Em outubro, o “MV Greenpeace” percorrerá o rio Amazonas para denunciar o impacto nefasto na busca predatória do “ouro verde”.
JOSÉ AUGUSTO PAIVA
A passagem do barco “MV Greenpeace” pelo rio Amazonas – em uma viagem de um mês que terá início no dia 8 de outubro – representará um novo impulso na luta da entidade para enfrentar o problema do corte predatório de madeiras na Amazônia, que vem causando profundos estragos na floresta .
A Greenpeace participou, em 1992, da Coalizão contra o Corte Predatório de Madeiras na Amazônia, que reúne 80 entidades e vem conduzindo a campanha contra o corte do mogno basicamente em quarto frentes:
1) Documentação dos estragos causados pelas madeireiras. Nesse sentido a Greenpeace realizou o vídeo “Mogno: Estradas da Devastação”;
2) Conscientizar o consumidor para que não compre a madeira enquanto ela estiver sendo produzida de forma predatória. Isso tem sido feito tanto no exterior (dado que Inglaterra e EUA consomem cerca de 80% do mogno produzido na Amazônia), quanto no Brasil. Em outubro de 1993, a Greenpeace invadiu o Shopping Lar Center em São Paulo para alertar os consumidores sobre o problema;
3) Ações na justiça. A Greenpeace apoiou o Núcleo dos Direitos Indígenas, de Brasília, em ações judiciais que resultaram na expulsão de madeireiras de várias áreas indígenas;
4) Pressão direta sobre as madeireiras. Entre as ações neste campo, ativistas da Greenpeace ocuparam pacificamente a Madeireira Maginco, em Rio Maria (PA), paralisando sua serraria.
Outro objetivo da campanha é apoiar a inclusão do mogno no Apêndice II do Cites (a convenção internacional sobre o comércio das espécies ameaçadas de extinção). A próxima reunião dessa convenção acontecerá em novembro, e vários países estão se dispondo a votar a favor desta inclusão. O Apêndice II não proíbe o comércio das espécies, mas estabelece controles mais rígidos sobre a forma de sua produção. Se refere a espécies que não estejam necessariamente em extinção, mas que possam se extinguir no futuro, caso sua produção não seja controlada.
Quando a espécie se encontra claramente em vias de extinção, recomenda-se a sua introdução no Apêndice I que proíbe o seu comércio.
O governo brasileiro vem se posicionando contra a inclusão do mogno no Cites, atendendo à pressões das madeireiras. É tempo ainda de lutar para que essa posição seja mudada, e a presença do barco “MV Greenpeace” na Amazônia certamente contribuirá para expor à opinião pública a importância desta medida. Do contrário, o mogno será extinto comercialmente, assim como o foram o Pau Brasil e o Jacarandá, e mais uma vez uma riqueza natural do Brasil será explorada até sua exaustão, apenas para enriquecimento de pequenos grupos .
José Augusto Paiva coordena a Campanha de Florestas Tropicais da Greenpeace na América Latina.
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