Na maioria dos jogos é normal que cada jogador mova suas
próprias peças, cabendo aos adversários fazer o mesmo com a deles. Imagine,
porém, uma situação em que todos possam mover todas as peças e, mais do que
isso, uns não saibam quais são as peças dos outros. O resultado,
surpreendentemente, não é caótico. Esse é o ambiente em que se desenvolve Top Secret,
um jogo disponível no mercado brasileiro, que mereceu em 1986 o título de Jogo
do Ano, segundo a crítica especializada alemã. Antes do início da partida, cada
participante sorteia em segredo uma carta com a ilustração de uma das peças do
jogo.
Essa será a sua peça, mas só ele saberá disso. Em seguida,
todas as peças, que têm ilustrações caricatas sobre o tabuleiro, que representa
uma pequena cidade. Nela, cada casa tem um valor, mesmo que a que mostra ruínas
de um castelo, que têm valor negativo. Na casa de valor 7 é colocada mais uma
peça: um cofre, presumivelmente repleto de informações sigilosas. O jogo é uma
ciranda permanente desses elementos, girando em sentido horário pelas casas do
tabuleiro. Na sua vez, o jogador lança um dado comum e distribui livremente os
pontos obtidos entre as diversas peças.Sempre que qualquer agente cai na casa onde se encontra o cofre, cada peça ganha tantos pontos quanto for o valor da casa que estiver ocupando nesse momento. Esses pontos são anotados numa escala ao redor do tabuleiro, com o auxílio de marcadores que têm as cores os agentes secretos. Por meio dessa engenhosa mecânica, é possível saber a todo instante qual a peça que está ganhando o jogo, mas não a qual jogador ela pertence se é que ela pertence a alguém, já que alguns agentes entram em cena apenas para despistar. As identidades são reveladas só no final, quando aquele que tiver mais pontos será o vencedor. Top Secret exige blefe e dissimulação, porque é preciso fazer os oponentes acreditarem que você é aquele que parece ser, ocultando com frieza sua verdadeira identidade. Para um jogo de agentes secretos, uma habilidade condizente, não é mesmo?
Revista Super Interessante n° 039
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