Zbigniew Brzezinski foi assessor de Segurança Nacional no governo de Jimmy Carter (1977-80) e é um dos maiores especialistas em problemas da Rússia nos Estados Unidos. Recentemente, Zbig, como é conhecido, publicou na conceituada revista Foreign Affairs um ensaio sobre a Eurásia no equilíbrio mundial de poder. As idéias que ele contém, a respeito do futuro da Rússia, expressam mais que um ponto de vista pessoal refletem expectativas e revelam orientações estratégicas de parte ponderável da elite política americana.
O ensaio é acompanhado por um mapa que sintetiza tais expectativas. Nele, uma “Rússia confederal” aparece espremida entre uma “Europa Atlântica”, a ocidente, estrategicamente vinculada aos Estados Unidos e alargada pela inclusão de Estados do antigo bloco soviético, e uma “Grande China”, a oriente, cuja influência se difunde pelo leste e sudeste asiáticos . A confederação russa de Brzezinski seria constituída por três entidades geopolíticas frouxamente associadas: uma Rússia européia, limitada a leste pelo rio Ob, uma República Siberiana, entre o Ob e o rio Lena, e uma República do Extremo Oriente, entre o Lena e o Oceano Pacífico.
No cenário previsto (ou desejado?), a prioridade da Rússia seria a sua modernização econômica, abandonando-se qualquer pretensão ao estatuto de grande potência. Essa Rússia “descentralizada” estaria mais apta para desenvolver suas “vocações econômicas” (entenda-se: a exportação de recursos naturais como petróleo, diamante, ouro, minerais em geral, madeiras). Ao mesmo tempo, estaria menos disposta a aventuras imperiais.
Atrás do ensaio, é possível divisar a orientação proposta pelo autor. De acordo com ela, o Ocidente deveria consolidar uma parceria estratégica com a China e, ao mesmo tempo, favorecer as forças centrífugas que agem no interior da CEI e da Rússia atual. Especificamente, caberia favorecer qualquer alternativa viável ao nacionalismo grão-russo e incrementar acordos de financiamento e cooperação econômica com as repúblicas periféricas da CEI e as autoridades regionais da Federação Russa. É um programa e tanto.
Boletim Mundo Ano 7 n° 6
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