de climas desérticos. Em áreas com essas características climáticas, a água é um elemento vital. Curiosamente, porém, o conflito árabe-israelense e a questão palestina são quase sempre discutidas sob o prisma da política e da economia, mas, pouco se fala sobre a importância estratégica da água para Israel e seus vizinhos árabes. A crescente utilização das águas do rio Jordão e de seus afluentes, por exemplo, é fonte permanente de tensão entre os países ribeirinhos.
Para Israel, a água é um problema de segurança nacional. Esse dado, por si só, constitui um dos maiores obstáculos ao cumprimento do plano de paz assinado em setembro de 1993 por Israel e pela Organização para a Libertação da Palestina. Israel não quer ceder aos palestinos o controle de certos territórios que foram ocupados em 1967 (como a Cisjordânia e as colinas de Golã), pois são considerados indispensáveis para a conservação dos recursos hídricos.
A questão da água tem também uma dimensão ideológico-religiosa para os judeus, além de sua aplicação prática na economia. A idéia do deserto que floresce remonta aos primeiros sionistas que chegaram à Palestina no final do século XIX.
Israel provavelmente se defrontará com escassez de água. São necessários volumes crescentes para garantir a irrigação no deserto de Neguev, da expansão urbana e de sua política de assentamentos de colonos de origem judaica, especialmente na Cisjordânia. O grande problema é que não há novos recursos hídricos disponíveis. As formas até agora existentes de obtenção de água potável por meio industrial, como a reciclagem e a dessalinização da água do mar são muito caras. Além disso, fornecem quantidades insuficientes.
A ocupação de territórios de países vizinhos por Israel durante a Guerra dos Seis Dias (1967) deu ao país o acesso à novas fontes hídricas. Foi assim, com grande parte do vale do rio Jordão, parcela importante do rio Yarmuk, além de pequenos rios da Cisjordânia.
Há muito tempo, Israel também vem utilizando águas subterrâneas em quantidades cada vez maiores. Essa prática cria uma situação de desequilíbrio entre o território original do país e as áreas ocupadas, e, também no interior destas, entre palestinos e colonos judeus, estes últimos sempre favorecidos pelo governo. Só uma política de melhor repartição de recursos hídricos e restrição do consumo podem evitar maiores tensões.
Se essas medidas não forem tomadas, a Cisjordânia e a bacia do Jordão sofrerão ameaças de esgotamento. Isso seria trágico especialmente para a Jordânia que, segundo pesquisas se transformaria inteiramente num deserto. A ruína do país, com certeza desestabilizaria toda a região. No recente acordo entre Israel e Jordânia (outubro de 94), os israelenses se comprometeram a desviar 50 milhões de metros cúbicos de água por ano para os jordanianos.
A equação água-demografia, se colocará de maneira angustiante nas próximas décadas. Mas, se guerras pela água eclodirem na região, elas terão sido causadas por decisão política, e não por fatalidade.
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