Em 1971, doze canadenses tentaram impedir um teste nuclear americano na costa do Alasca, rumando ao local a bordo de um pequeno barco. Nascia o Greenpeace e sua estratégia de “ação direta’’. Hoje, o Greenpeace incorpora outras formas de luta -pesquisa científica, propostas nas áreas de legislação e tecnologia, lobby político-, mas não abandona a essência: ousadia e confrontação pacífica.
Quando uma equipe do Greenpeace embarca para uma missão como o protesto contra os testes em Moruroa-, a expectativa é dissuadir o “ inimigo’’ através da presença física no local. O Greenpeace se torna uma espécie de “olho do mundo’’ face ao absurdo que se quer evitar. Mas, o caráter pacifista da missão não elimina o que cada ativista sabe, intimamente, que está em risco: a sua própria vida.
Em julho, o mundo ouviu, através da rádio BBC, os gritos de desespero de uma manifestante do Greenpeace a bordo do Rainbow Warrior. O navio invadira a zona de exclusão do atol de Moruroa e estava sendo abordado violentamente pela Marinha francesa. A operação militar incluiu o lançamento de bombas de gás lacrimogêneo numa situação em que não se tem para onde escapar.
Ninguém se feriu com gravidade.
Mas o fato aumentou a indignação mundial contra a arrogância da política nuclear francesa. Aquela ativista, Stephanie Mills, provavelmente teve muitos pesadelos nas noites seguintes.
Mas, o pesadelo maior é a ameaça que os testes nucleares representam para a paz. E quando o Rainbow Warrior levantou âncora para a sua nova viagem a Moruroa, não havia dúvidas: Stephanie estava a bordo.
Boletim Mundo Ano 3 n° 5
Nenhum comentário:
Postar um comentário