Demétrio Magnoli
A Rio + 10 assinalou a terceira etapa argumentativa da diplomacia ambiental. Nessa etapa, o tema da pobreza foi apropriado pelos países ricos os Estados Unidos à frente para desviar o foco das questões ambientais.
A trajetória começou há trinta anos, na Conferência sobre o Meio Ambiente promovida pela ONU em Estocolmo (Suécia). Naquela ocasião, a pobreza estava ausente do debate. O encontro, dominado pelos países ricos, concentrou-se nas teses do Clube de Roma, um grupo internacional de cientistas, administradores públicos e políticos que preconizava a necessidade de deter o crescimento demográfico para proteger o estoque de recursos naturais do planeta. Nascia o eco-malthusianismo.
A segunda etapa foi a Eco-92, no Rio de Janeiro. Significativamente, o encontro da ONU adotou a denominação de Conferência sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. Os países subdesenvolvidos conseguiram estabelecer relações significativas entre os temas ambientais e a pobreza, pressionando os países ricos a aceitarem responsabilidades especiais na defesa do ambiente e dos recursos naturais. O financiamento do desenvolvimento sustentável constituía uma dessas responsabilidades.
A terceira etapa, em Johanesburgo, foi uma decepção para os países subdesenvolvidos. Os Estados Unidos, apoiados pelo Japão, bloquearam todas as propostas ambientais concretas, substituindo-as por compromissos puramente retóricos com a ajuda a projetos de saneamento básico e combate a epidemias nos países mais pobres do mundo.
Jogo de cena sem resultado prático, a não ser o de promover a paralisia da diplomacia ambiental.
Boletim Mundo Ano 10 n° 6
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