Características da
Constelação do Touro, que contém dois belos aglomerados estelares visíveis a
olho nu; ainda, eventos astronômicos do mês.
A constelação de Touro, que agora se aproxima do zênite, se
destaca de todas as outras por vários motivos. Primeiro, porque contém dois
belos aglomerados estelares visíveis a olha nu, as Híades e as Plêiades. As
Híades são um agrupamento de 140 estrelas localizadas na região do Touro mais
próxima do horizonte. É possível identificá-las pela disposição triangular de
três de seus astros mais brilhantes. O mais importante é a estrela Aldebarã,
classificada na categoria das gigantes vermelhas. Situada a 64 anos-luz (cerca
de 640 trilhões de quilômetros), ela é 36 vezes maior que o Sol e é vermelha
porque tem a superfície relativamente fria, com uma temperatura de 3 000 graus
Celsius, contra os 5 000 graus do Sol.No triângulo das Híades, Aldebarã forma o vértice da direita (para quem se volta para o norte). O vértice da esquerda é formado pela estrela Épsilon do Touro e o vértice sul (mais próximo do horizonte), pela Gama do Touro. Uma vez localizadas as Híades, é fácil procurar, um pouco ao norte, à direita, as sete estrelas que compõem as Plêiades, batizadas de Alcione, Maia, Mérope, Electra, Taigeta, Astérope e Celoeno. Esses nomes foram tirados da mitologia grega e representam as sete filhas do semideus Altas (nesta lista, as primeiras são as mais brilhantes). Projetadas na abóbada celeste, as Plêiades situam-se bem ao lado da Híades, mas estão muito mais distantes: cerca de 350 anos-luz, ou 3 500 trilhões de quilômetros. Na verdade, fazem parte de uma grande massa de gases, poeira e centenas de estrelas, cientificamente designada Messier 45 e descoberta em 1874. Desde então, esse objeto tornou-se um dos mais bonitos e talvez o mais conhecido do céu. Tanto que Touro é a mais antiga constelação assinalada pelos antigos e deu origem ao estudo do zodíaco em todo mundo.
A primeira descrição desse conjunto de estrelas foi feita pelos babilônios, há 4 000 anos, época em que o aparecimento das Plêiades no horizonte pela manhã, coincidia com a chegada da primavera. Em vista disso, os babilônios aprenderam a usar esse fato para assinalar o início do ano. Os índios brasileiros conhecem as estrelas pelo nome de Enxame de Abelhas. As Híades, por outro lado, eram associadas a estação das chuvas – daí a origem do seu nome, que significa chover.
Embora facilmente visíveis, os dois aglomerados ficam bem mais bonitos quando observados por meio de um binóculo, que não precisa ser muito potente. Outro objeto espetacular existente na constelação do Touro é a nebulosa do caranguejo. Trata-se de um verdadeiro recém-nascido, em termos astronômicos: com a forma de uma grande mancha avermelhada, a nebulosa é formada pelos restos mortais de uma antiga estrela, cuja explosão foi registrada pelos chineses no ano de 1054. Infelizmente, não é fácil vê-la, pois está muito distante a mais de 900 anos-luz da Terra (ou 9 quatrilhões de quilômetros). É importante lembrar que as constelações são simples figuras no céu. As estrelas que englobam nem sempre estão realmente perto umas das outras: só parecem próximas porque, a olho nu, não se pode ter idéia da distância que as separa da Terra. Já os aglomerados são objetos reais, isto é, existe proximidade de fato entre suas estrelas, que estão ligadas entre si por atração gravitacional.
Revista Super Interessante n° 039
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