Ao todo, o Brasil tem 18 patrimônios da humanidade - a lista
completa você confere nos "cartões-postais" que ilustram estas
páginas. Para ser considerado patrimônio da humanidade, um lugar precisa ter
importância para todos os povos do mundo. Por isso, sua preservação é de
interesse internacional (aliás, essa é a grande sacada do título: ele ajuda o
lugar a ter mais atenção e, claro, mais recursos para a conservação). Existem
dois tipos de patrimônios históricos: o cultural - que engloba, por exemplo,
centros históricos, santuários e ruínas - e o natural - que contempla áreas de
conservação e parques nacionais. Quem decide se uma área vai receber esse
título é a Unesco, a entidade da Organização das Nações Unidas (ONU) que cuida
de educação, ciência e cultura. Para se candidatar, o lugar precisa primeiro
ser indicado por algum órgão nacional. No Brasil, por exemplo, o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) inscreve
as áreas naturais, enquanto o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan) responde pelas culturais. Em seguida, as inscrições passam por
uma pré-seleção da Unesco. Depois, a cada seis meses, os novos patrimônios são
selecionados em uma convenção da entidade, que reúne 700 ONGs e órgãos governamentais
de vários países. São poucos os escolhidos: em todo o mundo, há cerca de 800
patrimônios da humanidade. Mais difícil que conseguir o prêmio é mantê-lo, pois
cada patrimônio precisa de um plano contínuo de preservação. "No Brasil,
quem mais correu o risco de perder o título foi o Parque Nacional do Iguaçu.
Por lá, havia uma estrada que cortava a área verde. Para preservar o título, a
trilha teve de ser fechada", afirma o pesquisador Percival Tirapeli,
membro do conselho da Unesco que escolhe os novos patrimônios da humanidade.
Tesouros nacionais
Entre áreas históricas e culturais, nosso país tem 18 dos
800 patrimônios mundiais.
Centros históricos
É uma das categorias em que o Brasil tem mais patrimônios:
ao todo, são seis centros históricos protegidos. Um dos destaques é o
Pelourinho, em Salvador (BA), que ganhou o título em 1985. Parcialmente
restaurado, ele guarda a arquitetura e arte barroca do século 17, quando a
cidade foi a primeira capital brasileira. Também são patrimônios os centros
históricos de Ouro Preto (MG), premiado em 1980, Olinda (PE-1982), São Luís
(MA-1997), Diamantina (MG-1999) e Goiás (GO-2001).
Áreas de conservação e reservas naturais
Essa categoria engloba ecossistemas extensos com flora e
fauna diversificadas, como o Pantanal (MS e MT), selecionado no ano 2000. Além
da enorme biodiversidade, o complexo conta com fenômenos únicos, como os ciclos
de inundações e secas dos rios que regulam a vida da região. Outros patrimônios
que se encaixam nesse quesito são o cerrado (GO-2001), a Amazônia (AM-2003), a
mata Atlântica na chamada Costa do Descobrimento (BA e ES-1999), a mata
Atlântica do Sudeste (SP e PR-1999), e as ilhas de Fernando de Noronha (PE) e
atol das Rocas (BA), escolhidas em 2001.
Parques nacionais
A trinca que representa o Brasil nesse quesito inclui os
parques nacionais da serra da Capivara (PI), escolhido em 1991, de Jaú
(AM-2000) e do Iguaçu (PR-1986). Este último é um considerado um dos mais
impressionantes do mundo por abrigar as imponentes cataratas do Iguaçu. No
conselho da Unesco que elegeu o parque como patrimônio da humanidade, os
avaliadores destacaram "as particularidades naturais, raras e de singular
beleza, contendo um ecossistema importante junto a rios e quedas-dágua de beleza
excepcional".
Conjunto arquitetônico
Nessa categoria que premia importantes obras de arquitetura,
a única contemplada brasileira é a cidade de Brasília (DF). Localizada bem no
coração do país, a capital federal começou a nascer em 1956, a partir dos
projetos do urbanista Lúcio Costa e do arquiteto Oscar Niemeyer. Em 1987,
Brasília ganhou o título de patrimônio da humanidade por ser um exemplo da
arquitetura moderna, graças à inovação nas formas dos prédios oficiais,
construídos em harmonia com os recursos naturais do local.
Santuários e ruínas
Nesse quesito, o Brasil tem dois patrimônios. O primeiro é o
santuário de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo (MG). Erguido no
século 18 e premiado em 1985, o lugar tem uma das mais belas igrejas do país,
ornamentada por esculturas do artista Aleijadinho. O segundo são as ruínas de
São Miguel (RS), uma antiga missão católica do século 17. Selecionada como
patrimônio em 1984, a área é considerada um marco do trabalho dos jesuítas no
país.
Revista Mundo Estranho Edição 32/ 2004
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