Chegada ao cume por equipe inglesa em 1953 teve importância
política.
Em 1953, após décadas de tentativas e 15 mortes, o ponto
mais alto do mundo foi conquistado. Investimentos em pesquisas e testes levaram
ao topo do Everest a equipe inglesa dirigida por John Hunt. O feito foi
importante para a auto-estima da Inglaterra. Desde que o país perdera a chance
para a Noruega, em 1911, da conquista do Pólo Sul, subir o Everest tornara-se
uma questão de honra. Além disso, após a Segunda Guerra, os britânicos tinham
cada vez menos influência internacional. Mas, naquele ano, o neozelandês Edmund
Hillary e o sherpa (nepalês acostumado a altitudes de mais de 3 mil metros)
Tenzing Norgay fincaram os pés sobre o gigante de 8850 metros – feito repetido
mais de 2 mil vezes desde então. “Os primeiros alpinistas foram heróis: não
tinham informação sobre o que vinha pela frente nem os mapas e equipamentos que
temos hoje”, diz Thomaz Brandolin, primeiro brasileiro a chefiar uma expedição
ao Everest, em 1991.
Ontem e hoje
Como foi a primeira chegada ao topo - e como é atualmente.
Em 1953 - Oxigênio pesado - A expedição contou com oito
walkie-talkies, além de um rádio para a base com notícias inglesas e da Índia.
As garrafas de oxigênio, de alumínio, pesavam até 6 quilos – cada um levava
três. Os sacos de dormir e as roupas tinham certa tecnologia, como camadas de
ar que evitavam o resfriamento.
Hoje - Subida leve - Há internet, GPS e telefones via
satélite. As garrafas de oxigênio (feitas de titânio) pesam 3 quilos, e eles só
carregam uma.
Em 1953 - Comida calórica - Para manter a temperatura e a
energia do organismo, na primeira expedição, neve derretida era misturada com
chá ou chocolate e muito açúcar, já que essa água não tem sais minerais. O
cardápio incluía sardinha, biscoitos, damasco, tâmaras, geléia de frutas,
limonada e sopa.
Hoje - Rango desidratado - A tecnologia garante alimentação
mais reforçada, com produtos liofilisados, ou seja, desidratados, que duram
mais de dois anos e são rapidamente reidratados no preparo. Isotônicos também
são usados.
Em 1953 - Barracas de algodão - As barracas do acampamento
base, cerca de 30, eram feitas de algodão e náilon. Cada uma tinha sua função:
dormitório, refeitório, cozinha e atendimentos médicos. Na base era possível a
comunicação com a Índia e com a Inglaterra. Os alpinistas tinham de subir um
pouco e voltar a esse ponto todo dia. Hillary e Norgay voltaram oito vezes – no
fim, andaram o equivalente à subida do Everest 3,5 vezes.
Hoje - Quartos antivento - O número de barracas na base
chega a 250 – de náilon, protegem contra o vento. Da base saem os e-mails e
boletins sobre as expedições, por fax e internet. Há também quartos feitos de
pedra e banheiro químico.
Em 1953 - Gelo na rota - Na primeira vez que o Everest foi
vencido até o topo, o caminho usado foi pelo colo sul, o mais instável: lá
existe a chamada cascata de gelo, que se quebra e se refaz o tempo todo, além
das fendas profundas que são escondidas por finas camadas de neve.
Hoje - Caminho de pedras - Hoje, há dezenas de rotas
traçadas. O colo norte é o mais indicado. É mais estável porque tem mais
rochas, que proporcionam mais apoio na escalada. A superfície mais acidentada,
porém, exige mais habilidade física.
Sem ar
O organismo fica assim.
8000 m
O aproveitamento do oxigênio vai para 30%, causando muita
náusea. As tosses dão impressão de facadas nas costas. Se alucinações ocorrem,
são indicação de que a descida é necessária.
7000 m
A impressão inicial é a mesma que se tem em uma bebedeira: é
difícil pensar para fazer coisas simples, até mesmo andar e falar. A laringe
fica seca e pode congelar.
6000 m
A diminuição da umidade agrava o risco de desidratação do
corpo. A tontura pode incomodar devido ao excesso de calor depois de uma
escalada mais difícil. O sol brilha firme e forte e causa queimaduras.
5000 m
O aproveitamento do oxigênio cai para 50%. Você se sente
como se estivesse numa ressaca brava de vinho e as pontas dos dedos já podem
começar a sangrar com as fissuras de frio.
4000 m
A pressão do ar pode causar edemas pulmonares, cerebrais e
oculares. Esses riscos aumentam vertiginosamente lá no alto. A falta de apetite
pode causar anorexia.
3000 m
A respiração já fica mais curta, a insônia aparece e podem
surgir dores de cabeça. Por isso, alguns alpinistas têm de fazer aclimatação.
Faz muito frio já: cerca de 0 oC.
Aventuras na História n° 050
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