Em dezembro de 1994, tropas russas invadiram a Chechênia, república autônoma que pertence à Federação Russa. Com pouco mais de 1 milhão de habitantes, localiza-se na porção setentrional do Cáucaso, entre os mares Negro e Cáspio. A crise teve origem em 1991,quando os chechenos, aproveitando-se da desintegração da URSS, proclamaram unilateralmente sua independência da Rússia. Até o fim de 1994, Moscou fizera “vistas grossas” ao fato.
O objetivo principal dos russos era tomar a capital Grozni, centro da resistência dos chechenos. Mas eles cometeram uma série de erros militares.
A tática para tomar Grozni consistia, primeiramente, em bombardear a cidade com a aviação e artilharia pesada, e depois enviar blindados. Só que estes não foram apoiados por tropas de infantaria. Foram, por isso, imobilizados em pequenas ruas cheias de escombros, e se tornaram presas fáceis dos chechenos. Grozni só seria tomada depois de meses de bombardeios, que, praticamente, a reduziram a escombros.
Esse exemplo comprova que exércitos regulares, normalmente, não estão preparados para combater em áreas urbanas. Diferentemente do que ocorre em campo aberto, os exércitos, nas cidades, têm que usar as vias de circulação existentes; quando construções e prédios precisam ser desimpedidos, as tropas são obrigadas a se dividir. Os civis representam um obstáculo e um perigo a mais, especialmente se armados. Mas, as áreas urbanas não podem ser ignoradas. São centros políticos e econômicos vitais, ainda mais com o avanço da urbanização, no último século. Possuem inúmeros alvos estratégicos, como fábricas, estradas, pontes etc.
Nos combates urbanos, muitas vezes a luta se verifica rua a rua, casa a casa. Os defensores têm uma série de vantagens, advindas do melhor conhecimento do espaço. Podem for fortificar certos edifícios, bloquear ruas, colocar atiradores em lugares estratégicos e até retirar as placas de localização, causando enorme confusão para os invasores. Os atacantes, quase sempre, têm que tomar prédio por prédio, sofrendo grandes baixas.
Muitos exércitos passaram por este tipo de envolvimento, como os americanos no Vietnã, os britânicos na Irlanda do Norte, os israelenses no Líbano. Paradoxalmente, os russos que tiveram enormes sacrifícios em tomar Grozni, foram protagonistas, em 1942/43, de uma encarniçada batalha contra os nazistas, na antiga cidade de Stalingrado, hoje Volgogrado. Para muitos historiadores, ao derrotar os alemães em Stalingrado, os russos mudaram os destinos da Segunda Guerra.
Nelson Bacic Olic
Boletim Mundo Ano 3 n° 4
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