Em 2 de outubro de 1992, véspera das eleições para prefeito,
aconteceu o maior massacre em uma prisão na história do país. Uma ação que não
seguiu nenhum planejamento prévio e deixou 111 presos mortos. A tragédia virou
livro, filme e teve apenas um culpado condenado, em 2001: o coronel Ubiratan
Guimarães, que se elegeu deputado estadual por São Paulo no ano seguinte e
morreu em 2006.
10h ou 13h30
Antonio Luiz Nascimento, o Barba, e Luiz Tavares de Azevedo,
o Coelho, começaram uma briga no Pavilhão 9. Barba partiu com um soco, ao que
Coelho revidou com uma paulada. Desmaiado, Barba foi levado à enfermaria e a
confusão se generalizou. O horário do início do tumulto é incerto.
14h
O diretor do presídio, José Ismael Pedrosa, ficou sabendo da
confusão. Os presos expulsaram os funcionários do local, alegando que “é briga
de ladrão, funcionário não tem nada que se meter”. Cercados, os carcereiros
bateram em retirada. Não havia refém com os presos.
15h
O Secretário de Segurança Pública, Pedro de Campos, foi
informado dos fatos. O coronel Ubiratan Guimarães, comandante da Polícia
Militar, chegou ao Carandiru. Campos teria dito a ele por telefone: “Se
necessário, o senhor está autorizado a adentrar o pavilhão”.
15h30
O coronel Ubiratan ordenou que a Tropa de Choque
estacionasse do lado de fora do Carandiru. O 1º Batalhão de Choque, assim como
o 2º e o 3º, o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) e o Comando de Operações
Especiais (COE) também se alinharam ao lado do presídio.
16h30
Os presidiários viram imagens da Tropa de Choque pela
televisão. Assustados, eles empilharam colchões, atearam fogo e armaram uma
barricada para se proteger. Depois, jogaram pela janela canos, facas e qualquer
objeto usado como arma que pudesse comprometê-los.
16h30 às 18h
A polícia invadiu o Pavilhão 9 e atirou para dentro das
celas. O coronel Ubiratan desmaiou por causa de uma explosão e foi afastado do
comando.
18h30
Os presos sobreviventes foram removidos para o pátio
interno, onde se via uma multidão de homens nus sentados e rodeados por cães e
policiais. Às 20h, começou a operação de retorno dos prisioneiros às celas,
divididos em grupos de dez – alguns deles carregando corpos de colegas.
21h
Um lençol contendo 13 armas de fogo e várias armas brancas,
como facas e estiletes, foi apresentado ao diretor da Casa de Detenção. O fato
foi contestado no julgamento, já que os presos haviam cortado a luz e estourado
canos d’água, o que praticamente impossibilitava a apreensão de armas àquela
hora da noite.
23h
Os corpos foram entregues ao Instituto Médico Legal. Os
presos, quase todos mortos dentro das celas, haviam sido empilhados no segundo
andar e na sala de esportes às 18h30.
3/10 16h
A uma hora de terminar o horário de votação, o Secretário de
Segurança Pública divulgou a lista dos 111 mortos. Até então, só oito mortes
haviam sido admitidas, “para não comprometer o PMDB”, que concorria à
prefeitura paulistana e era o partido do então governador Luiz Antonio Fleury
Filho segundo entrevista de Ubiratan à revista Veja.
Aventuras na História n° 050
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