sexta-feira, 25 de março de 2011

Petra, a cidade de pedra

Por  Tania Menai
Descoberta em 1812 pelo explorador suíço Johann Ludwig Burchardt, Petra, no sul da Jordânia, ficou famosa como cenário das aventuras do super arqueólogo interpretado pelo ator Harrison Ford no filme  Indiana Jones e a Última Cruzada, de 1989. Hoje, as ruínas da cidade são um dos sítios arqueológicos mais visitados do mundo. Porém, a vida e os hábitos de seus habitantes só agora começam a ser revelados. Novas pesquisas mostram que Petra era maior, mais rica e abrigava muito mais gente do que se pensava.
Toda esculpida em rochas e penhascos, Petra esteve por muito tempo escondida atrás do Siq, um enorme labirinto de gargantas e estreitos rochosos. “É uma fortaleza natural escolhida pelos nabateus, um povo de nômades árabes que chegaram na região por volta do século 3 a.C. Foram eles que construíram Petra”, afirma Glenn Markoe, historiador da Universidade de Cincinatti, nos Estados Unidos, e um dos curadores da exposição Petra: A Cidade Perdida de Pedra, no Museu de História de Nova York. “A maioria das construções foi feita a partir do século 2 a.C e demorou cerca de 200 anos.”
Segundo Markoe, os nabateus dominaram o comércio de seda e especiarias pela Península Árabe até o século 1. Com caravanas e camelos indo e vindo do Egito, da Índia, da Síria, da Arábia e de outras regiões, Petra transformou-se numa cidade internacional e, conseqüentemente, absorveu um pouco de cada cultura que passava por lá. “O idioma dominante era o aramaico, mas, em 2002, foram descobertos documentos escritos em grego e até em latim”, diz ele. Eles ainda criaram suas próprias moedas.
Por volta do ano 50, a cidade teria atingido seu pico populacional, com 20 mil habitantes. “Esse número foi estimado com base em documentos e nas construções extremamente sofisticadas. Foram encontrados diversos templos – alguns deles com a altura de edifícios de 17 andares –, cerca de 3 mil sepulturas, casas e espaços comunitários”, afirma Markoe. Mesmo assim, ainda havia dúvidas sobre a quantidade de gente que poderia morar ali: o principal fator limitante era a água, já que as fontes mais próximas estão a quilômetros de distância. “Sabíamos que eles eram mestres em reter a água da chuva, mas, em 2002, foi encontrado um reservatório do tamanho de uma piscina olímpica bem no centro de Petra”, diz Markoe. “Estimamos que o sistema de aqueduto possa ter carregado 40 milhões de litros de água potável por dia.”
No entanto, apesar das novas pesquisas, alguns mistérios sobre a cidade permanecem. O maior deles é o motivo de sua desocupação. Uma grande seca poderia ter colocado o abastecimento de água em colapso. Outra hipótese é que Petra, que fica sob uma região de atividade sísmica, tenha sido simplesmente abandonada. “Sabe-se que, em 9 de maio de 356, um grande terremoto destruiu metade da cidade”, afirma Markoe. “Petra pode nunca mais ter se recuperado, e o restante da população teria deixado a região temendo novos abalos.”
Petra em Nova York
A maioria dos mais de 200 objetos da exposição (que vai até 6 de julho de 2004) é de bustos como estes. Sagrados, eles foram achados por toda a cidade
A estátua que segura um disco celestial representa Nike, deusa da Vitória, que inspirou o nome da marca de tênis
O portal esculpido em arenito decorava a entrada de uma residência particular em Petra .
Aventuras na História Edição 006 Fevereiro de 2004

Nenhum comentário:

Postar um comentário