidade de Viena.
Passara então a perseguir as forças da Rússia e da Áustria, países membros da
aliança antinapoleônica que incluía também a Inglaterra. Em 2 de dezembro,
perto da cidade de Austerlitz – hoje Slavkov, no sudeste da República Checa –,
Napoleão montou uma armadilha. Organizou seu Exército para dar a impressão de
que o flanco direito estava desguarnecido. Os rivais morderam a isca e atacaram
exatamente por ali.
Napoleão, porém, tinha uma carta na manga. Secretamente,
mandara o marechal Davout trazer 7 mil homens de Viena – que marcharam
incríveis 110 quilômetros em 48 horas. Quando os aliados estavam prestes a
destroçar a ala direita do Exército francês, deram de cara com Davout, que
barrou o ataque. Enquanto isso, Napoleão pegou russos e austríacos no contrapé:
ordenou uma ofensiva ao centro da linha inimiga, dividindo-a em duas e
arrasando-a. Após a derrota, a Áustria viu-se obrigada a assinar um tratado de
paz com a França. Já o czar russo Alexandre I, humilhado, afirmou: “Somos
crianças na mão de um gigante”.1. Caindo na cilada de Napoleão, os russos atacam o flanco direito dos franceses, mas são contidos pela chegada das tropas do marechal Davout.
2. Num ataque secundário, o general russo Bagration investe contra as forças francesas do norte, mas é barrado pelos homens do marechal Lannes.
3. Aproveitando-se da neblina, o marechal Soult invade as colinas de Pratzen, partindo as forças aliadas ao meio. Russos e austríacos batem em retirada, abandonando 180 canhões.
Reforços
Para ir além da batalha.
Cores da vitória
As bandeiras de cada batalhão eram um troféu nos campos de
batalha do início do século 19. Quando uma unidade perdia seu estandarte, caía em
vergonha: era sinal de que tinha levado uma surra enorme. Já quem tomava um
estandarte inimigo cobria-se de glória. Em Austerlitz, o exército francês
capturou 50 estandartes russos e austríacos – perdeu apenas um. ·
Fogo no gelo
Um dos grandes trunfos de Napoleão era sua artilharia. Os
canhões do Império Francês, manejados por soldados de elite, eram precisos e se
moviam com muito mais agilidade que os dos rivais. Em Austerlitz, a artilharia
foi essencial para conter o ataque contra o flanco direito dos franceses, mas
também protagonizou uma das maiores crueldades já feitas por Napoleão. Ao ver
soldados russos em fuga, correndo sobre um lago congelado, ele ordenou que seus
canhões atirassem no gelo. O chão se partiu e centenas de homens morreram
afogados – os relatos da época falam em até 2 mil vítimas.
Guerra em paz
Em dezembro de 2005, 200 anos após a batalha de Austerlitz,
tropas francesas, russas e austríacas voltaram à região, tomando as pacatas
cidades de Slavkov, Tvarozna e Brno, na atual República Checa. Mas não houve
violência alguma: foi apenas uma reencenação histórica, que é um hobby comum
entre os aficionados por guerras da Europa. Cerca de 4 mil pessoas – incluindo
100 cavaleiros – de diversos países vestiram suas roupas de época e
participaram do evento. Foi a maior reconstituição de Austerlitz já feita.
Aventuras na História n° 050
Nenhum comentário:
Postar um comentário