No começo de maio, o Exército da Croácia tomou uma área que estava sob o domínio sérvio desde 1991. Era a Eslavônia Ocidental, parte da proclamada e não reconhecida república Sérvia de Krajina. Segundo o governo croata, o objetivo da ação era restaurar o tráfego de uma estrada que estava sob controle sérvio e que impedia a ligação de certos territórios da Croácia com sua capital, Zagreb. Na verdade, o que se pretendia era a retomada de certos territórios croatas que estavam nas mãos da minoria sérvia que habita o país.
As raízes do problema estão na desintegração da Iugoslávia a partir do início dos anos 90. Na metade de 91, a Croácia proclamou sua independência da Iugoslávia, fato que não foi aceito nem pelo governo central nem pela minoria sérvia daquela república (cerca de 12% da população), concentrada junto às fronteiras da Croácia com a Bósnia e com a Sérvia. Essa minoria proclamou sua separação da Croácia, criando a república Sérvia de Krajina.
Como resposta à tomada da região da Eslavônia Ocidental pelos croatas, os sérvios lançaram mísseis sobre várias cidades da Croácia, incluindo a capital Zagreb.
O líder das milícias sérvias da Bósnia, Radovan Karadzic, mostrou-se disposto a ‘‘defender os sérvios da Croácia’’, já que ‘‘formam um só povo’’. Os sérvios da Bósnia correspondem a 32% da população. Desde 1992, quando eclodiu o conflito nessa república, conquistaram o controle de cada vez mais territórios, deles expulsando populações muçulmanas e croatas. Esse expediente, conhecido como “limpeza étnica” e proporcionou aos sérvios o controle de aproximadamente 70% da Bósnia. Os sérvios da Bósnia são o maior obstáculo à implementação de um plano de paz da ONU, o qual preconiza a criação de dois Estados: uma federação muçulmano-croata, com 51% do território, e um sérvio com 49%.
O conflito que eclodiu na Croácia com a tomada da Eslavônia Ocidental reacende o conflito na Bósnia. Recomeçaram os bombardeios sobre várias cidades da região, incluindo a capital Sarajevo. O reinicio dos combates é o resultado da combinação de vários fatores: o fim do inverno, o aumento dos estoques de armas dos grupos em luta e o quase total imobilismo da comunidade internacional. Praticamente sem apoio, as Forças de Paz da ONU, presentes na região desde 1992, são alvo de represálias dos Exércitos em luta. Por conta disso, fala-se insistentemente de sua retirada da região. Tal fato poderia levar a uma generalização ainda maior do conflito.
Revista Mundo Ano 3 n° 3
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