Praticamente tudo. Antes das mudanças, a bola era bem menor
e mais pesada, existiam bandeirinhas, cobrava-se lateral com as mãos, o juiz
dava acréscimo ao tempo de jogo e por aí em diante. Tudo era muito parecido com
as regras do futebol de campo, que imperaram desde o início do bate-bola nas
quadras (na década de 30) até 1989, quando a Fifa assumiu a modalidade. Naquele
ano, o futebol de salão, popular na América do Sul, e o futebol cinco,
praticado na Europa, foram fundidos e ganharam o nome de futsal. E a revolução
nas regras começou: a área ficou maior, os bandeirinhas foram banidos, o
goleiro passou a jogar com os pés, liberou-se o gol dentro da área, acabou o
limite de cinco substituições, surgiu o tiro livre após a quinta falta
coletiva... Boa parte dos especialistas, dos fãs e dos craques aprovou o
troca-troca. "O jogo ganhou dinamismo e criatividade, deixando o futsal
mais atrativo. Só não gostei muito da mudança do lateral: acho que a reposição
com as mãos dava mais emoção", afirma o craque brasileiro Manoel Tobias,
considerado o "Pelé das quadras". Hoje, o esporte é um dos que mais
crescem no mundo - em 96, apenas 46 países disputaram as eliminatórias para o
campeonato mundial. Atualmente, a Fifa já tem 130 afiliados. O próximo desafio
é transformar o futsal em esporte olímpico. O passo decisivo pode ser o 8º
Campeonato Mundial, que acontece a partir do dia 21 deste mês em Taiwan. A
competição será transmitida para o mundo todo e promete ser a mais equilibrada
da história. Os brasileiros, pentacampeões, eram praticamente imbatíveis até
2000, quando perderam o título para a Espanha. Além desses dois favoritos,
italianos, argentinos e até ucranianos têm times fortes para sonhar com o
caneco.
Quanta diferença!
Na última década, o jogo se reinventou para conquistar mais
público.
SUBSTITUIÇÃO LIBERADA
Antes das mudanças, cada time só tinha direito a cinco
substituições por jogo assim como no campo, quem saía não
podia mais voltar. A partir de 1995, acabou esse limite e nasceu a
"troca volante": as substituições acontecem com a bola rolando, o
jogador pode entrar quantas vezes o técnico quiser e não precisa mais da
autorização do juiz para começar a jogar.
ORA, BOLAS!
Em 1997, a Fifa deixou a bola do jogo maior e mais leve a circunferência aumentou de 62 para 64 centímetros e o limite de
peso baixou de 500 gramas para 440 gramas. As partidas ficaram mais rápidas e
dinâmicas: surgiram lances de efeito, como chapéus e voleios,
improváveis na era da bola pesada.
ÁREA ALTERADA
Até o início da década de 90, gols dentro da área eram
proibidos. Assim que assumiu o futsal, a Fifa acabou com essa proibição e
aumentou a área - a distância entre as traves e a linha da área passou de 4
para 6 metros. A marca do pênalti, que ficava a 7 metros do gol, foi colocada
na linha da área, 1 metro mais perto.
GOLEIRO-ARTILHEIRO
Antes, o goleiro não podia tocar na bola fora da área nem
lançá-la no campo do adversário a bola tinha que
quicar antes no campo de defesa. Pelas novas regras, ele ganhou o
direito de lançar a bola além do meio da quadra e de jogar com pés, inclusive
fora da área. Com isso, o goleiro virou um curinga, descendo ao ataque e até
fazendo gols.
PANCADARIA REPRIMIDA
Para punir a violência, uma regra antiga que existe até hoje
manda para o chuveiro quem cometer mais que cinco faltas. Depois da quinta
falta coletiva, a cobrança é sem barreira. Em 2000, a Fifa complementou a
regra, determinando que as faltas sem barreira fossem cobradas da marca de tiro
livre, a 10 metros do gol. É quase um pênalti!
REPOSIÇÃO POLÊMICA
Até 1989, laterais e escanteios eram cobrados com as mãos e
geravam muitos gols aéreos as regras antigas
permitiam estufar as redes de cabeça dentro da área. Hoje as saídas de bola são
repostas com os pés, uma mudança que causou polêmica: o adversário pode
ficar a 3 metros do cobrador, dificultando os lançamentos longos.
CARTÕES MUTANTES
No futsal, o cartão amarelo serve como advertência,
igualzinho ao campo. O vermelho também significa expulsão, mas com uma diferença:
depois de dois minutos desfalcada, a equipe pode colocar outro jogador. Durante
alguns anos, também existiu o cartão azul, que eliminava o infrator, mas
permitia que um reserva entrasse no seu lugar imediatamente.
ADEUS AOS BANDEIRINHAS
Desde a década de 30, o futsal herdou do campo os
bandeirinhas. Mas pense bem: como não há impedimento, a função deles era só
marcar a saída de bola. Os cartolas chegaram a essa mesma conclusão e trocaram
o trio de arbitragem por uma dupla de juízes. Cada um apita de um lado da
quadra, mas um deles tem a palavra final nas marcações polêmicas.
Revista Mundo Estranho Edição 33/ 2004
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