por Rodrigo Vergara
Por que a Inglaterra, uma nação isolada em uma ilha pouco promissora, é tão mais rica que o Brasil, uma potência natural com uma população muito maior? É a perguntas ambiciosas como essa que David S. Landes, professor emérito de história na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, se dedica a responder em A Riqueza e a Pobreza das Nações, da Editora Campus. Trata-se de uma pretensão e tanto, porque Landes não apenas dá sua versão sobre a saúde econômica dos países ricos como também quer explicar a penúria dos mais pobres. Tudo isso em um único livro.
E são explicações polêmicas. Ou ultrajantes, para quem entende o mundo como uma divisão entre exploradores e explorados. Landes prefere outras justificativas, a começar daquelas fornecidas pelo acaso, como o clima. O calor abrasador do Mediterrâneo, diz ele, é menos propício ao trabalho duro do que o clima ameno do norte da Europa, o que explica em parte o sucesso da Inglaterra em relação a Portugal e Espanha.
A religião é outra pedra de toque em sua argumentação. Para Landes, o calvinismo e a lógica protestante (que valorizam o trabalho e a honestidade) explicam a maior parte do sucesso econômico da Inglaterra e da Holanda. Segundo ele, foi esse modo de pensar que permitiu a ingleses e holandeses se apropriar da maior parte das fortunas que espanhóis e portugueses amealharam nas novas terras conquistadas na América, na África e na Ásia.
Mas em sua defesa do liberalismo e condenação do catolicismo, Landes também comete seus pecados. O imperialismo britânico na Índia, por exemplo, é tomado como se fosse uma fatalidade, e não uma escolha da Coroa. Por fim, sobram críticas à tradução, que tornou alguns trechos simplesmente ininteligíveis.
Aventuras na História Edição 006 Fevereiro 2004
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