por Leandro Narloch
Captar a energia do vento é a última moda no Brasil para aliviar a pressão sobre as usinas hidrelétricas, mas sua técnica, difundida em barcos a vela, é tão antiga quanto a tração animal. E já foi muito mais presente na forma de equipamentos que hoje só servem de enfeite: os moinhos de vento. Apesar de existirem manuscritos gregos dando pistas de aparatos eólicos, os moinhos nasceram na Pérsia, em 650 a.C. Na Europa, surgiram no século 12, transformando ventanias em força para moer grãos, sal e açúcar.
Em menos de dois séculos, os moinhos europeus ganharam materiais mais leves, torres com vários andares e a parte superior móvel, o que superou a grande desvantagem das pás não ficarem sempre de frente para o vento. No começo do século 15, o moinho passou a ser usado também a serrar madeira, rasgar folhas de tabaco e até esmigalhar pedras.
Mas em nenhum lugar do mundo essa máquina teve uma função tão ousada quanto na Holanda. Em vez de esmagar grãos, o moinho holandês retirava a água de terrenos alagadiços para cima dos diques e mar afora. Com eles, o país conseguiu roubar do Oceano Atlântico cerca de um terço do seu território, como afirma um ditado holandês: “Deus criou o mundo com exceção da Holanda, que foi criada pelos próprios holandeses”. E pelos moinhos de vento.
ASAS NA TERRA
Com revestimentos de tecido, ripas ajustáveis e contornos aerodinâmicos, as pás dos moinhos basearam o desenho das asas dos aviões
MÁQUINA-PRéDIO
A parte fixa de alguns modelos chegava a ter seis andares, que abrigavam o maquinário e serviam de armazém
ÁGUA MORRO ACIMA
Ao contrário das máquinas movidas pelos rios, o moinho holandês servia para fazer a água circular
CONTRA O VENTO
Móvel, a parte superior do moinho permitia que o conjunto de pás ficasse sempre cara a cara com a ventania
FORÇA DE FUSCA
Com até 25 metros de diâmetro das asas, os moinhos tinham uma potência entre 25 a 30 mil watts (quase a mesma força de um Fusca)
MAR À VISTA
A água dos pântanos dos Países Baixos era levada mar afora por um conjunto de três ou quatro moinhos.
Aventuras na História Edição 006 Fevereiro de 2004
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