Demétrio Magnoli
O venezuelano Simón Bolívar (1783-1830) comandou os exércitos hispano-americanos que derrotaram a Espanha e conquistaram a independência da Grã-Colômbia (atualmente, Colômbia, Venezuela e Equador). Ao lado do argentino San Martín, as forças de Bolívar derrotaram os espanhóis também no Peru e na Bolívia.
O “Libertador”, como Bolívar ficou conhecido, sonhava estabelecer a unidade da América Hispânica.
Na Carta da Jamaica, escrita em 1815, em meio à guerra, ele preconizou uma imensa confederação, do México à Argentina, estruturada em três federações. Como se sabe, o sonho bolivariano ruiu esfacelado pelos interesses das oligarquias criollas regionais, que fragmentaram a América Hispânica nos atuais Estados nacionais.
Hugo Chávez busca legitimar o seu regime através do apelo a Bolívar. Na versão chavista, a tradição bolivariana é traduzida como nacionalismo populista e anti-americano. O regime de Chávez sustenta-se, agora precariamente, sobre o alicerce de uma aliança da oficialidade militar média com os “descamisados” das periferias urbanas.
O nacionalismo chavista choca-se contra a hegemonia dos Estados Unidos no “Hemisfério Americano”.
Depois do golpe frustrado, Chávez enfrenta o desafio de consolidar o seu regime. Um caminho é radicalizar a “revolução bolivariana”. O outro, firmar um compromisso com os Estados Unidos e com a cúpula militar venezuelana, golpeando a oficialidade média e os “descamisados”.
Boletim Mundo Ano 10 n°3
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