por Julia Moioli
Os moradores de Pompéia provavelmente são as vítimas mais famosas do Vesúvio, mas certamente não foram as mais antigas. A 30 quilômetros da cidade, na região de Nola, uma equipe de arqueólogos liderados pelo italiano Nicola Castaldo encontrou aquelas que podem ser as primeiras vítimas do furioso vulcão: os ausônios, que habitavam uma pequena aldeia às margens da baía de Nápoles, no sul da Itália, há cerca de 3 800 anos. Para se ter uma idéia do valor da descoberta, até o sítio arqueológico de Nola ser encontrado, existiam poucos vestígios dos povos que viveram na Itália nesse período. A primeira civilização importante, a dos etruscos, só surgiria 1000 anos depois.
Encontrado no ano passado sob 6 metros de cinzas, o sítio de Nola começa a revelar, agora, como viviam os italianos na Idade do Bronze. Nada sobrou da madeira e da palha com que eram feitas as habitações, mas o lodo e as cinzas do vulcão produziram moldes que preservaram a forma original das construções. Com cerca de 1000 metros quadrados, a aldeia era composta por três grandes cabanas em forma de ferradura, uma área externa utilizada como cozinha e um cemitério. Ao que tudo indica, os ausônios eram um povo pacífico. Entre suas principais atividades estavam o cultivo de cereais e frutas, a criação de cabras e a produção e decoração de cerâmicas. No interior das casas havia divisórias de quartos ou salas e cercas separavam uma casa da outra.
No entanto, a paz dessa pequena comunidade que não conhecia a escrita e vivia num bando de pouco mais que 200 pessoas foi abalada por uma terrível erupção que teria durado cerca de 12 horas. Em uma das casas, a cena “congelada” sugere que a população foi interrompida na hora da refeição. Havia, inclusive, uma tigela de cerâmica em um forno de barro. Foram encontrados ainda utensílios feitos de ossos e pedras, ossos de animais e até uma gaiola vazia. Talvez o pássaro que morava ali tenha conseguido escapar do terrível destino reservado ao seu dono.
Aventuras na História Edição 005 Janeiro de 2004
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